Ninguém lê nada na web. Sim, nós sabemos que você está lendo este texto. Só que, na verdade, não está lendo. Não da mesma forma que lia antes de viver boa parte do seu dia consumindo informação na internet.
A sua leitura não é mais linear e ordenada como antes. É bastante provável que, enquanto a página desse artigo estava carregando, você deu uma espiada no e-mail para ver se tinha alguma nova mensagem ou terminou de ver um vídeo interessante que travou quando faltavam os últimos segundos.
Qualquer raciocínio aqui exposto será absorvido em partes, a conta-gotas. Porque se você não está distraído com outro conteúdo da web, pode ter por perto um jornal, um rádio ligado ou uma TV ligada no Globonews ou CNN.
Claro que antes de existir a internet, nós também tínhamos mais de uma fonte de informação disponível ao mesmo tempo. Porém, nenhum outro meio tinha tanta informação disponível em tempo real e, assim, não estávamos acostumados a dividir tanto nossa atenção.
Com a multiplicação do volume de informação e a quantidade de janelas de navegadores abertas na nossa tela, podemos dizer que a tecnologia não mudou somente a informação que recebemos. Mudou, principalmente, a forma como absorvemos conteúdo.
Vivemos na era da informação não-linear, onde recebemos conteúdos de forma desordenada e simultânea. Não percebemos mais a troca de um meio para o outro. Não somos, portanto, multi-task ou multitarefa. Somos a geração Flux. Pessoas que mergulham no fluxo infinito de informação sem distinguir meio de comunicação, ferramenta ou plataforma.
A linguagem flux
O volume de informação em tempo real aumenta num ritmo maior do que a nossa capacidade de atenção e processamento. Nós, comunicadores da era digital, sabemos que temos menos de três segundos para reter a atenção de uma pessoa.
A má notícia é que esse tempo tende a diminuir com o aumento da oferta de conteúdo. A boa notícia é que estamos constantemente nos adaptando e criando novas formas de atrair a escassa atenção dos usuários.
Um exemplo disso são as técnicas de impacto no Facebook: um texto escrito como um post qualquer tem menores chances de ser lido do que se estiver escrito dentro de uma figura. É o velho ditado que diz que uma imagem vale mais do que mil palavras. Só que, neste caso, as mil palavras estão em forma de imagem. Parece óbvio, mas pouca gente sabe e pratica esse tipo de conhecimento.
O mesmo acontece com os vídeos no YouTube. Não se trata somente de fazer um bom vídeo. Tudo tem que estar pensado para reter a atenção: o título, a descrição, os primeiros segundos do vídeo, a imagem do vídeo na busca, etc, etc, etc.
A internet, com pouco mais de 20 anos de uso doméstico, revolucionou as formas narrativas e a linguagem numa velocidade vertiginosa. E as mudanças tendem a ocorrer cada vez mais rapidamente com o componente social cada vez mais fazendo parte da web.
A capacidade que cada indivíduo tem de colaborar faz com que novas formas de comunicação despontem a cada segundo em todos os cantos do planeta. Por isso, para comunicar hoje é preciso muito mais do que um diploma de Comunicação Social na mão. É preciso ter conhecimento da linguagem da rede, ou seja, entender como as pessoas se expressam entre si.
Flux = social
Os grandes comunicadores da era digital são aqueles que sabem transformar a linguagem interpessoal em narrativa institucional. Não podemos mais ignorar que o vetor de poder da comunicação se inverteu. Antes a linguagem era imposta às pessoas pela mídia de massa. Agora, é a massa que impõe a linguagem para a mídia.
Por isso, é cada vez mais comum ver matérias jornalísticas usando hashtags do Twitter (aquele sinal de numeral “#” comum na rede social), ou a explosão dos infográficos na mídia impressa, ou revistas e jornais tradicionais criando perfis no Tumblr para oferecer um conteúdo num formato de consumo mais frugal.
A lista de exemplos é enorme. A linguagem dos meios está se adaptando ao diálogo social; tomando conta sem que as pessoas percebam. Só um leitor, como você, que se propõe a ler um texto como este até o fim, é capaz de parar para pensar nisso e refletir sobre a influência dos novos idiomas da rede.
É este o grande ativo de uma empresa de comunicação hoje: encontrar profissionais que saibam se apropriar da linguagem social da internet. [Webinsider]
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Nosso grande (des)case de mídias sociais
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3 respostas
Fabiana, concordo em gênero, numero e grau com você; e não somente na questão do excesso de informação, mas como reter tanto conteúdo, significar e atender à velocidade nas mudanças. Parabéns pelo artigo.
Fabiana, você tem toda razão. É muito difícil encontrar profissionais que saibam escrever para o meio digital. E pior… muitos não mergulham nos conteúdos e os textos ficam rasos e confusos.
Adorei! That’s It! Nada como a gente achar a nossa praia. #WebsiderAddicted