O Brasil hip é pobre de dá dó. Não só porque é molenga e comedido mas porque é abortivo de qualquer autenticidade e energia.
O enfrentamento entre o Brasil de cartão postal e o Brasil da Oscar Freire é o maior obstáculo à nossa identidade. De um lado, um país bananeiro, de outro um arremedo de Dubai; de um lado o gigante adormecido, de outro o anão plastificado; de um lado as bundas, do outro a falta delas.
Não tem charme nem graça esse Brasil que rebola com discrição e elegância. Nem para nós, sejamos francos: não curtimos o minimalismo, o meticuloso, o calculado, o lentamente masturbado. Curtimos o fogo, o sanguíneo, o reflexo, o precocemente parido.
Então essa participação xoxa do Brasil na festa de encerramento dos jogos olímpicos de Londres é simbólico dessa identidade em cima do muro. O desafino das Bachianas, as mulatas de neon, os índios de aparelhagem, o gari globeleza, o malandro do Leblon, o negão pós Oiticica: aquarela do Brasil aguada. De Brasil ali, de Brasil de verdade ali, talvez só mesmo sua majestade, nosso rei Pelé.
Se ainda temos complexos de pobres periféricos, se não somos capazes de assumir nossa mestiçagem, nossa promiscuidade cultural, nossa intelectualidade malandra, por que não desgrudamos do expressionismo circense da novela? [Webinsider]
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Uma resposta
Que tanta palavra difícil, frases e trocadilhos intectualóides…