Você mantém a sua identidade no mundo online?

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A internet transformou as pessoas.

E não somente no sentido de proporcionar um acesso nunca visto antes ao conhecimento. Ela transformou literalmente, no sentido de transmutar personalidades e distorcer identidades.

Muitos conhecidos meus do “mundo real” também possuem perfis nas redes sociais e nesses locais – se preferir o purismo, o certo seria dizer: nesses aplicativos – eles se tornam totais desconhecidos para mim. Exemplo:

No Facebook eles compartilham mensagens de grupos ateus, mas no seu cotidiano frequentam regularmente a igreja. Ou fazem campanhas moralistas sobre não dirigirem bêbados, enquanto saem tortos e cantando pneus após uma bebedeira em uma festa.

Sei que parecem casos exagerados, mas afirmo: são verdadeiros.

Ou seja, comportam-se tais qual “Dr. Jekyll e Mr. Hyde”. E o pior é quando essa postura – ou seria falta de postura?­ – acontece no mundo profissional, quando, por exemplo, um consultor dá palestras como feroz defensor de tal software e no Twitter critica o produto sem cerimônia.

E há os “sabe tudo”. Aqueles que dão palpites e pitacos sobre assuntos fora do seu círculo de conhecimento. E, em geral, essas “contribuições” são apenas copy and paste de alguma informação ou opiniões totalmente fora de contexto.

O teclado e o mouse aceitam tudo.

Ser ou não ser…

Há ainda casos menos graves, mas muito confusos de pessoas que se fundem em uma só, principalmente casais.

Recentemente um tal “Carlos Sandra” (nome fictício) pediu para ser meu amigo no Facebook. Em princípio pensei em negar, principalmente depois de tentar descobrir a identidade do sujeito e só encontrar informações superficiais e imagens de anime no lugar das fotos.

Foi somente quando veio a primeira interação que descobri quem era: um colega dos tempos de colégio, o “Carlos”, casado com uma “Sandra”!

Mas, sempre que preciso me comunicar, nunca sei quem vai ler ou responder.

Enfim…

Obviamente, não defendo a robotização da existência, mas é preciso ter o mínimo de coerência, de centro, afinal, a internet é hoje a maior vitrine pessoal e profissional “fora da vida real”.

A identidade e a postura são extremamente importantes e garantem uma interação online de qualidade. E isso, certamente, pode abrir muitas portas.

Sempre acho interessante ter um perfil com um DNA, facilmente reconhecido pelos meus círculos de relacionamento do que ser sempre uma incógnita.

Concorda?

Até mais. [Webinsider]

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Avatar de Eduardo Kasse

Eduardo Massami Kasse (@edkasse) é escritor, palestrante e analista de conteúdo. Subeditor do Webinsider. Mais em onlineplanets.com.br e eduardokasse.com.br.

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2 respostas

  1. Concordo muito. As pessoas criaram perfis imaginários tão reais que ficamos até receosos de encontrá-las ao vivo. Sinceramente não conheço 10% de meus “amigos” do Facebook, e muitos dos poucos que conheço não se assemelham em nada com a imagem de suas personalidades virtuais. Posso contar nos dedos de uma mão quem realmente é o que é.

    1. É isso mesmo, Tiago! A proteção da “virtualidade” permite que muitas pessoas se transformem em avatares. Não sei se é bom ou ruim, o fato é: como criar um relacionamento de qualidade e de confiança sem conhecer o real perfil da pessoa?

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