Já escrevi sobre minha discordância sobre a comparação de uma organização com o corpo humano. No corpo humano, os órgãos buscam compensar, solidária e automaticamente, a deficiência de outro órgão, no limite de suas capacidades e atribuições. Assim os demais sentidos se tornam mais aguçados em um cego, e o paraplégico, pela força das circunstâncias, desenvolve bíceps de um Mister Universo. É a lei da compensação.
Nas organizações não é bem assim.
Cada gestor defende caninamente seus interesses e ninguém quer dar um braço a torcer. O empregado quer ganhar mais, e o patrão quer pagar menos. O marketing quer personalizar tudo e o gerente de fábrica defende uma linha de montagem massificada, mais fácil de operar. E por aí vai. Cada um na sua, remando o mesmo barco para uma direção diferente.
Agora tenho minha própria teoria. Outros autores devem ter proposto hipóteses muito melhores e fundamentadas, mas, para mim, as empresas deveriam ser administradas e entendidas mesmo como pessoas físicas, dotadas de uma personalidade (cultura) e identidade (marca) e não como pessoas jurídicas.
O desafio dos gestores seria tornar essa entidade corporativa uma pessoa melhor a cada dia. Mais sábia, mais competente, mais sensível, mais humana. E não como um monte de esquizoides lutando por seus feudos.
Essa abordagem – até ingênua e romântica, confesso – facilitaria muito as coisas para todas as partes. Principalmente se os gestores tomarem as decisões baseadas numa diretriz tão simplória que meus dedos chegam até a doer enquanto teclo: “não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.
Sua empresa está na dúvida se vai lançar um produto? Simples. Basta fazer a seguinte pergunta: “Eu daria esse troço para meu filho?” Ou: “Eu me sentiria ridículo agindo como sugere a propaganda ridícula que está na minha mesa para ser aprovada?”.
Se a empresa como um todo pensar assim – como qualquer pessoa decente faz – o mundo corporativo seria muito diferente.
Raciocínios como esse eliminariam muitas decisões equivocadas e economizariam muito dinheiro. Como qualquer pessoa deseja. [Webinsider]
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Marcelo de Andrade
Marcelo de Andrade (Mandrade) é jornalista e cartunista e mantém o blog É triste viver de humor.
Uma resposta
Muito legal o texto. O grande problema é que, ultimamente, tem muita “pessoa física” que não está nem aí para o “não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”. E as “pessoas jurídicas” acabam sendo apenas reflexos desse comportamento. Triste!