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Com o anúncio oficial de venda nos mercados norte-americano e brasileiro, a LG inicia formalmente a introdução do seu modelo de TV com tela OLED para o consumidor. Anunciada no início de 2012, a marca e seu principal concorrente, a Samsung, esperaram algum tempo até ter em mãos um modelo viável. Mas, quando chega ao mercado com a nova TV, a LG não se furtou de colocar um preço exorbitante no produto, indicando que ela ficará restrita a um nicho financeiro por um longo período de tempo.

No quesito custo, creio que a relação custo/benefício não irá empurrar consumidores para um ato de loucura, nem com as telas 4K nem com as telas OLED. Eu não tenho bola de cristal nem sou futurologista, mas trata-se de uma simples questão de bom senso. Porque, se por um lado é inegável um grande avanço tecnológico em ambos os casos, por outro a presença de uma tela de LCD com backlight de LED, a custos abordáveis, já nos dá todos os quesitos possíveis para se obter uma imagem de excelente qualidade.

Com o lançamento do modelo top de linha 55EA9800, a LG deixa para trás uma série de indagações justificadas, sem ter apresentado, até agora, explicações detalhadas sobre performance, controle de qualidade, durabilidade e resistência da tela, e principalmente design: a tela agora é curva em vez de plana!

A tela curva é um equívoco técnico

Eu conheço pouco do assunto, mas talvez o suficiente para afirmar categoricamente e sem arrogância de que a curvatura de uma tela de TV de 55 polegadas não é suficiente para atingir o seu objetivo do aumento do campo de visão do espectador.

Pesquisas antigas neste campo, por volta da década de 1940, demonstraram inequivocamente que o aumento do campo de visão em telas pode ser atingido quando a curvatura da mesma atinge valores próximos de 140 graus ou mais. Tanto assim, que o Cinerama foi desenhado para atingir este objetivo durante a projeção simultânea das três películas na mesma tela.

Note-se que estamos aqui falando de Cinerama, com telas gigantescas. Mesmo o Cinerama 70 mm e o Dimensão 150 abraçam este mesmo conceito, com curvatura bastante similar

Eu não estou sozinho em afirmar que este tipo de objetivo dificilmente será alcançável em telas de TV. Geoffrey Morrison, do site C/NET, faz análise idêntica, na qual ele tem a colaboração de cálculo por outra pessoa.

A desculpa dos representantes da LG e Samsung, de que a curvatura da tela de seus modelos facilita igualizar a distância de espectadores fora do centro da tela pode até ter algum valor, mas ela é, em princípio, apenas um apelo estético, e nada mais.

 OLED e durabilidade

O assunto OLED já foi anteriormente explorado aqui nesta coluna. Se o leitor se lembra, à época deste manuscrito algumas dúvidas ainda pairavam sobre e estabilidade eletrônica do composto orgânico usado para a formação do pixel de cor azul.

Supondo que o problema já esteja devidamente solucionado, ainda resta a questão sobre a durabilidade global e a resistência física da tela OLED. A julgar pela análise exposta no site Digital Trends, existem evidências do que o autor chama de “lazy pixels”, que seriam pixels incapazes de acompanhar a velocidade do ciclo de modificação de emissão de luz.

A tecnologia OLED trata da luz emitida por compostos orgânicos, ao nível da superfície da tela, em contraste com as telas LCD, cujas partículas são apenas moduladoras da transmissão de luz que vem de trás da tela. O que significa dizer que a tela OLED é na verdade um retorno às telas de emissão, como CRT ou plasma, enquanto que LCD ainda se trata de uma imagem retroprojetada por luz.

Embora a uniformidade de pixels não seja, aparentemente, prejudicada em uma tela OLED, por conta da sua curvatura, existe uma chance de que a integridade física do painel contraindique a sua aplicação em molduras que não tenham algum tipo de rigidez. Eu não conheço de perto este design, nem consegui dados sobre ele, mas acho pouco provável que a tela OLED da LG não tenha sido reforçada com material de suporte fisicamente adequado.

 As mudanças serão, no futuro, para melhor

Uma das principais mudanças, já incorporada na nova tele OLED da LG é a incorporação de um subpixel extra, na cor branca. Na verdade, o OLED branco nada mais é do que a combinação dos subpixels RGB (vermelho, verde e azul) “ensanduichados” em um único pixel. O resto é conseguido através do uso de filtros, como explicado aqui.

