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Encerramento previsto, se não me engano, para o fim do ano passado, 2013 viu ainda a presença maciça de projetores de película 35 mm nos cinemas cariocas. Mas, tudo faz crer que os dias desses projetores estão, infelizmente, contados. E com o fim destes, ainda é possível que vários profissionais deste segmento percam o emprego novamente (isto já ocorreu depois da automação das salas multiplex), ou sejam remanejados para outras atividades dentro da cadeia exibidora.

Com o fim da presença do filme 35 mm encerra-se uma das últimas fases do cinema convencional. Antes dele, sumiram as películas em 70 mm, que ficaram restritas a um nicho em algumas partes do planeta. Eu aposto que irá acontecer o mesmo com os filmes 35 mm.

O impacto maior deste desaparecimento se localiza nas mentes e lembranças dos usuários da minha geração, dos sobreviventes das gerações que me precederam e possivelmente de pessoas abaixo da faixa etária de 40 anos.

Na minha infância, se os leitores me permitem contar, eu projetei filmes 16 mm mudos (com perfuração na película dos dois lados) e sonoros (perfuração de um lado e banda ótica do outro). Na casa de um vizinho, eu tive chance de projetar 16 mm com o lendário RCA 400, que usava a base dos telecines da marca, e instalados nas emissoras brasileiras. Nos tempos de cineclubista, eu projetei somente em máquinas Bell & Howell Filmosound, sendo que no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas da Praia Vermelha, eu tive acesso a um Bell & Howell moderno, com cabeça ótica e magnética.

Aprendi a operar 35 mm por causa de um tio meu do interior de São Paulo, o qual, aliás, ficou uma fera quando soube que eu andava fazendo isso escondido, na cabine do cinema dele. No entanto, fora isso, eu nunca frequentei cabines de cinema algum do Rio. Uma certa feita, a cabine do antigo Bruni Tijuca, cuja porta dava para a saída da sala, estava aberta e eu vi de perto os dois enormes projetores e rolos de 70 mm. Soube, bem mais tarde, tratar-se de dois Incol 70/35, cujo dono, o Sr. Roberto Darze, eu conheci recentemente em um dos festivais de Conservatória.

A verdade é que, depois de décadas afastado de projetores, ainda tive a chance de aprender muito com pessoas que militaram na profissão. Tempos atrás, eu fiz uma visita ao Planetário do Rio de Janeiro, por indicação da bibliotecária da Funarte, e ali conheci o Milton Leal, egresso desta área. O Milton é um profissional experimentado, que lutou pela classe na época em que militava no circuito comercial. Foi estagiário e depois operador dos cinemas da cadeia Severiano Ribeiro, tendo aprendido trabalhando, inclusive com os Incol de 70 mm, que ficavam no Roxy.

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Durante a minha visita à cabine do Planetário, eu fiz esta foto com o Milton próximo dos pratos que estavam, na época, alimentando um curta-metragem em 70 mm, exibido para estudantes e visitantes. Ao fundo da foto pode-se ver o projetor Kinoton 70/35.

 O Simplex X-L

Depois de conversar com várias pessoas do métier, soube que a linha Simplex de projetores 35 mm foi uma das escolhidas para as salas do Rio de Janeiro.

Projetores Simplex povoaram praticamente todas as salas do grupo Severiano Ribeiro e os três cinemas Metro (Passeio, Tijuca e Copacabana). Quando o Metro-Passeio foi substituído pelo Metro-Boavista, com projeção 70 mm no processo Dimensão 150, os Simplex foram retirados e substituídos por projetores Cinemecannica Victoria 8.

A instalação dos Simplex, segundo especialistas, se deu por conta da robustez e confiabilidade, a partir do Super Simplex, depois o Simplex E-8, e finalmente o modelo X-L, introduzido por volta da exibição dos primeiros filmes em Cinemascope. Abaixo, o leitor poderá ver um Simplex X-L recuperado aberto, e no topo do corpo do projetor uma cabeça de leitura magnética Westrex R-10, para 4 canais.

