Ainda não inventaram a bola de cristal, mas existe um jeito de prever situações que podem indicar quem vai ganhar um programa de talentos, o vencedor das eleições e as melhores empresas de um setor para os consumidores. Trata-se da análise de sentimento ou da mineração de opinião. Por meio de dados, essa prática identifica a emoção das pessoas expressa de forma escrita ou falada, especialmente em mídias sociais.
Conhecer essas emoções e agir com rapidez é um dos atributos da inteligência competitiva e representa o diferencial entre o sucesso ou o fracasso de um projeto.
Humanos X máquinas
Há diversas ferramentas de monitoramento de mídias sociais, gratuitas ou pagas, que coletam dados como citações ao cliente e palavras relacionadas. O analista descarta fatos e classifica as opiniões de forma manual, automatizada ou uma combinação das duas. Máquinas não captam ironia, sarcasmo e gírias. E humanos não dão conta de um volume enorme de dados. Em ambos os casos, o analista é fundamental porque determina se a citação é favorável ao cliente ou não, dependendo do contexto, de quem cita e do momento.
Por que é importante?
Porque, oficialmente ou não, é provável que sua empresa já esteja nas mídias sociais por meio da citações de consumidores ou possíveis clientes. No primeiro gráfico, veja o percentual de empresas mencionadas no Twitter. A América Latina está acima da média mundial, com 53% das empresas citadas, mas apenas 32% do total tem conta nessa rede social. No segundo gráfico, o percentual de empresas no Facebook que receberam comentários em suas páginas. No Brasil, 100% das empresas com fan page recebem comentários, mas apenas 16% têm presença oficial nessa rede. Isso significa que as pessoas estão dispostas a interagir, mas nem todas as marcas estão preparadas para responder a essas interações. Veja esses gráficos retirados do relatório Internet Statistics Compendium, do Econsultancy.
Essas interações contam muito para quem lê. Quase a metade dos brasileiros confia no que seus amigos postam sobre marcas nas redes sociais, e a maioria o faz para auxiliar os outros.
Para que serve?
Existem diversas aplicações para a análise de sentimentos, como:
- Produtos. Uma empresa pode aproveitar a opinião de seus consumidores sobre certo produto para aperfeiçoá-lo ou até para identificar novas estratégias de marketing;
- Lugares. Saber as recomendações sobre melhores lugares para conhecer, hospedar-se, alimentar-se, etc., são muito úteis tanto para quem visita quanto para quem oferece o serviço;
- Eleições. Eleitores podem identificar a opinião de outros sobre um candidato específico e candidatos podem saber o que seus eleitores esperam de suas campanhas;
- Filmes. Uma das principais referências sobre análise de sentimento é um artigo assinado por Bo Pang e Lilian Lee sobre as avaliações de pessoas sobre filmes.
O que pode fazer?
- Opinião: separa fatos de opiniões e emoções;
- Polaridade: classifica opiniões como positivas, negativas ou neutras;
- Perspectivas: classifica os dados coletados sob um ponto de vista;
- Humor: identifica textos emotivos ou sentimentais (como posts de blogs pessoais) e classifica-os de acordo com as diferentes emoções encontradas.
Análise Talk
Clique no link a seguir para ouvir a entrevista com a analista de informações da Talk, Ariadna Neves, sobre a importância do papel do analista, as diferenças do trabalho para cada perfil de cliente, e por que o mercado precisa monitorar as mídias sociais.
[display_podcast]
Desafios
Segundo o pesquisador Jaganadh G, da 365 Media, os desafios são:
Fonte: eConsultancy
Observe que a dificuldade em conciliar dados, encontrar equipes capazes e a tecnologia deficiente são dificuldades crescentes no mercado.
Oportunidades
Pesquisas sobre monitoramento de mídias sociais, no qual a análise de sentimento está inserida, apontam os seguintes cenários atuais e benefícios que podem ser proporcionados por essa prática.
Cenários:
- Aumento do investimento nas ferramentas de monitoramento online;
- Análises sociais ganham destaque com o amadurecimento do mercado;
- Atendimento ao consumidor se torna público por meio das mídias sociais;
- Busca pela integração de diferentes tipos de dados;
- Falta de uma política para mídias sociais atrasam as empresas.
Benefícios:
- Reduzir custos de suporte;
- Melhorar engajamento com consumidores;
- Encontrar influenciadores fora da base principal de consumidores;
- Encontrar oportunidades e combater ameaças;
- Identificar fraudes;
- Descobrir novas ideias;
- SEO;
- Entender melhor a linguagem e o comportamento do consumidor;
- Proteger a marca;
- Identificar gargalos e expertise subutilizada;
- Identificar e mitigar problemas com lançamento de produtos novos;
- Gerenciar mudanças;
Tendências
De acordo com pesquisas sobre monitoramento de mídias sociais em geral, e análise de sentimento mais especificamente, estas são algumas das tendências de cenário atuais e para os próximos dois anos. Você está preparado?
- Análise de mídias sociais será um elemento indissociável da habilidade das empresas de sentir, interpretar e recomendar ações baseadas em sinais do mercado.
- Um dos grandes impactos dessa transição será o grande volume de dados. De acordo com a IBM, % de todos os dados no mundo foram criados nos últimos dois anos.
- A habilidade de captar, interpretar e agir em tempo real representará uma imensa vantagem competitiva.
- Evoluiremos para análises preditivas. Já existem plataformas com alertas para que os usuários saibam sobre atividades estranhas ou tendências em tempo real.
- O diferenciador real será a habilidade de processar grandes dados, extrair informação relevante, e prever resultados com alta precisão – sejam sociais ou não.
- As ferramentas perceberão alterações em sentimentos e vão alertar proativamente o usuário de empresas tanto para a mudança quanto para as razões disso.
- Máquinas farão a maior parte da análise bruta, a habilidade de interpretar esses dados será o diferencial entre a paralisia da análise e a agilidade organizacional.
Fonte: eConsultancy e A Framework for Social Analytics, um estudo do Altimeter Group assinado por Susan Etlinger e Charlene Li.
[Webinsider]
…………………………
Acompanhe o Webinsider no Twitter e no Facebook.
Assine nossa newsletter e não perca nenhum conteúdo.
Alicia Alão
Alicia Alão (@aliciaalao) é jornalista e produtora de conteúdo web na Talk Estratégias Digitais.
2 respostas
Parabéns pelo texto Alicia! Rico e objetivo. Só ficou falta a porcentagem da IBM em relação ao volume de dados criados… 😉
Achei interessante saber que a menor parte das pessoas está nas redes com disposição para reclamar, a minha impressão era que esse percentual era maior. No tópico tendências falta a porcentagem no segundo item. 🙂