A ideia não é nova: já existe a introdução de uma estrutura LCD com subpixel branco, cujo objetivo é diminuir o perímetro de vazamento de luz com a diminuição da estrutura do pixel, de 3 subpixels por pixel, para 2 subpixels por pixel. Isto é conseguido com a rearrumação da fileira de pixels na tela, de modo a conseguir o mesmo nível de branco. O resultado é fruto de menor vazamento da luz do fundo por pixel, mantendo o mesmo nível de branco, ou seja, maior contraste entre branco e preto!

Na tela OLED, também a introdução do subpixel branco tem o mesmo objetivo de aumentar contraste, porém como se trata de um pixel emissor de luz, o desligamento do mesmo aumenta mais a taxa de contraste.

 Observações a distância

Eu consegui a benesse de observar a TV LG 55EA9800 em uma revenda local, bem ao lado de uma tela 4K de 80 polegadas. A LG estava sendo alimentada com um flash drive contendo material de demonstração, com alto nível de contraste. De fato, o contraste e o nível de preto são exemplares e superiores a tudo aquilo que eu já em qualquer tipo de tela.

Dentro de uma loja não é normalmente possível ter acesso a recursos ou carregar no bolso vídeos da nossa própria referência, a não ser que a pessoa esteja disposta a fazer a compra.

A análise feita em cima da perna não é válida, mas acho pouco provável, de qualquer forma, estar enganado a respeito do que eu vi. Posso até estar me precipitando sobre o assunto, mas não me pareceu que existam maiores méritos do que aqueles observados. Bem verdade que sendo o nível de preto melhor, todo o espectro de cores é automaticamente melhor observado.

Problemas como artefatos de movimento, segundo analistas, ainda persistem na tela OLED, quando mecanismos de compensação são ativados. Nada diferente do que se nota com LCD e plasma, e certamente evidencia que este tipo de problema está restrito ao design dos processadores de vídeo, tais como os interpoladores de quadros e compensadores de cadência, e não ao tipo de tela usado.

Em uma tela com a qualidade do OLED que eu vi não creio que haja necessidade de melhoramentos além daqueles mais básicos, o que implica no desligamento de recursos como contraste dinâmico e compensadores de crominância diversos.

Uma opinião pessoal mais abalizada, só mesmo colocando a TV na bancada, ou, na ausência desta, com o uso de padrões de calibração conhecidos. Aí então será possível aquilatar o que já desconfiamos neste momento: de que a tecnologia OLED, se resolvidos os problemas de durabilidade e de preço extorsivo, será aquela que deverá ficar no lugar das demais, por um longo período de tempo. [Webinsider]

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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5 respostas

  1. Oi, Celso,

    Sim, e as de 50″ mais caras ainda. E nenhuma delas prestava. É por isso que eu ainda toco no assunto. Não basta olhar só os brilhos da tecnologia, é preciso saber quanto ela dura e se é confiável. A não ser que a pessoa seja rica e/ou não dê bola para jogar dinheiro fora!

  2. Paulo,
    mais uma vez, parabéns pelo texto. A Globo já usa telas OLED na monitoração, mas o Custo/benefício não justifica. Eu espero ver uma imagem onde a tela terá 3 Lasers como fontes de luz. Protótipos já existem, mas ainda faltam orçamentos.

  3. Nolan,

    Acho que você tem toda a razão. Na loja onde eu fui, em um shopping frequentado pela classe abastada desta cidade, eu perguntei à vendedora quantas TVs 4K já tinham saído. E ela me disse que eram umas quatro. Parece evidente que se espera números similares para a TV OLED.

    Sinceramente, eu posso até estar falando alguma bobagem, mas afinal qual é o objetivo de se lançar tecnologia para um consumo de uma meia-dúzia?

    Mesmo na área de novidades no mercado de TV, eu não me lembro da faixa de preço ter chegado a este extremo, plasma inclusive.

    Se algum leitor tiver informação ao contrário, por favor coloque na lista de comentários.

  4. Paulo:
    Fica óbvio que este tipo de equipamento está sendo lançado prematuramente,como também está sendo feito com os televisores 4K. Isso se destina com certeza ao pessoal com muito $$$ e que esse mesmo $$$ foi ganho sem esforço,portanto pode ser gasto da mesma forma.OLED nem pensar,ainda mais em tela curva fixa (será que no futuro a gente vai poder curvar e descurvar?) e 4K vou esperar no minimo 2 anos.Aí veremos. Parecem mesmo armadilhas-de-ego.

    Abração

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