Plagiar trabalhos acadêmicos é autoenganação

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Há alguns anos, o pesquisador precisava deslocar-se até as bibliotecas para “alimentar” seu objeto de estudo com livros, artigos, periódicos ou revistas sobre um determinado assunto/tema. Atualmente, vivemos na era da informação e a busca de novos “conhecimentos” foi facilitada pela pluralidade de obras e trabalhos acadêmicos encontrados em sites e blogs da internet.

No entanto, um ponto chave vem à tona nesta discussão: o plágio é uma questão de ética ou de formação acadêmica?

Caminhando pelas salas de aulas em algumas universidades, percebo o esforço dos docentes em destacar a necessidade do cumprimento das normas da ABNT para formatação das atividades acadêmicas. Em contrapartida, há questionamentos, por parte dos alunos, sobre a importância do cumprimento de tais normativas em simples resenhas ou fichamentos.

Em razão disso, listo algumas indagações para refletirmos a respeito:

  • Já pensou se você faz um trabalho, o professor avalia-o com nota máxima e você percebe que, dias após, ele aparece postado em um algum site do tipo “Trabalhos Feitos” ou “Trabalhos Prontos”? Para onde vai seu esforço?
  • Será que copiando, plagiando ou “colando” o trabalho de outro acadêmico, eu estarei aprendendo?
  • E quando eu estiver trabalhando em uma grande organização? Será que eu plagiarei o procedimento de outro colaborador?
  • Será que creditarei ao meu colega o sucesso de um trabalho que foi começado por ele e não por mim?

Há muitas divergências quando o assunto são as questões de metodologia de trabalho científico, pois alguns docentes orientam de uma maneira e outros percorrem caminhos distintos. Para unificar estas orientações, as universidades detêm um manual de aplicação de normas técnicas da ABNT a fim de padronizar a aplicação de tais regras que são disponibilizadas pelas coordenações dos cursos. Pelo menos, deveria.

É importante reforçar que o advento da internet contribuiu ao acesso das informações, principalmente daquelas universidades que estão distantes das metrópoles. Todavia, não há motivos para não obedecer tais regras de formatação ou citação exigidas pelas instituições acadêmicas. Por isso, é fundamental “peneirar” estas pesquisas realizadas na “grande rede”.

Mudar para: Meus mestres sempre me alertaram para o seguinte: “você pode escrever uma dissertação cheia de citações, mas cite. E faça as devidas referências no final da obra”. E pode parecer insano o que vou afirmar, mas o educador sente maior satisfação em receber um trabalho com erros técnicos e ter ciência que este foi desenvolvido como o máximo de esforço pelo estudante, do que corrigir um trabalho perfeito e ter que “zerá-lo” por plágio.

A universidade é responsável pela formação acadêmica e mostrar ao discente que ele é responsável também por seus atos. Para tanto, recorro à um trecho do prefácio escrito por Terezinha Rios (2003, p.06) no livro “Programa de ensinagem na universidade: pressupostos de ensinagem na universidade”, organizado pelos educadores Leonir Pessate e Léa das Graças Camargos Anastasiou:

Vale sempre lembrar que a universidade é formadora da cidadania e que uma cidadania democrática implica o exercício dos direitos de todos na sociedade. Um dos direitos dos estudantes é exatamente o de apropriar-se do conhecimento e transformá-lo, para coloca-lo a serviço do bem comum. Para concretizar esse direito, faz-se necessário, por parte dos professores, um trabalho competente, marcado pelo rigor e solidariedade.

O problema não está na utilização dos meios eletrônicos para obtenção de novas fontes. A grande questão está intrinsecamente ligada à formação acadêmica, ética e caráter.

Portanto, a colaboração deve ser mútua, tanto da universidade (formação acadêmica) quanto do estudante (ética).

É um tema para se pensar. E muito.

Referências bibliográficas

ALVES, Leonir Pessate; ANASTASIOU, L. G. C. (Orgs.).  Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para estratégias de trabalho em aula. Joinville, SC: Univille, 2006. [Webinsider]

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Rafael Souza Coelho (rafaelcoelho.consultor@gmail.com) é consultor e professor universitário.

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Uma resposta

  1. Oi Rafael, gostei muito do artigo, pois ultimamente os alunos acham muito fácil, fazer um TCC, pois pagam ou copiam de academicos que ralaram muito para construir sua tese, que leram, pesquisaram passaram noites sem dormir direito para apresentar o seu ponto de vista, ou no que acredita, para depois algumas pessoas que não tem ética profissional simplesmente colar e entregar para o professor como se fosse um premio máximo!! Deveriam pelo menos,quando conseguir um artigo ou TCC em “trabalhos feitos” acrescentar o nome do autor nas referencias acredito que assim não estaria plagiando e sim dando valor neste trabalho!!!

    beijos,
    Iavanilda

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