Mídias sociais e ambientes corporativos podem andar juntos

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Com a globalização e os avanços tecnológicos dos últimos anos, apresentou-se às empresas a possibilidade de unir, através de redes corporativas, diversas unidades geograficamente afastadas em um ambiente rápido, preciso e inteligente, que surge como um agregador importante para o conhecimento e a inteligência organizacional.

Com isso, o conhecimento gerado entre os trabalhadores passou a ser um ativo importante para o sucesso das organizações. A grande questão é como as empresas podem proporcionar aos seus colaboradores exercitar esse potencial e realmente promover uma revolução do conhecimento, agregando valor a seus processos e produtos. Na sociedade do conhecimento, o trabalhador precisa em primeiro lugar estar continuamente se reciclando, reaprendendo. Precisa ter aguçada sua curiosidade investigativa e ser criativo. A questão é como realizar isso de forma a agradar tanto a empresa quando aos trabalhadores.

Conhecimento pode ser entendido com o resultado da informação utilizada de forma colaborativa, com o maior nível de interatividade possível. Mas para que isso ocorra, é necessário que as pessoas estejam engajadas e acreditem no processo. Pessoas engajadas acreditam na causa e isso os torna parceiros (e multiplicadores) ativos no processo.

Porém, o que vislumbramos em muitas empresas é a política da proibição. Acessos negados, ambientes proibidos, gerando, além de descontentamento, gastos desnecessários com equipamentos de proibição e com equipes que, ao invés de estarem trabalhando para promover o conhecimento, gastam suas horas numa verdadeira caça às bruxas.

Para os colaboradores da empresa, ações como estas parecem inconsistentes, haja vista que fora do ambiente de trabalho eles possuem liberdade de expressão e ação, pois desfrutam de um ambiente colaborativo imenso, sem restrições e, muitas vezes, com recursos e velocidade de acesso mais eficazes dos que os praticados no ambiente de trabalho.

As empresas, por sua vez, argumentam que liberar acesso às mídias sociais (as colaborativas, que geram discussões e promovem o conhecimento) fará com que seus trabalhadores desloquem seu foco das tarefas do trabalho, acabando por se distraírem com esses ambientes, deixando o trabalho de lado. Buscam, em alguns casos, trazer essas mídias para o ambiente interno da empresa, sem que haja uma preparação ou mesmo uma mudança de cultura na empresa. Ora, o trabalhador, no ambiente de trabalho, saca de seu smartphone e acessa os ambientes que desejar. A tecnologia tornou-se barata o suficiente para estar nas mãos dele.

Todos sabemos que sem cultura não existe ferramenta que resolva os problemas. Sem possuirmos pessoas engajadas, não existe ambiente que promova melhorias. A empresa, sem perceber, acaba se tornando chata, entediante, taxativa, com ambientes e ferramentas impostas, o que não ajuda em nada o processo de colaboração de seus empregados. Mesmo que a empresa promova um ambiente colaborativo interno e restrito a seus domínios, ele poderá ser visto como entediante, mesmo sendo similar àquele externo, com recursos, design, e operabilidade parecidas. Se esse ambiente interno for imposto, for desacreditado pela diretoria, for restritivo nos atos das pessoas, não promover a liberdade e não tiver capacidade de gerenciar crises que possam surgir (você sabe quantos usuários de fórum de discussão são necessários para trocar uma lâmpada? Essa piada é bem antiga, mas vale o exemplo) esse ambiente estará fadado a se tornar chato e entediante, deixando de despertar a atenção das pessoas (que voltarão aos seus smartphones).

É necessário que a empresa se torne divertida, alegre, capaz de proporcionar a seus colaboradores prazer naquilo que fazem, levar liberdade àqueles que promovem o conhecimento e melhoram os processos produtivos. Identificar líderes e formadores de opinião dentro da empresa. Eles são, de certa forma, os stakeholders informais da empresa e devem ser valorizados.

A saída não me parece tão difícil assim. Em outubro de 2012 a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República lançou um manual de atuação para redes sociais. Este manual orienta as ações de seus colaboradores quando em ambientes de mídia social. Com isso, a liberdade de acesso dessas mídias quando em ambiente de trabalho poderá ser promovida, pois as pessoas estarão cientes do que a empresa espera delas nesses ambientes. Com esta ambientação e com a liberação de acesso, inicia-se um processo de mudança da cultura organizacional, direcionando olhares também para esse ambiente colaborativo. Está dada a largada para que agora, com um corpo funcional preparado e instruído, se possa iniciar um processo de formação de um ambiente colaborativo corporativo, o que muitos chamam de mídia social corporativa. Esse ambiente corporativo, restrito aos domínios da empresa, muitas vezes se faz necessário por motivos que vão desde a gerência mais efetiva sobre os dados armazenados até mesmo a confidencialidade e o caráter estratégico dessas informações.

Porém é importante perceber que não basta à empresa criar manuais, orientações ou quaisquer outros documentos e simplesmente despejá-los no ambiente corporativo. É preciso que as pessoas percebam que ela  se preocupa com isso e, principalmente, que acredita nisso. A participação do escalão estratégico da empresa é fundamental. A diretoria deve estar próxima e atuante nesse processo, deve participar das ações, deve assinar blogs e responder às questões que possam surgir. Muitos podem dizer que isso causará um reboliço na empresa e eu não lhes tiro a razão. Porém, saber gerenciar crises (e entender que crise não é necessariamente uma coisa ruim) é tão importante (se não mais) quanto comemorar vitórias. [Webinsider]

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João Batista Pereira da Silva (@jbfloripa) é webmaster da Celesc Distribuição S.A., atua no desenvolvimento e implantação de portais corporativos e sistemas de informação em ambientes de intranet e internet. Site: www.jbfloripa.com.br.

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