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Este projetor está, felizmente, cuidadosamente preservado no seu original, na cabine da réplica do Metro-Tijuca em Conservatória. Apenas as lanternas de arco voltaico tiveram que ser adaptadas para lâmpadas Xenon, já que os carvões são importados, caros e raros no mercado.

 As consequências da mudança de um mais de um século de permanência

Desde o final do século 19 que projetores de 35 mm estão em atividade, passando pelo cinema com formato de academia, pelo Cinerama, pelo CinemaScope e Panavision. E mesmo depois do virtual desaparecimento das projeções em 70 mm, continuaram com o progresso na trilha digital de áudio, até os dias de hoje. Portanto, ninguém, em sã consciência, pode dizer que o 35 mm não é um formato de apresentação de cinema vencedor!

Atualmente e nos próximos derradeiros meses não só imagem como o som são agora substituídos por codecs mais adequados ao novo formato. Sob alguns aspectos, a melhoria técnica é para melhor, pois o projetor digital faz uso de intermediário digital (DI) com scanning de alta resolução, e neste processo a imagem habitualmente trêmula ou com judder da película termina em uma imagem sem nenhum artefato, a não ser aquele introduzido por um sistema de projeção inadequado. Além disso, é possível alterar a cadência sem troca do projetor, e este talvez seja o maior avanço conquistado. Por outro lado, perde-se o apelo da imagem “real” da película, favorecida pela grande maioria dos fãs de cinema.

A imagem da projeção digital pode também ser vítima de lanternas adequadas. No cinema tradicional, usavam-se lanternas de arco voltaico, alimentadas com correntes que podiam chegar aos 130 amperes, nas salas de grande porte e principalmente na projeção em 70 mm, que carece de luz de maior intensidade. Quando estas lanternas foram substituídas por lâmpadas Xenon de arco, que variam em wattagem, a imagem inicialmente mudou para pior. Até hoje, se percebe o efeito de lâmpadas de baixa wattagem, perpetuado na imagem digital. Em muitos casos, a imagem da sala de cinema acaba se tornando inferior em luminosidade àquela que qualquer um pode obter de sua TV, se devidamente calibrada.

Impasse profissional

A projeção digital traz inúmeras vantagens operacionais, no que concerne ao exibidor: imagem e som não sofrem desgastes como na película, e a projeção propriamente dita pode ser programada, já que o sistema em si é similar a algum computador qualquer. Em termos de proteção e segurança, há um aumento na inviolabilidade bastante significativo.

Mas, neste progresso todo há um preço caro a ser pago:

O pior aspecto de todos na mudança da película para o filme digital é a perda de mercado de trabalho de uma profissão condenada à extinção desde a introdução dos processos de automação nos cinemas de salas múltiplas: a do operador de cinema. Nas antigas cabines era comum a presença de mais de dois projetores e de mais de um operador, sem falar no chamado “foguista”, que operava nas emergências das grandes cadeias exibidoras.

Na minha percepção e na de outras pessoas com quem conversei nos últimos anos, a extinção desta profissão é preocupante. Talvez por isso mesmo, a editora canadense Caboose, dedicada ao cinema, tenha feito um esforço recente no sentido de preservar a memória de muitos operadores, com o auxílio dos seus depoimentos na profissão.

O projeto, intitulado “Planetary Projection”, tem a participação de ex-operadores do mundo inteiro. O Brasil está sendo representado até o momento pelo depoimento do advogado Ivo Raposo, que construiu a réplica do Metro-Tijuca acima citada.

Ainda no mesmo projeto pode ser encontrado o depoimento de Thomas Hauerslev, representando o momento do filme 70 mm na Dinamarca. Thomas, para quem eventualmente colaborei com alguns textos, fundou o site in70mm, que é hoje a principal referência na área. Todos os eventos recentes e toda a memória do formato são descritas por ele e por terceiros.

