As empresas devem investir no marketing feminino

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Basta olhar nas salas de aula das universidades, dos cursos técnicos ou livres, para notar quão expressivo é o número de mulheres que procura desenvolver-se intelectualmente e profissionalmente. São elas que, mais do que nunca, lutam para conquistar e manter a independência financeira, mesmo que para isso precisem se submeter a duplas jornadas de trabalho. Ao abrir uma bolsa de mulher também é possível conferir seu poder de compra: além dos inúmeros cosméticos de beleza, há também livros, agendas, celulares, carnês de pagamento (dela e do marido) e, ainda assim, dinheiro na carteira.

No Brasil, a renda da mulher é 28% menor do que dos homens, de acordo com levantamento realizado em 2011 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2013, elas receberam em média R$ 1.343,81 enquanto eles ganharam R$ 1.857,63. Resultados recentes da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) mostram que, em famílias com casais, em pouco mais de um terço delas (37%), a mãe é a única ou principal assalariada. Há praticamente 22 milhões de mulheres chefes de família no Brasil atualmente.

Não há como fugir, elas estão com tudo. E diante de tamanho poder de decisão, o marketing direcionado ao público feminino tem ganhado espaço. O Instituto de Pesquisa e Inteligência em Marketing Feminino Sophia Mind divulgou um dado bastante positivo: a maioria das mulheres compra ao menos uma peça de roupa por mês. A pesquisa analisou os hábitos de consumo de moda de 2.290 brasileiras, entre 18 e 60 anos, e identificou suas preferências e os fatores que podem ou não influenciar a decisão na hora da compra. Entre as entrevistadas, 55% das mulheres disseram comprar alguma peça de roupa mensalmente ou bimestralmente e 22% gastam mais de R$ 200,00 por mês com vestuário.

Mas, quem pensa que os únicos objetos de desejo das mulheres são roupas, sapatos e produtos de beleza, engana-se. Especialistas na área acreditam que o sexo feminino detém mais de 100% do poder de compras em relação aos homens em áreas que vão desde alimentos a carros e imóveis. O escritor e consultor em Comunicação Estratégica e Marketing, Mario Persona, explica que com o aumento do nível de escolaridade das mulheres surgem também maiores oportunidades de ocupar cargos mais elevados no mercado de trabalho, o que se traduz em melhores salários. Além disso, a mulher brasileira tem demonstrado um perfil bastante empreendedor e são muitas que hoje dirigem suas próprias empresas. “O mercado precisa se adaptar. Antigamente apenas o homem da casa comprava o carro, hoje as mulheres participam mais ativamente da escolha e da decisão de compra. Já é possível perceber determinadas marcas de automóveis, computadores, celulares ou outros produtos direcionados especificamente a mulheres. Há casos de modelos de automóveis que são eleitos como preferidos das mulheres e essa tendência acaba surpreendendo até os fabricantes, que inicialmente não tinham essa intenção”, explica o consultor.

Por serem mais sensíveis que os homens, num primeiro momento pode até parecer ser mais fácil se comunicar com elas, porém, mulheres são mais exigentes na hora de fazer a compra inicial. Elas querem uma marca que fale às suas cabeças e aos seus corações. Que as entenda. Que reconheça suas necessidades, valores, padrões, sonhos. Querem uma marca que diga: “Azar, essa não é a nossa estratégia”, mas diga “Fale o que você quer e vamos fazer disso a nossa estratégia”, como bem explica Faith Popcorn, em seu livro “Público-alvo: mulher – Oito verdades do marketing para conquistar a consumidora do futuro”.

Por pouco que tenha sido a participação de alguma empresa no marketing feminino, sempre haverá tempo para se aventurar nesse terreno fértil. Mas é preciso cautela. As mulheres são exigentes e é preciso ter sensibilidade para conseguir agradar a este público e fidelizá-lo. As mulheres são calorosas e gostam de propagandas que evidenciam esse lado humano. Seu senso próprio e de prioridades faz com que elas sejam atraídas por determinados tipos de apelos de marketing e as afasta de outros. É importante mostrar mulheres atraentes, decididas, calorosas, porém, não perfeitas. Deve-se evitar usar modelos ridiculamente belas. Elas não se atraem por fantasias, mas sim estereótipos reais, isso explica o sucesso de campanhas de empresas como a Dove e Natura. É preciso compreender seus sonhos, entender suas expectativas de vida, apoiar suas prioridades e ainda massagear seu ego. O desafio é grande, porém, quem souber explorá-lo terá em mãos a mais importante propagadora de marcas da história. [Webinsider]

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Camila Garcia é jornalista e Assessora de Comunicação Corporativa da Universidade Guarulhos (UnG).

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