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Que a educação é o sustentáculo das sociedades sustentáveis, a maioria das pessoas já faz ideia disso, afinal é fato que ela é fator primordial para que se forme a capacidade de emancipar as pessoas. Apesar de estarmos cansados de ouvir a respeito disso, pouco é feito no Brasil. O investimento é incompatível com as necessidades. Por esse motivo, essa reflexão surge a partir de um estudo organizado pela ‘Word Business Council for Susteinable Development’, aqui no Brasil conhecido como Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, CEBDS. Na ocasião, o estudo chamado “Visão 2050”, surgiu como um indicador para nortear muitas das discussões da Rio +20, se propondo ser uma agenda que norteará diversas empresas. O intuito é traçar as melhores práticas e tendências para os diversos setores da sociedade. Nesse caso em especial, a educação, algumas práticas são verdadeiras invocações para uma mudança de postura rápida das instituições.

As principais atitudes esperadas para as instituições de ensino, pelo estudo, vão desde uma educação fundamentada na geração de conhecimento conectando pessoas através de rede global, local e intergeracional, até difundir valores ecossistêmicos. Esse último caso tem uma razão simples, as pessoas precisam aprender mais sobre a relevância e o funcionamento de todos esses ecossistemas ao redor do mundo (muito mais que apenas saber que eles existem). Dessa forma, os habitantes do planeta entendem as fraquezas e os pontos fortes, de modo a conhecer a importância da resiliência, das complexidades e riscos, de como se adaptar a um mundo em constantes mudanças e construir uma mentalidade voltada para o futuro.

Outro ponto que a pesquisa aponta é formação por habilidades, pois esse formato lida melhor com inovações tecnológicas e questões globais, sendo assim, o aumento do nível educacional em muitos países emergentes continuará permitindo que empresas recrutem talentos com uma maior variedade de formação e cultura justificando a formação global.

Não é recente a aclamação de vários setores da sociedade e pesquisas sérias de que o nosso modelo de ensino é engessado e não prepara os alunos para a realidade que enfrentarão no mercado mais cedo ou mais tarde. O ritmo das empresas é completamente diferente ao ritmo das escolas. Pouco adianta melhorar matrizes, inovar recursos, renovar professores, se o modelo, o meio e o fim continuar o mesmo.

Dogmas, ideologias de conglomerados e visões precisam ser desconstruídas para dar espaço ao mundo oral, em rede e extremamente produtor. Sim, produtor de todo tipo de conteúdo, pois isso já não tem limites que não seja a livre contribuição. Não há modelo vencedor, nem receita de bolo. Aliás, todas as mudanças que tivemos socialmente até hoje levam a um fator que tem feito grandes empresas repensarem seus produtos, ou simplesmente entrarem num declínio, sem volta se optarem por continuar fazendo o mesmo: acabou a receita de bolo. O repetitivo, o denominador comum não interessa mais, nem para o consumidor, nem para o trabalhador.

Os espaços também precisam ser repensados. Uma ideia que venho arriscando, combina bem com os estudos mais recentes, explico: o investimento em espaço físico é totalmente desnecessário. Quem vive nas grandes cidades sabe o quanto se locomover de uma zona a outra é quase o mesmo tempo de ir para outra cidade. O caótico trânsito traz consigo poluição, desgaste material, referente ao patrimônio (carros, parques, lagos etc.), físico e mental.  A tendência é que cada vez mais as pessoas consigam resolver suas necessidades em suas ‘zonas’ e quando precisar sair delas, usar transporte coletivo. Por isso, os carros aos moldes do que temos hoje tendem a ser um objeto desnecessário, pois o transporte limpo vai ganhar espaço e o coletivo ganhar qualidade e logística.

Temos tecnologia suficiente para realizar imersão em Ambientes Virtuais de Aprendizado, AVA, cada vez mais complexos e com recursos de última geração que tornam a experiência cada vez mais próxima do real (às vezes, melhor que o real). O único problema é que os espaços que hoje normalmente os alunos usam não são preparados para o aprendizado (casa/trabalho), tendo vários estímulos que atrapalham – o telefone que toca, alguém que fala perto, a televisão, enfim. Por isso, é que nessas zonas será preciso ter Centros de Aprendizados, grandes espaços próprios para as imersões com recursos audiovisuais e irrestrito a uma marca específica de instituição, além da própria determinação do estudante. As instituições de ensino reservariam um espaço por horário para que o aluno tenha sua experiência de aprendizado. A partir disso, ele é capaz de construir conhecimento em rede e por habilidade independente de onde estiver.  É a mobilidade que nada tem a ver com descaso, desatenção, mas sim, um ambiente direcionado.

O mote que diferenciará as instituições será credibilidade, os bons professores, metodologias e áreas de atuação. Atualmente podemos já fazer a relação do que é menos tradicional ao aprendizado em termos metodológicos, como o seamless learning, educação transmídia, gamification, mobile learning, aprendizado em rede, storytelling. Tudo isso faz parte de indicadores futuros para preparar hoje quem estará realizando o amanhã. Esse formato não desvaloriza o professor, ao contrário, ele é peça-chave do processo, porém, sozinho não ganha forças para contrapor ao sistema que é submetido, mas a sorte é que não é o único a notar a precariedade, e se torna um agente de mudança para uma visão sustentável, 40 anos a frente. [Webinsider]

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Eline Cavalcanti (@elinecavalcanti) é jornalista pela PUC-Rio, especialista em Marketing de Mídias Digitais com foco em educação e pesquisadora de novos formatos para educação pela UERJ. Mantém o blog Mobility is a way of life.

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