Baixei para o meu Galaxy II neste último fim de semana o aplicativo do TaxiBeat. E fui para uma festa no sábado da seguinte maneira:
1. Abri o aplicativo, instalei e me cadastrei no site;
2. Foi exibida uma lista de motoristas, com os seguintes pormenores:
a) distância da minha casa;
b) o carro e o que oferecia (quantos lugares, ar condicionado, TV, wi-fi, idiomas);
c) a avaliação dos outros passageiros sobre os motoristas (via estrelas);
Pois bem, cliquei no Valdeci, 5 estrelas, 1 avaliação feita, num Meriva e o sistema me disse pelo GPS que ele estava em Ipanema. Vi todo o trajeto que fez de lá para minha casa; quando estava chegando pertinho, descemos todos para pegar o táxi. Informei que tinha entrado, avisei que tinha saído e depois dei 5 estrelas para ele, tanto o carro como o motorista foram show.
Por cada corrida, o Valdeci paga R$ 2,00. Ele me disse: “para mim, está ótimo, pois não gosto de cooperativa e aqui só pago o que realmente faturo”.
O TaxiBeat – que é um projeto global que começou na Grécia – é o modelo das organizações do futuro e nos mostra porque é tão difícil (diria impossível) que as organizações atuais migrem para o mundo 2.0, pois é uma cultura completamente diferente.
A filosofia de gestão 2.0 do TaxiBeat é igual a do Mercado Livre e Estante Virtual. Vamos aos detalhes:
Desintermediação
Ao oferecer pelo celular a lista dos motoristas, o TaxiBeat está desintermediando a cooperativa. Está desintermediando também a operadora, que fica no telefone, da cooperativa. Ou seja, se há algum favorecimento escuso, isso termina, pois quem escolhe o carro é o passageiro.
Não há um intermediário entre o passageiro e o motorista, a não ser a plataforma. Pode-se manipular a plataforma? Até se pode, mas é algo muito mais complicado e difícil.
Meritocracia
O motorista é avaliado pelos passageiros, coisa que o modelo das cooperativas atuais não permite. Assim, melhorar o serviço, ter carros confortáveis, bem mantidos, ser atencioso, não dar voltas desnecessárias passa a ser um critério para estar “bem na fita”. Quantas vezes um carro de uma cooperativa conhecida está ruim e você é obrigado a aceitar?
Transparência
O GPS permite que se saiba, de fato, onde o motorista está, não valendo dizer que está perto, quando se está do outro lado da cidade. Mostra também, passo a passo, o que ele está fazendo, se estava “tripulado” na chamada, foi deixar alguém e depois veio te pegar;
Ainda permite que se escolha o táxi mais perto de onde você está economizando tempo de espera.
Empreendedores + capital de risco
Como dizia Schumpeter o capitalismo só avança quando há um ambiente em que o casamento do empreendedor com o capital seja possível. O TaxiBeat é fruto disso. Veja um trecho do release:
Fundada há um ano e meio na Europa, a Taxibeat Ltda. é uma empresa de tecnologia que desenvolveu um aplicativo destinado ao serviço de mobilidade urbana. Recebeu capital inicial da Openfund, um fundo de investimentos de risco que investe em pequenas promissoras empresas de tecnologia no sudeste da Europa. Em novembro de 2011, alavancou uma nova leva recursos de “investidores anjo” e iniciou seu plano de expansão global. Além do Brasil, a empresa também possui sedes em países como França, Noruega e Romênia.
O que chamo a atenção dos implantadores de redes sociais de plantão é que dificilmente uma iniciativa destas viria de uma cooperativa de táxi, pois algo assim é contrário a seus interesses, digamos.
Uma experiência dessas vai contra os hábitos, tanto dos cooperativados, que também têm a sua parcela de perda de vantagens (ficam muito mais expostos à meritocracia), como dos diretores da cooperativa (que cobram um fixo mensal) – hoje, aqui no Rio, em torno de R$ 360,00 reais por mês, estando ou não o taxista operacional.
Assim, a ideia de que uma falsa “rede social” das cooperativas, colocando Twitter e Facebook vão levá-los ao mundo 2.0 é falsa. Não vai se chegar a esse novo modelo utilizando as redes sociais como um projeto de comunicação vertical melhorado, pois estamos entrando em outro mundo, no qual:
A gestão é feita de forma diferente
Como dizem os papas de inovação e das mudanças, as novas ideias, paradigmas e propostas de mudanças radicais vêm de fora do ambiente para dentro e não de dentro para fora.
O TaxiBeat ainda tem alguns problemas, de dois tipos:
a) temporal – ainda tem pouca adesão de motoristas, na hora de voltar da festa meia noite não tinha mais “Beat-motoristas” circulando. Por que? Um taxista 2.0 tem que ter um celular conectado à rede com ambientes Androide ou Iphone. Isso é questão de tempo, pois vai se baratear, tanto a conexão, como aparelhos;
b) ajustes técnicos – há problemas no cadastro, que ainda não é tão simples, pelo menos no Androide do Galaxy IIs da Samsung e na hora de qualificar o motorista, já que a tela de enviar fica escondida pelo teclado, não aceita o simples “enter”.
Independente isso, que é detalhe dentro do contexto geral, o case do TaxiBeat, disponível ainda apenas para o Rio de Janeiro, já está do outro lado do muro 2.0, com o paradigma/filosofia adequada para o que virá.
Transparência, desintermediação, meritocracia, poder de escolha na mão do usuário. Mobilidade, geolocalização, usuário ajudando outro usuário. É para lá que estamos indo… e é para lá que você tem que direcionar seus projetos 2.0. Quem não acordou ainda, sugiro se aprofundar no case. É isso, que dizes?
Veja o demo do serviço no YouTube:
[Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.