Baseado na dissertação de mestrado do jornalista e professor Geraldo Augusto Seabra, o infográfico aponta diferenças conceituais entre modelos de NewsGames – games baseados em notícias. Creditado ao design de games, o uruguaio Gonzalo Frasca, o termo ‘newsgame’ aparece pela primeira vez, em 2003. De forma equivocada, o conceito é atribuído aos Editoral Games, um formato alternativo de mera remidiação de notícias, com objetivo de atrair ‘leitores dispersos’ para o universo das headlines.
Ao contemplar apenas a publicação e o consumo, o conceito se esvazia no vasto campo do jornalismo, ao remeter-se a aplicativos que se confundem com visualizadores de dados e infográficos dinâmicos. No artigo NewsGames – Demarcando um novo modelo de Jornalismo Online, Seabra propõe um ajuste do conceito e define 2008 como o marco de ascensão da Galáxia dos NewsGames, ao promover a inclusão da terceira base que integra os três pilares de monetização da notícia
Ao contemplar a produção, além da circulação e consumo de notícias, em um mesmo suporte online, o conceito anterior ganha uma abrangência maior: games como emuladores de notícias ou acontecimentos em tempo real. Desta forma, o novo conceito atende às seis funções do Jornalismo Online defendidas por Palácios (2003): multimidialidade, interatividade, hipertextualidade, personificação, memória e instantaneidade do acesso.
Para Andrade (2008), as seis características do Jornalismo Online apontadas por Palácios podem ser associadas à lógica dos NewsGames. Na interpretação de Andrade, o termo ganha nova envergadura conceitual: “… se combinada à facilidade de produção e disponibilização de conteúdo na internet, aproximamos do argumento de Seabra (2007) quando ele diz que a utilização da notícia em forma de game online não fere nenhuma característica do Webjornalismo”.
Na Galáxia dos NewsGames, a simples soma dos comentários (observações, dúvidas, insultos, correções, críticas, sugestões) já é a edição de uma nova notícia, aquilo que Seabra classifica como NewNews. Além do mais, os comentários são um ponto de partida para a produção de pautas online. Em busca de novos ângulos, as redes sociais estão infestadas de caçadores de pautas. Portanto, como não há produção interativa de notícias, os Editorial Games assumem para si um conceito que vai além de suas funções.
Além das seis funções já mencionadas, Seabra (2009) acrescentou mais uma: Ludicidade imanente do meio – uso dos games como artefato lúdico para otimizar o ato de informar por meio de notícias. Associado ao gênero diversional/infotenimento, a nova função garante aos newsgames um diferencial, se comparado aos demais gêneros jornalísticos (informativo, interpretativo, opinativo e pragmático) e a outros formatos de produção, circulação e consumo de notícias no browser.
Essa sétima função do Jornalismo Online se aproxima conceitualmente do termo gamification: “aplicações de mecânicas existentes em games em ambientes não-games” (Kimura, 2011). Desde 2010, o termo tem sido usado como ferramenta de marketing para atrair clientes para aquisição de produtos e serviços. No tabuleiro dos NewsGames, gamificar visa premiar quem joga com objetivos sociais. Afinal, como diz Ian Bogost, um dos pioneiros dos newsgames, “em breve, toda sociedade será um tabuleiro onde todos serão jogadores”.
[Webinsider]
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Luciene Santos
Luciene Santos, jornalista e especialista em games como informação e notícia. É co-autora do e-book “Do Odyssey 100 aos NewsGames – uma Genealogia dos Games como Informação”. Nascida em BH, está radicada atualmente em Treviso (Itália), onde atua como apresentadora da WebTV do Blog dos NewsGames.