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A primeira geração do Macbook Air foi apresentada por Steve Jobs em 2008, naquela célebre cena do envelope. Veja o vídeo aqui:

No dia seguinte, já vendia feito água.

Os primeiros concorrentes surgiram quase um ano depois. Falharam e saíram de linha. Hoje, quase seis anos desde 2008, estamos vendo uma chuva de notebooks parecidos ao Air.

Com Windows, há notebooks com hardware superior aos modelos da Apple. Mas, por que precisam usar a mesma cor do Macbook e, até mesmo, teclado e trackpad tão parecidos para convencer?

Talvez porque não seja preciso um PhD em psicologia ou MBA em administração para dizer que a gente compra primeiro com os olhos e depois com o bolso.

O problema é o legado de atraso que as principais fabricantes de PCs estão nos deixando.

Em um mercado movido a inovação, é incompreensível que as principais marcas não consigam apresentar uma novidade digna de destaque e, principalmente, de investimento na compra.

Atestado de incompetência duplamente exposta, porque também revela a ineficácia na gestão do capital humano entre design e engenharia.

A Apple descobriu isso cedo e soube capitalizar em cima do design, às vezes passando por cima até mesmo do hardware.

É claro que muita gente abandona o Windows porque não aguenta mais tanto vírus, tanta dificuldade e tanta frescura. Mas o design do Macbook e do iMac é, por si só, um trunfo comercial que até agora ninguém conseguiu sequer chegar perto.

Conheço muita gente que não gosta do iPhone por causa da Apple e do iOS. Sim, elas existem. Pergunte se elas topariam ter um iPhone se pudessem colocar Android no lugar do iOS. Ou se o aparelho fosse 300 dólares mais barato.

O próprio iOS é um trunfo de design. Mantendo as devidas e sempre presentes exceções, quem se acostuma ao iPhone nunca mais quer saber de outro aparelho.

Eu não pago 700 dólares no iPhone 5S porque ele vai me oferecer exatamente a mesma coisa que o iPhone 4 oferece hoje, dentro das minhas necessidades estritamente individuais.

Mas, se tivesse 700 dólares de bobeira, compraria porque ele é mais bonito, mais leve e mais resistente. E só.

Design de manada

Esse legado decorre não somente pela incapacidade de replicar um design de sucesso; mas, sobretudo, da incapacidade de oferecer novidades visualmente atraentes.

Por que as fabricantes insistem no mesmo design desde os primeiros notebooks lançados no mercado, há décadas? Uma peça preta, quadrada, que utiliza muito mal os espaços internos e externos. E com teclados incrivelmente ruins, com a notória exceção da Lenovo, que herdou o que havia de melhor dos antigos Thinkpad da IBM.

Por que tanta gente procura – e não encontra – um notebook que tenha teclado retroiluminado para escrever no escuro? Um recurso tão simples, tão fugaz, tão necessário, mas com Windows parece artigo de luxo.

Por que esperaram a Apple se arriscar com uma tela de alta definição (retina) para somente depois lançarem notebooks com resolução equivalente ou maior?

Os notebooks de hoje me lembram o velho Santana, da Volkswagen. Um carro grande por fora e pequeno por dentro. Você entrava e se sentia apertado, mesmo sem conseguir entender ou explicar como isso acontecia se de longe o carro era enorme.

A Apple não é a única a ter engenheiros e designers de qualidade. Então do que se trata? Custo de produção? Medo de inovar e as pessoas não comprarem?

Quem usa Mac há pouco tempo talvez não lembre, mas o Macbook também foi preto. Bem parecido a todos os outros.

A Apple resolveu acabar com o Macbook preto e, anos depois, o Macbook White. Detalhe: milhares de pessoas adoravam aquele tijolo branco. Quase uma arma branca, literalmente.

Foi uma decisão corajosa e comercialmente duvidosa. As concorrentes, em vez de entrarem com os dois pés neste nicho que se abriu, ficaram a ver navios. Continuaram oferecendo notebooks quase que exatamente idênticos. Pretos e quadrados.

Um ano depois do primeiro Macbook Air, a Dell ofereceu durante um curtíssimo tempo um produto incrível chamado Adamo. Foi minha máquina dos sonhos e, se a Dell ainda vendesse, provavelmente eu teria um hoje. Lançaram em 2009 e pararam de produzir em 2010. Quem comprou, dançou.

A Sony também tinha um notebook finíssimo, revestido em fibra de carbono, pesando 0,7 kg. Você não leu errado. São 700 gramas. Significa quase 0,4 kg a menos que o atual Macbook Air de 11 polegadas, que pesa 1,08 kg. Isso ali em meados de 2009 também.

O Adamo não vendeu simplesmente porque a Dell cobrava três vezes mais e entregava três vezes menos em termos de design e engenharia. A Sony cobrava um valor um pouco mais honesto, porém a máquina era lenta demais já para os padrões da época. E com 700 gramas, a bateria durava duas horas em uso real.

Tenho um até hoje, cujo modelo atende pelo inspirado nome de VPCX 115 KX. Típico da Sony.

O Adamo, da Dell, era tudo que o modelo da Sony queria ser e não conseguia. Foi apenas um dos vários produtos bons que a Dell não soube administrar estrategicamente. Tiraram de linha. O Adamo e a própria Dell.

Hoje, quem consegue resistir ao visual do Macbook Air? Muita gente não compra porque é mais caro, porque não quer aprender outro sistema operacional, porque vai dar confusão com os arquivos do trabalho.

Ou simplesmente porque não precisa. E nem por isso deixa de suspirar quando coloca um nas mãos, por ser tão leve e ao mesmo tempo atraente. Além de mais rápido do que a maioria dos notebooks concorrentes com Windows.

Asus, Acer, Toshiba, Lenovo, Samsung e várias outras marcas oferecem concorrentes ao Macbook Air. Se você tirar o nome da fabricante, dificilmente vai ver muita diferença entre eles.

Não existe inovação no tribunal

A Samsung processa a Apple seguidas vezes (e vice-versa) por causa de patentes. Faz isso ao mesmo tempo que fornece hardware e matéria-prima para os produtos da mesma Apple.

Ou seja, a Samsung não tem problema de logística, fornecimento, matéria-prima e nem de hardware. Da máquina de lavar roupa às telas de alta resolução, os produtos da Samsung são ubíquos. Uma palavra que os coreanos adoram.

Por que a Samsung não oferece um concorrente do iMac? Por que os tabletes da Samsung parecem tijolos pretos?

Nada contra a Samsung. Queria mesmo que eles fossem os primeiros – por terem condições reais para isso – a oferecer uma concorrência real ao iMac e ao Macbook.

Até porque, hoje, se a gente quiser comprar um iMac, vamos ter que vender o carro. E a patroa não vai entender essa troca justa. [Webinsider]

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Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.

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Uma resposta

  1. Excelente explanação sobre o assunto. Como diz Valdez Ludwig: “se funciona e não é bonito, então não funciona”.
    Minha opinião é que a grande parte das empresas de tecnologia não têm visão e coragem para quebrar certos paradigmas. O próprio computador é um. Enquanto não existir alguém capaz de projetar imagens no ar ou algo do gênero, então estaremos fadados a sempre ficar olhando para uma ‘tela’, que só muda de resolução e tamanho, nada mais….

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