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– Que lindo templo Kinley. Quando foi construído?
– Foi Shabdrung.
– No século XVII então?
– Foi Shabdrung.
– Sim, mas Shabdrung é do século XVII, não? Então o templo é do século XVII.
– Se você quiser.
– Com esse estado de conservação? Parece novo!
– Mas é novo, quer dizer, foi totalmente devastado por um terremoto recentemente e reconstruído como era originalmente.
– Entendi. É uma cópia?
– Como assim, cópia? Não é uma cópia. É o templo que Shabdrung construíu no século XVII.

Todo produto cultural é datado. A data é que concede autenticidade e verdade. O novo é uma questão de data. O progresso é data. A vida é um diário.

Por isso criativo e original são palavras intercambiáveis, igualmente neutras e genéricas. São uma questão de data: quem criou antes criou; quem criou depois copiou. O primeiro é original, o segundo é cópia. Tudo uma questão de data. É uma questão de data nossa ansiedade cultural: o novo sempre de novo é uma obsessão.

Mas a natureza da criação é atemporal e não pode ser escrava de registros datados. Criar é dar a luz ao que será, sempre, único, a qualquer tempo, em qualquer tempo.

Como o templo que Shabdrung construiu.

Se assim é a criação, raramente criamos de verdade. No fundo, o que buscamos é fazer algo novo, não fazer algo único. Procuramos uma espécie de “originaleza”.

Como fingimos bem! [Webinsider]

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Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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