São meritórias todas as iniciativas de preservar o cinema, os seus projetores e os seus técnicos e projecionistas. Sem estes últimos, nós do público jamais teríamos sido brindados com os grandes espetáculos, que tanto nos encantaram ao longo das nossas muitas idas aos cinemas.

Nós passamos por uma época onde havia magia na apresentação dos filmes, cortina se abrindo e luzes se apagando lentamente, música de abertura em grandes espetáculos, e presença maciça de público. As novas salas são tecnicamente modernas, mas a magia se foi, e com ela o público, que prefere hoje assistir filmes dentro de casa. Progresso? Tenho cá as minhas dúvidas. [Webinsider]

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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30 respostas

  1. Trabalhei pouco mais de 10 anos (maio de 1988 a outubro de 1998) no grupo Severiano Ribeiro na cidade do Recife. Comecei como faxineiro, depois contínuo, fiz curso de rádio técnico e fui trabalhar na manutenção dos projetores Simplex que equipavam as salas dos saudosos cienams Moderno, Veneza e São Luiz (hoje tombado pelo município por causa de sua decoração rococó de 1950), os outros dois tiveram seus prédios vendidos ás vésperas da chegada dos cinemas multiplex. Fui operador cinematográfico nos meus últimos 5 anos como empregado da rede, bateu uma nostalgia quando vi a foto desse projetor Simplex.

  2. Já fui operador cinematográfico em várias companhias de cinemas em São Paulo, Paris Filmes, MGM(Metro Golden Mayer) Havai, Serrador, também muitas empresas pequenas, aprendi também a montar e reformar máquinas de cinema, quer dizer, de tudo sei fazer um pouco, já operei com filmes de 8mm, 16mm, 35mm e 70mm, quando falo de 70mm, lembro da máquina Incoll, mais veio a tecnologia, e acabou com nosso sonho, desmontou muitos empresários, faliu vários que pensava em montar um montão de salas de cinema, fazer o que, é a vida, meu sonho seria possuir uma máquina de cinema completa, com o retificador para acender a lanterna a carvão, ou mesmo a lâmpada, queria como doação, pois sei que tem muitos empresários que tem máquinas paradas, sem saber o que fazer com elas, eu pretendia ensinar a outras pessoas como funcionava um cinema, a nossa rival foi a tecnologia, mais o mundo não para, cresce, evolui e prospera, ensinei também a muitos operadores, ao longo de minha vida, por favor, empresários, me doe uma máquina de cinema para um ex-operador, me faça essa alegria.Aguardo ancioso.

    1. Oi, João, eu iria sugerir que você procurasse os exibidores de maior porte, porque vários deles estão jogando fora seus projetores e talvez você ainda desse sorte de conseguir um. Boa sorte, entretanto, espero que alguém leia o seu apelo e lhe conceda este favor, que é meritório.

      1. Olá Paulo Roberto!
        Muito bacana poder conhecer entusiastas no assunto.
        Sou um leigo sendo apresentado a essa forma de arte centenária e cativante. Arte essa que desde seu surgimento vem se adaptando e evoluindo e as vezes não temos a certeza de como eram os primórdios do cinema.
        Recentemente adquiri um projetor COPAL SEKONIC 290 DUAL.
        Não sei ao certo como operar e caso você conheça alguém ou algum grupo que possa me indicar, tenho grande interesse de adquirir uma película para poder ver ao vivo e a cores o passado diante dos meus olhos.
        Desde já agradeço, grande abraço.

  3. Prezado Paulo
    Após um breve período de ausência, é grande minha satisfação poder retomar contato, e poder comentar esta matéria que tanto entristece a nós os cinéfilos.

