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NarcisoDiz a lenda que Narciso era um jovem muito belo, mas que não se sentia atraído por ninguém. Um dia ao debruçar-se sobre o lago apaixonou-se pela própria imagem. Não conseguiu mais parar de olhar seu reflexo e acabou morrendo assim.

Em tempos de mídias sociais multiplicamos nossa imagem em sofisticados espelhos. Nossas fotos  povoam o Facebook e Orkut, nossos comentários e opiniões espalham-se pelo Twitter, MSN e outros e programas de mensagens instantâneas, nossos diários  ocupam blogs, vídeos pessoais podem chegar ao Youtube ou Vimeo. Compartilhamos álbuns e memórias pessoais mais na web do que na vida real. Como se nos dividíssemos em múltiplas personalidades.

O que sobra da identidade original de alguém que a torna pública e cuja vida digital ultrapassa a real? Quem domina o verdadeiro alter ego? Como concorrer com avatares de centenas ou milhares de amigos e relacionamentos que não param de crescer e multiplicar? Corremos o risco de virar celebridades de nós mesmos, cenas de uma vida irreal e da fantasia de um fã que se alimenta de sua própria imagem.

Não podemos fugir da vida digital, ela nos cerca inexoravelmente, mas precisamos, também, da penumbra e do silêncio, dos espaços reservados – de intimidades, dúvidas e segredos. Digitalmente evoluímos em informação e conectividade e permanecem os desníveis sociais, políticos, econômicos. Onde fica o ponto de equilíbrio? Somos tão sociais, eficientes e interligados no cotidiano?

Espelhos podem se repetir infinitamente, uns aos outros, uns dentro dos outros. São imagens replicadas sem nada a acrescentar. Espelhos que repetem espelhos não levam a lugar nenhum.

Se não tomarmos cuidado, estes milhões de perfis e bios na web podem virar uma grande colcha de retalhos de identidades superficiais e repetitivas, voltadas para o próprio umbigo.

Nada é tão próximo quanto a vida real, o susto do inesperado, o coração que dispara, a respiração no ouvido, um frio na barriga, o corpo que sua, uma lágrima que rola, a palavra sussurrada, o toque da pele, o olho no olho que tanta coisa diz.

Precisamos dialogar e refletir sobre isso, agir de forma diferente e não deixar Narciso submergir no lago.

Imagem: Ilustração sobre detalhe de quadro de Caravaggio.

[Webinsider]

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Roberto Tostes (@robertotostes) é profissional de comunicação e web na área de marketing digital e design gráfico. Publicitário e escritor. Possui o blog robertotostes.com/.

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2 respostas

  1. Ô se a grande maioria pensasse desta forma. A algum tempo atrás, apenas as verdadeiras celebridades, leia-se figuras públicas, faziam uso do anonimato, do pseudônimo. Recurso täo interessante quanto inteligente neste mar de stalkers.

    Praticamente parei de acompanhar redes sociais super interessantes por conta do dilúvio do self promotion, do auto elogio e dos ego inflados.

    Tanto se vê postagens de feitos consumistas e de auto afirmaçäo. Ergonha alheia é mato.

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