Editoração: especialistas versus generalistas

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Com Luciene Santos.

Você sabe fazer uma logo no CorelDraw? – Sim, sei! Você sabe usar bem o Photoshop? Sim, numa boa! Você domina bem animação no Flash? – Sim, sim! Legal, então você sabe fazer edição de vídeo no Adobe Premiere? – Sim, sem problema nenhum! Aliás, estou pensando até em tentar uma carreira de editor de cinema. É mesmo! Com seus conhecimentos, você não teria problema nenhum em editar áudio no Sound Forge? -Não, não tenho, não! E criar páginas na web com DreamWeaver? – Ahh, essa sempre foi a minha praia!

Quem já participou de uma entrevista de emprego para o cargo de Analista de Conteúdo de uma empresa de assessoria de comunicação deve ter percebido que é exigido um profissional generalista, com bons conhecimentos de diversos softwares de editoração. Isso sem contar a questão do domínio da redação do texto e da narrativa para cada tipo de suporte de publicação de conteúdo. Na hora da entrevista, quase todo mundo vira o novo rei do pedaço.

Mas, na hora do vamos ver, tudo parece estranho e muita gente fica mal. No entanto, onde está o problema? Em você ou em muitas profissões que querem extrair qualidade de especialista de profissionais generalistas? Na prática tudo parece um total contrassenso, pois é quase impossível tirar a mesma qualidade de especialista de um profissional faz-tudo. Mesmo porque não se consegue transformar um generalista em especialista da noite para o dia.

Na arquitetura, esse problema não existe (ou é mais relativizado) na perspectiva do software. Aos chamados cadistas, basta dominar o engenhoso Autocad. Nas versões de 2000 à 2013, poucas coisas mudaram a ponto de criar qualquer tipo de embaraço na hora de fazer uma planta com Corte AA. Mal-comparando, os profissionais cadistas correm menos riscos profissionais pelo fato de terem de dominar apenas um programa de editoração. No caso dos profissionais de comunicação, cada dia é uma caixa de Pandora aberta.

Nas grandes empresas, basta a contratação de profissionais especializados em cada programa e tudo fica resolvido. Esse modelo de recrutamento é mesmo adotado pelas empresas na Europa. Mas, por exemplo, como resolver o problema nas pequenas agências de publicidade? Difícil! Uma solução é buscar um profissional que tenha conhecimento de diversos programas, mas que domine aquele cujo qual a empresa receba maior demanda de trabalhos. Ou seja, se a clientela maior for direcionada à produção de outdoor, o profissional deve ter bons conhecimentos de CorelDraw, Illustrator, ou Photoshop.

Contudo, especialistas e generalistas vão sempre brigar por uma vaga no concorrido mercado de trabalho. Mas, uma coisa é certa: na perspectiva do uso de software, os profissionais de comunicação enfrentam mais problemas que os de outras profissões, que exigem apenas especialistas para a realização do trabalho. No cotidiano isso acaba gerando estresse desnecessário, o que reduz bastante o rendimento profissional. Dependendo da situação, o desgaste mental é tal que gera até um problema de autoestima profissional.

Em casos extremos, o abandono da profissão é inevitável por não ter havido coerência na inserção no mercado de trabalho. Existem culpados na livre concorrência? Não, e sim! A questão que se coloca é como as empresas fazem a gestão de um problema tão recorrente. Afinal, rendimento profissional e produtividade não são sinônimos, mas substantivos abstratos que se convergem na equação da mais valia. Então, vale à pena nos debruçar mais sobre o assunto e encontrar a medida daquilo que possa ser mais saudável. [Webinsider]

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Geraldo Seabra, (@newsgames) jornalista e professor, mestre em estudos midiáticos e tecnologia, e especialista em informação visual e em games como informação e notícia. É editor e produtor do Blog dos NewsGames.

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