    Eu tenho acompanhado o fechamento das últimas salas de cinema (a maioria delas) em cidades afastadas das grandes capitais (pois ainda serviam como única fonte de entretenimento em alguns municípios) que ainda persistiam em funcionar. Mas com o advento da pirataria e da internet, uma pequena fatia da sociedade, resiste e opta por pagar ingresso, e ir a uma sala de cinema (tipo Multiplex), mesmo assim em decadência no Brasil, talvez pela crise que assola a economia do país. Então Paulo na atual conjuntura só nos restará contentarmos em adquirir bons filmes em Blu-Ray, e investirmos em nossas salas de Home Theater, mas não podemos deixar de citar todo parque técnico de equipamentos analógicos de 35 mm ainda em condições de funcionamento, que fatalmente acabarão armazenados em algum galpão, ficando encostados e ocasionando seu sucateamento. Triste e revoltante também é a situação de toda uma categoria de profissionais projecionistas, que ficarão sem função “se forem” aproveitados nas atuais salas multiplex. É a mesma coisa de aposentar “compulsoriamente” uma pessoa que obteve por décadas, uma bagagem de experiência profissional que não se aprende em cursos teóricos. Esses técnicos dessas máquinas não operavam tão somente essas máquinas, eles davam vida a uma arte de movimento, a uma tecnologia que querem sepultar. O cinema de hoje é feito em sua maioria (com poucas exceções), dentro de estúdios com tudo computadorizado e cenários virtuais. O cenário atual é que o cinema nos dias atuais, está sendo produzido só dentro de ilhas de edição. Estações de trabalhos baseados em servidores da Apple, agora fazem o que centenas ou milhares de figurantes faziam nas cenas de multidão. Aí finalizando essa triste estória, só podemos chegar a uma conclusão. As produtoras e empresas exibidoras, agora só pensam em continuar exibindo seus filmes, mas com o mínimo de custo e com a maior plateia pagante possível “reduzindo gastos, utilizando pouco material humano, tanto na produção como na exibição final do filme. O cinema que estamos assistindo hoje acabará sendo feito, como é produzidos os programas de televisão, é só esperar para ver. Um forte abraço Paulo

    1. Oi, Rogério,

      Bem vindo de volta. Eu concordo com tudo o que você escreveu, mas gostaria de ser um pouco mais otimista no que concerne à maneira de fazer cinema, porque eu noto que os atuais diretores de seriados de TV se esforçam um bocado para narrar os episódios como e fosse cinema e o contrário não acontece, mesmo nos filmes mais banais.

      Não sei se você já viu, mas o Ivo Raposo terminou a sua réplica do antigo Café Palheta e dentro dela fez um pequeno museu de projetores, alguns dos quais estavam indo para a sucata bem recentemente. A matéria está nesta página: http://br74.teste.website/~webins22/2017/07/17/memoria-dos-projetores-de-cinema-em-conservatoria/. Se tiver um tempo, dê uma lida.

  4. Renato, obrigado.

    O Ivo manda me dizer que, na opinião dele, este tipo de projetor poderia vender por 200 a 300 reais, dependendo do estado de funcionamento.

    Com isso você e ele atenderam à leitora, e eu novamente os agradeço pela ajuda.

    A propósito, o texto sobre o seu blog foi editado ontem.

  5. Bom dia Paulo! Com relação ao projetor RCA 16mm da sra Suerly o preço dependendo do estado do aparelho fica mesmo em torno de 500 pratas , eu tenho um em casa e projeto meus filmes nele e não venderia nem pelo dobro pois é um dos melhores aparelhos nessa bitola de projeção, o meu inclusive já está adaptado com um amplificador transístorizado , isso devido a dificuldade de arrumar válvulas na época. Grande abraço.

  6. Olá, Suerly,

    Eu não conheço o mercado a ponto de te dar uma informação precisa a este respeito, mas eu prometo passar esta tua dúvida a pessoas da minha confiança que lidam com isso.

