Estão aparecendo agora na internet programas como Kloute similares que, mesmo sem você saber, identificam seus hábitos e colocam etiquetas e rótulos de avaliação social.
Autorizando ou não o uso de seus dados nas redes sociais seu perfil pode ser kloutificado. Numa escala de 0 a 100, você ganha um índice e um perfil conforme seus seguidores de Twitter, amigos no Facebook e conexões do LinkedIn.
Conversacional, explorador, iniciante, especialista e outros. Logo o enquadram em algum destes tipos e numa escala de valor com um índice.
Você passa a valer algo conforme a força da intensidade com que divulga informações e influencia pessoas. Sua capacidade de difusão é avaliada e dissecada em números e estatísticas.
A curiosidade e o alterego acabam estimulando a busca de altos índices pessoais. Meu K é maior do que o seu. Preciso aumentar meu K.
Assim corremos o risco de virar reféns de um diagnóstico baseado em parâmetros incertos e discutíveis.
O impacto da atuação nas mídias sociais ainda é uma incógnita. Podemos observar as ondas e identificar seu potencial, mas saber criá-las é outra história.
Um oceano é feito de mares, ondas, variações climáticas, algo complexo e imprevisível.
A impressão que passa é a de que se tenta agarrar o futuro de qualquer maneira. Não podemos esperar, quase atropelamos o tempo em vez de deixar as coisas acontecerem.
No livro O Processo de Franz Kafka um cidadão chamado Joseph K. é investigado por algo que nem sabe do que se trata, engolido por uma máquina burocrática interminável.
Ele deixa de ser dono do seu tempo, preso, investigado e julgado de forma fria , esmagado pelo poder do estado.
Perdidos entre tantas informações, distrações e excesso de informação, esquecemos o valor do vazio.
Saber viver o presente é dar espaço para a mudança, o inesperado, o que não planejamos.
Os sistemas, softwares e equipamentos parecem não querer perder tempo, mas é exatamente disso que precisamos, de momentos de ócio, lentidão, dúvida.
Se cairmos em um modelo de métricas, valores e perfis como estes, a espontaneidade das mídias sociais pode acabar numa armadilha sem saída.
O bom dessas redes é dar liberdades aos peixes e não o contrário. [Webinsider]
Roberto Tostes
Roberto Tostes (@robertotostes) é profissional de comunicação e web na área de marketing digital e design gráfico. Publicitário e escritor. Possui o blog robertotostes.com/.
2 respostas
Oops
“sorte se não for montagem.”
abs
Já estamos neste modelo!
Tudo está se tornando impessoal, virtual e mentiroso, esqueceram de dizer que rede social é um “boteco”, é para jogar conversa fora e passar o tempo se divertindo com futilidades…
É lazer!
Mas os “mkt-eiros” de plantão querem vender, os RHs querem te eliminar…
E todo mundo acaba mentindo! Já viu foto feia de gente acordando despenteada?
Só tem foto da viagem à NY…
sorte não for montagem.
abs