A internet e as redes sociais tornaram o mundo menor e muito mais caótico por conta da facilidade de interação e da avalanche de informações. Elas deram a cada pessoa o poder de comunicação global, melhor do que isso, propiciaram a cada um a possibilidade de pautar a mídia e o impacto dessa quebra de paradigma no cotidiano é incalculável.
Isso pôde ser comprovado, na última segunda-feira (18/03), com a disseminação em rede nacional em rádios, telejornais e impressos, da notícia sobre o violento trote em calouros do curso de Direito da UFMG. Fotos com referências nazista e racista circularam na internet, na qual imagens mostraram caloura como ‘escrava’ e alunos fazendo gesto nazista.
A notícia surgiu da postagem de fotos no Twitter e vídeos no Youtube no final de semana e imediatamente começaram a reverberar pela rede as mais diversas reações de repúdio. A partir daí deu-se o já conhecido efeito de propagação viral com o assunto tornando-se pauta dos principais veículos de comunicação de todos os estados e repercutindo o assunto em rede nacional. O Twitter e o Facebook foram palcos de calorosos debates sobre o tema.
Esse, sem dúvida, é um grande exemplo do poder que as redes sociais adquiriram atualmente. Basta um assunto ser calorosamente “mastigado” nelas para que se tornem pauta nos veículos, e, desta forma, quanto maior sua repercussão, maior sua divulgação. Isto faz com que a Agenda Setting não seja mais uma prerrogativa exclusiva da mídia tradicional.
O jornalista e editor do Blogmídia 8, Cleyton Carlos Torres, discorda do meu ponto de vista sobre o poder das redes sociais em relação ao Agenda Setting. Entretanto, ele acredita que uma movimentação que tenha grande apelo popular nesses canais pode ser merecedora de uma averiguação maior, já que ali pode residir uma reportagem sobre um descaso médico, um crime não solucionado ou até mesmo abusos cometidos por autoridades policiais, este último sendo foco até mesmo de vídeos ou imagens incriminadoras que circulam as redes.
O editor do blog Midiatismo, Dennis Alterman, segue a mesma linha de raciocínio. Para ele as redes e mídias sociais estão fazendo tanto barulho, pois não há mais como evitar que as pessoas deem as suas opiniões. Os seus pontos de vista estão muito mais acessíveis e algo a princípio irrelevante pode cair no gosto da grande massa e virar assunto nacional. Assim não é possível mais ignorar o que eles veiculam e a mídia descobriu isso e vem se pautando por meio desses grupos.
A pesquisadora e professora da ECA-USP, Beth Saad, disse certa vez que as redes sociais são um repositório de informações muito mais influente que a notícia formatada. Os veículos jornalísticos, apesar das dificuldades iniciais, descobriram o poder desses grupos e estão conseguindo agregar valor ao seu trabalho usando-os como ponto de partida para a criação de pautas com forte apelo popular. [Webinsider]
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Marcelo Rebelo
Marcelo Rebelo (@mrebelo71) é jornalista, relações públicas e pós-graduado em e-commerce. Integra a equipe da Viroze web/conteúdo.