    No Ebay é possível comprar um RCA 400 por cerca de 500 reais, e talvez seja este um bom ponto de partida.

  7. olá tenho um projetor rca model 400 serial 29/30 16 m m ,equipament mi-1311
    gostaria de vender mas não sei o valor , você poderia me ajudar.

  8. Boa noite Senhores apaixonados pela 7º Arte. Eu recentemente tive a única oportunidade de comprar um Big Projetor de Cinema de 35 MM da Marca Triunpho, um verdadeiro gigante. Sou antiguarista e passeando de ferias na cidade de Itapira SP encontrei essa raridade e não vacilei em mudar meus planos e voltar pra casa com essa joia dentro do carro que foi quase raspando o assoalho na pista, valeu muito a pena. abs

  9. Olá, Carolina,

    Impasse mesmo. Eu desconheço esta doação de projetores que você menciona, mas também eu não vivo neste métier e assim o melhor seria contactar quem vive.

    A minha sugestão seria escrever ou telefonar para a Projecine (http://www.projecine.com.br/), que é do ramo e que recuperava, até certo tempo atrás, projetores 35 mm e 70 mm para revenda.

    Você pode falar com o Charles (telefones e e-mail estão na página do site), e pode dizer que é leitora da coluna, mencionando o meu nome. Eu te garanto que se ele souber de alguma doação por aí não terá problemas de te orientar a este respeito, ou então conseguir alguma fórmula de emprestar ou alugar um projetor 35 mm para que vocês possam terminar o documentário.

  10. Olá Sr Paulo Roberto.
    Li agora sua matéria pois estou numa pesquisa à procura de doação de projetor de cinema 35mm; fácil né?. A situação é que estamos gravando na produtora em que trabalho (TRILHA MIDIA) um doc sobre a história de um cinema centenário que se encontra interditado e sofre reformas no interior de SP . A questão é que temos acompanhado o processo todo e chegou num ponto em que o cinema e o seu dono, um senhor de mais de 70 anos, apenas possuem arquivos de filmes neste formato e o projetos que o cinema utilizava após a reforma apresentou falhas que não compensam o conserto. Então tanto ele como nós estamos numa encruzilhada ao ter feito todo o investimento e agora o cinema não ter projetor. Uma tristeza. Então além de gravar a história estamos tentando ajudar nessa procura pois sabemos que com a mudança algumas empresas têm doado esse tipo de equipamento. Se vc tiver alguma dica, agradeceremos muito. Desde já obrigada!

  11. Olá, Luis Antonio,

    Em primeiro lugar, muito obrigado pela leitura e pelo comentário.

    Eu tenho a esperança de que esta memória não se apague, e dentro do possível e do que está ao meu alcance, me junto àqueles que fazem um esforço neste sentido.

  12. Paulo,

    Sou cinéfilo desde adolescente. Procurando me aprofundar em aspectos técnicos, com muito prazer descobri este artigo seu.

    A onda digital é realmente definitiva. A publicação de seu artigo e minha leitura devem-se à Internet. Mas cabe a cada um de nós manter viva a história dessa arte que tanto nos encanta, como você faz muito bem.

    Agradeço imensamente.

  13. Olá, trabalhamos com antiguidades na área lúdica e temos uma grande coleção de projetores e lanternas mágicas, a maioria funcionando.
    Além do que se pode ver no site, temos uma incrível peça que está para ficar pronta por esses dias, o fabuloso Cinematógrafo, a arco voltaico. Funcionando!
    Gostaríamos de convida-lo, bem como a todos que se interessem pelo assunto, a conhecer a nossa loja.

  14. fui operador de cabene de cinema a1987a2004 ate hoje nao esqueço e muito boa essa profiçao e trabalho ate por meio salario

  15. Oi, Celso,

    É possível. O projetor digital é alimentado por um disco rígido codificado, e que funciona de forma semelhante a qualquer mídia ótica.

