A volta da Gradiente em um mundo ainda mais complexo

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

A Gradiente, empresa que marcou época nos anos oitenta, decidiu retornar ao mercado em decorrência de pesquisa realizada. Os resultados demonstraram a admiração e lembrança dos consumidores com a marca, uma vez que muitos não sabiam de sua saída das prateleiras, ocorrida há seis anos.

Os produtos de áudio e vídeo, três-em-um e televisores de tubo, eram considerados inovadores e de qualidade. Ainda me lembro do “Meu Primeiro Gradiente”, toca-fitas colorido, sucesso entre crianças que se divertiam entoando canções do Trem da Alegria.

O relançamento se dará primeiramente através das vendas via e-commerce, sendo o varejo o próximo passo. O público infantil será um dos focos da empresa, tentando resgatar o apelo emocional dos antigos usuários da marca, hoje responsáveis pais de família. Caso semelhante ocorreu com a fabricante de brinquedos Estrela, cujos produtos marcaram gerações. A empresa de Guarulhos foi duramente afetada com a entrada dos chineses e marcas globais, reduzindo em quase dez vezes o número de funcionários.

Para voltar a crescer também aposta na emoção, relançando verdadeiros desejos de consumo do passado como Autorama e Ferrorama. Apesar do saudosismo, resta saber se às crianças hiperativas de hoje, acostumadas a realidades virtuais em 3D e contatos online em redes sociais, se renderão aos momentos lúdicos promovidos pelos brinquedos de antigamente.

Apesar das oportunidades existentes pela lembrança das marcas, o mundo é bastante diferente do encontrado há algumas décadas, exigindo maior musculatura, recursos e competências. Vejamos.

Concorrência: empresas em sua maioria nacionais e familiares dominavam a cena. Caloi, Monark, Trol do ex-ministro Dilson Funaro, Xalingo e Bandeirante, com seus jipes vermelhos e triciclos de ferro foram substituídas por concorrentes globais como Sony, Microsoft e Nintendo, as quais investem bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de seus novos consoles e jogos. Saudades do Atari e dos inocentes Pac Man e Donkey Kong.

Inovação: a curva de ciclo de vida; introdução, crescimento, maturidade e declínio; está cada vez mais rápida, com novidades lançadas a todo o momento. Para não perder mercado, empresas canibalizam os próprios produtos, disparando novidades antes da concorrência. A Apple é um exemplo desta nova tendência. Seus lançamentos mundiais literalmente sacodem o mercado, deixando críticos e consumidores ansiosos pelas novidades.

Opções: em épocas de reserva de mercado e restrições a importações, a variedade era relativamente restrita, o que fazia com que os consumidores tivessem que se contentar com produtos muitas vezes obsoletos e com baixa tecnologia embarcada. A internet, a globalização e as viagens internacionais cada vez mais acessíveis têm trazido opções praticamente infinitas a clientes cada vez menos fiéis, com raras exceções.

Produção: considerados os grandes ativos das empresas no passado, os parques fabris são hoje terceirizados em sua grande maioria, cuja localização pouco importa aos usuários finais. Para ter escala e preços competitivos as corporações buscam mão-de-obra em qualquer ponto, esteja ele no país ou no sudeste asiático. Em contrapartida, investimentos em tecnologia, inovação e construção de marca.

Enfim, o ambiente de negócios será bastante diferente do encontrado há algumas décadas, quando estas empresas dominavam grandes fatias de seus mercados com produtos e marcas que conquistaram gerações. Dar a volta por cima será uma tarefa hercúlea, mesmo com a admiração de seus antigos consumidores.

Grandes volumes de recursos serão necessários para reerguê-las, num cenário em que a concorrência se mostra cada vez mais feroz. O mercado já está grande demais para estas marcas as quais acredito, não passarão de gostosas memórias acessadas via YouTube quando a saudade bater. [Webinsider]

…………………………

Leia também:
Sete razões para a parceria Nokia e Microsoft
A importância dos rituais para tornar marcas memoráveis

…………………………

Acompanhe o Webinsider no Twitter e no Facebook.

Assine nossa newsletter e não perca nenhum conteúdo.

Avatar de Marcos Morita

Marcos Morita (@marcosmorita) é professor da Universidade Mackenzie, especialista em estratégias empresariais, palestrante e consultor de negócios. Site: marcosmorita.com.br.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Uma resposta

  1. Humf! Gostaria de saber como eles vão desfazer de vez a imagem horrível que eles deixaram, quando não honraram o compromisso de suporte técnico e garantia dos produtos vendidos. Não boto fé nenhuma na empresa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *