Antes de falarmos de conteúdo, acho importante falar um pouco sobre como a internet e como o conteúdo evoluiu ao longo do tempo, pois para compreendermos o presente e vislumbrar o futuro, é fundamental estudar o passado.
Eu tenho 45 anos e lembro que fiz trabalhos de escola com a Barsa, comprei LP (Long play) e cuidei do laboratório de fotografia na faculdade de engenharia elétrica na Unicamp.
As pessoas ainda se dividiam entre quem tinha acesso ou não à internet. O acesso era discado – traduzindo… conectava-se diretamente na linha telefônica e enquanto estava conectado a linha permanecia ocupada. Para fazer download de arquivos ‘grandes’ de 5 Mb ou 10 Mb era necessário deixar a conexão aberta a noite inteira e torcer para linha não cair.
O e-mail estava vinculado à conta do provedor de acesso. Era comum uma família usar um e-mail único. Os sites eram apenas textos, com raras imagens, pois as conexões eram lentas (lentas mesmo).
Foi a fase dos portais como UOL e o Terra, que pareciam ser as empresas do futuro e que iriam faturar milhões com venda de banners. Publicar conteúdo na internet era complicado e ter um site era um diferencial. Com isso surgiram centenas de produtoras de sites que disputavam para convencer as empresas a criarem sites.
A bolha
O fato é que em 2000 e 2001 aconteceu a crise conhecida como “estouro da bolha da internet”, que foi uma grande quebra das empresas pontocom que receberam investimentos milionários e visavam ocupar espaços neste novo ambiente que surgia. Como o retorno foi menor do que o inicialmente projetado, milhares de pessoas perderam empregos e centenas de produtoras também quebraram. Eu era sócio de uma agência de comunicação digital que também quebrou e em 2002 fundei a Konfide.
Após mais de 15 anos de empreendedorismo digital, percebo que o mais importante nunca foi o lado capitalista da internet, como criar sites, divulgar banners e qualquer outra ação para vender produtos ou serviços.
O mais importante é a conexão que a internet possibilita entre as pessoas e como podemos aprender e ensinar de forma colaborativa.
Qual a importância do conteúdo neste cenário?
Tente pesquisar o significado da palavra conteúdo no Google. Eu fico surpreso em ver a falta de conteúdo sobre conteúdo! O fato é que praticamente tudo na internet é conteúdo. O gráfico abaixo mostra as quatro eras de internet – o início, a era da busca, a era social e a era da mobilidade. É fácil compreender que estamos vivendo o auge da era da busca tendo o Google como líder e a era social com a liderança do Facebook.
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E o que você busca no Google ou no Facebook? Conteúdo, conteúdo e conteúdo.
Durante muitos anos falamos exaustivamente sobre sites em Flash ou não, links patrocinados, sistemas de gestão de conteúdo, como ter uma página no Facebook… mas pouco sobre a importância do conteúdo. A missão do Google é “organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis” e a do Facebook é “dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conetado.”
Qual a diferença crucial da perspectiva de conteúdo? No Google, as pessoas buscam ativamente conteúdo para tomar decisões e no Facebook as pessoas descobrem novos conteúdo a partir dos seus amigos.
Conteúdo é a matéria-prima fundamental para conquistar relevância na internet. A pergunta-chave é “Como você tem cuidado do seu conteúdo?”.
Contratar agências ou criar meu próprio conteúdo?
Cada um toma a decisão que achar melhor, mas quero propor uma metáfora para reflexão. Quem deve cuidar da educação dos nossos filhos? A escola ou os pais?
O interessante é notar que o modelo agência (especialista) e cliente (empresa que não sabe gerar conteúdo) se repete. O problema é que ninguém conhece melhor o próprio produto/serviço do que a própria empresa. Então, como esperar que uma pessoa fora da empresa gere o conteúdo mais relevante?
Na minha opinião é preciso parar de usar o modelo de contratação de agências com escopo fechado e, simplesmente, lembrar que todos estamos aprendendo.
A agência sair do modelo de querer ganhar $$ do cliente e o cliente parar que querer contratar o “mais barato”.
O objetivo de todo conteúdo é ajudar as pessoas a aprenderem e conseguirem tomar uma decisão sobre algo relevante para sua vida. Se neste contexto, a sua empresa ou você estiver presente, é provável que tenha grandes chances de ser contratado. [Webinsider]
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Leia também:
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- Desenhando a sua estratégia de marketing de conteúdo
- A morte lenta do Google (e do Facebook)
- Definindo seus públicos
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- A venda online e a experiência de compra
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Marcio Okabe
Marcio Okabe (@marciokonfide) é palestrante e consultor de marketing digital, sócio da Konfide Marketing Digital e blogueiro (marciookabe.com.br). Evangelista de Joomla!, SEO e Prezi.