  16. Concordo plenamente com o avanço tecnológico.
    Tenho observado nos multiplex de S.Paulo sessões dubladas e legendadas do mesmo filme, na mesma sala. Creio que isso se deve ao formato digital. É isso?

  17. Oi, Celso,

    É por isso que eu acho que existe uma chance, mesmo que remota, da película ainda se manter em uso por mais algum tempo.

    Por mim, ficariam os dois, cabendo ao exibidor ou ao público escolher um dos formatos. Mas, diante da realidade, isso tudo virou algo surreal.

    Agora, eu posso te garantir uma coisa: eu sou 100% pró avanço da tecnologia, e se estou parecendo fazer sobre isso um discurso que alguns poderiam até achar reacionário, é porque a película foi a base de referência para o avanço do digital, e não o contrário, percebe?

  18. Olá, Paulo,
    Para mim, muita emoção em ler seu texto e dos comentaristas.
    Faltam-me as palavras.
    Só não sei como os pequenos exibidores, caso aqui da praça, vão arrumar dinheiro para a troca dos aparelhos.

  19. Tresse,

    Já que vão abolir, porque então não serem educativos e criarem um museu de cinema decente?

    Aonde estão os projetores da Globo, em que exposição eles podem ser vistos?

  20. Paulo, a “evolução” tecnológica é inevitável. Eu desativei as salas de Telecine da Globo e enviei os Projetores para o Museu da Imagem e do Som. O importante do seu texto, com os comentários dos seus colegas, é que eles sejam registrados para que sirvam de orientações para as gerações futuras. Não pare de escrever.

  21. Aos leitores:

    Recebi uma mensagem particular do Ivo Raposo, achei ótima, por ser uma mensagem de alguém que trabalhou em cabines ainda adolescente, e as conhece como ninguém. Transcrevo a seguir, para conhecimento de todos:

    Oi Paulo,

    Nosso amigo comentarista navega em outros mares pois o conjunto de águas que desaguavam naquela projeção, a lampada incandescente, tais como, ir de encontro ao rolo de filme e transporta-lo, carregar o projetor, ficar atento para não estragar o filme, observar a reação dos assistentes, ouvir o ruído do projetor, sentir o cheiro da lampada aquecida e do acetato ou celuloide do filme, desenrola-lo etc etc, o que faz da projeção cinematografica uma atividade inesquecivel e nostalgica. Nada mais sinto,sentado em uma sala gélida, assistindo a uma projeção 4 ou 10K ,por faltar o grande ingrediente: a magia a que voce se refere no artigo. (Sem falar no conteúdo dos digitais de hoje).

    Obrigado, Ivo.

  22. Prezados Andre e Eder,

    A escolha do assunto não foi minha. Explico por que: eu deixo os meus textos na pauta do editor do Webinsider e é ele que decide se e quando os textos são publicados no site.

    Concordo que coincidiu o fim de ano com um tema que nos deprime. Mas, a verdade é que nos estamos atrasados nesta substituição. Na Dinamarca, por exemplo, eu tenho a referência do Thomas, que me disse que lá já mudou tudo desde o ano passado.

    Consolo? Claro que não. E concordo que muitos cinemas irão ter dificuldade de trocar, e assim é possível que a distribuição de filmes em película irá continuar em paralelo.

    Pessoalmente, eu tenho receio da substituição ser feita por projetores de má qualidade. Se muitos exibidores fizerem isso, eu sou um que paro de ir ao cinema.

  23. Em minha opinião, a maior perda foi o cinema de 70 mm. É difícil, senão impossível, descrever para um jovem atual o que era aquela experiência antes disponível em várias salas, mesmo do interior.

  24. Saudações, Paulo!

    Que triste artigo para fechar o ano: Aposentadoria dos Projetores 35mm.

    Bom, como bem sabe eu amo a película 35mm e seus projetores, esse conjunto a meu ver é uma obra de arte – os fotogramas formando a imagem em movimento, coisa incrível. Criada há mais de 100 anos!!!

    Aqui no Brasil eu não acredito que a película seja totalmente substituída antes do final de 2016 – se for para não perder nenhuma sala pequena, conforme disse o diretor-presidente da Ancine.

    Entre todas as coisas que o amigo citou que se acabaram e, com elas, a magia do cinema, falta dizer nos projetos arquitetônicos dos cinemas do futuro onde não haverá cabines… Para mim acabou o cinema… Shows, games, jogos, propagandas na tela onde o principal sempre foi o filme. Sinceramente o cinema está caminhando para o fim!

    Hoje com a tecnologia os projecionistas são substituídos por técnicos de informática… Ganhando cerca de pelo menos 35% a menos, sem contar que com os acordos de VPF, os exibidores são obrigados a contratarem os serviços de NOC – que acompanham em tempo real cada sala de cada complexo exibidor. (Deixam de pagar o profissional de cabine, com anos de experiência, e acabam tendo que pagar – muito mais caro – por um profissional remoto!)

    Como diziam os Demônios da Garoa: “Pogressiu, pogressiu nóis já ouviumos fala.”

  25. Olá, Nolan,

    É verdade. Porém, o que de fato impulsionou a mudança foi a preocupação com a vigilância do material filmado, para evitar o vazamento para a pirataria. Aparentemente, não adiantou nada, porque qualquer um acha dezenas de sites de compartilhamento, com vídeo chegando a 1080p em formato comprimido.

    Falando em história pessoal, o meu pai, que não tinha grana para jogar fora, me deu um projetor 16 mm mudo alemão, da marca E. K. A. (soube que eles ainda têm um representante em Londres) quando eu completei oito anos de idade, e que era algo fantástico. Mas, era preciso alugar filmes, como você se lembra. E o meu pai ia lá na Mesbla e acabava pagando o que não podia, naqueles rolos de 400 pés de filmes mudos.

    Resultado: o E. K. A. não durou nem dois meses nas minhas mãos. Um dos amiguinhos da rua, neto e filho de gente abastada, ficou de olho e a avó dele fez uma proposta de compra ao meu pai irrecusável.

    E eu, que tratava aquele projetor a pão de ló, tive o desprazer de vê-lo inutilizado e jogado no lixo pouco tempo depois. Segundo eu soube, deixaram tombar o aparelho e cair no chão quebrando vários componentes.

    É por isso que ainda hoje em dia, eu admiro muito as pessoas que tem coleções de projetores, tratadas com todo o carinho. São peças de engenharia sofisticadas, e que nos permitiram conhecer aspectos do cinema que, de outra forma, seria impossível.

  26. Oi Paulo:Ainda tenho vários projetores em casa,sendo quatro de 16 mm,todos funcionando muito bem.O mais antigo é um Movicor a manivela com lampada incandescente de 60 watts e o mais novo,um Bell Howell que ganhei da Som Livre,um dos ultimos modernos. Da mesma forma que ouvir vinil,passar filmes dava trabalho.Eu ia de bonde até a Mesbla,alugava desenhos e docunentários em rolos pesados,e passava em casa no meu Victor 40.Uma trabalheira.Hoje encaixo um pen-drive na minha TV e tenho uma excepcional imagem em HD.No mechanics.Temos sim,que nos render ao progresso.Em breve,ou quase agora,os arquivos digitais em um cinema serão injetados diretamente em uma gigantesca tela oled de 400 polegadas e/ou projetados com lampadas LED deextrema alta potência com consumo no minimo de 1/3 das lampadas xenon.Solução ecológica e “no mechanics”! Sinto saudades também dos velhos projetores,era apaixonado pelo “Cine mecanica” italiano,mas…Não há comparação possivel com o que existe hoje.Como eu te disse,assisto em casa imagens melhores do que em um cinema de rua.Fazer o que?

    Abração

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