Fazer um site para uma empresa é relativamente fácil. Quer dizer, segue uma série de etapas que são mais ou menos padrão. Mas, o que fazer para planejar o site de uma religião? Como apresentar uma crença, uma proposta espiritual, algo tão abstrato e ao mesmo tempo tão hermético sem afugentar ou confundir ainda mais as pessoas?

De acordo com a Wikipédia, religião é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais.
Esse foi o desafio que me apareceu algumas semanas atrás e que eu gostaria de compartilhar. E para quem está se perguntando, sim gente, eu fiz o planejamento para o site de uma religião. Eles também têm público-alvo, objetivo de comunicação, mensagens para transmitir, independente de você acreditar ou não.

A encomenda

Neste caso, precisávamos de um site com foco no público-alvo jovem e com baixa escolaridade, que é a grande maioria dos membros da religião em questão, e que precisam de mais informação para poder falar sobre suas crenças e rituais, entre eles e com outras pessoas. Uma demanda legítima.

.

Apresentar o conteúdo na linguagem e canais certos

Acho que o maior problema, neste e em muitos casos parecidos, é que, quando uma instituição decide mostrar as caras na internet, nem sempre os tomadores de decisão que contratam o site ou portal estão cientes de como a comunicação funciona nesse meio. Especialmente por estarmos falando de crenças e coisas abstratas, que são difíceis de quantificar ou exemplificar.

Na verdade, na maioria das vezes, eles não entendem como a comunicação funciona de jeito nenhum e o que acaba acontecendo é a produção de mais um site genérico (ainda que possa ser bonitinho), recheado de conteúdo que não interessa para ninguém, escrito em uma linguagem estranha ou, no caso das religiões, literalmente hermética.

Os milagres do benchmarking

Em primeiro lugar, é importante lembrar que para trabalhos difíceis também é possível encontrar boas referências. Nesse mundo nada se cria, mas também não é tudo que se copia, porque cada caso é um caso.

Dois sites que fizeram parte do benchmarking desse trabalho merecem ser destacados aqui como caso de sucesso na interlocução com esse público e na transmissão de informação de forma eficaz. Um deles, é o da cientologia.

.

O site da cientologia tem seu conteúdo inteiro replicado em vídeo, com ênfase em uma navegação vertical. Praticamente tudo o que é dito sobre a igreja, princípios e suas crenças é dito por meio de depoimentos bastante pessoais de seus membros, no formato de vídeo e com o apoio de algumas apresentações em multimídia.

Uma das coisas mais interessantes é que você pode encontrar no site outros cientologistas, filtrados por interesses pessoais e profissionais, e conhecer um pouco de sua história de vida, com ênfase no sucesso de suas carreiras, em uma linguagem bem acessível e conhecida do público.

Outro caso parecido é o site mórmon, onde apesar do menu horizontal, praticamente a tela toda antes da rolagem fica ocupada por um espaço para vídeo. O site permite buscar pessoas por idade, sexo e etnia, e conhecer um pouco de sua história, facilitando assim a aproximação por afinidade, como no caso da cientologia.

Nos dois sites fica bem claro que o objetivo é a interlocução com os jovens interessados na doutrina por meio de identificação. Então, existe alguém que está conseguindo falar de uma coisa complicada de forma simples para este público.

O pulo do gato, na minha opinião, foi trazer o conteúdo em vídeo e filtrado por perfil de usuário, já que o conteúdo em vídeo é fácil de digerir e vem ganhando cada vez mais aceitação por essa faixa etária.

.

Não é receita de bolo

É importante lembrar sempre que o site de uma religião é como outro qualquer. Tirando o fato de que nenhum site deveria ser igual a outro. Com base em gráficos e com o benchmarking de outras religiões com objetivos e público-alvo parecidos, foi possível encontrar um norte para o que poderia funcionar neste caso. Mas o vídeo não é a salvação da lavoura para qualquer site.

Agora, entendendo a estratégia por trás da decisão tomada é válido sim um benchmarking do que está dando certo. Ou seja, quando você sabe exatamente com quem você quer falar e o que quer que essa pessoa faça, estudar um pouco como ela se comporta na internet e ver quem está fazendo isso certo são as melhores chances de se ter um planejamento de sucesso.

Ah, e respondendo à pergunta do início do artigo, existe salvação sim, para qualquer tipo de site. E a solução está em entender a demanda de comunicação bem e conseguir transmitir a mensagem desejada para o público certo, utilizando, é claro, a linguagem e os canais que ele está habituado a utilizar. Neste caso, como em muitos outros, o conteúdo, dependendo de como for tratado, pode ser seu maior aliado ou pior inimigo. [Webinsider]

…………………………

Leia também:

• Modelo de briefing
• Produza conteúdos institucionais que funcionem
• Principais passos para o planejamento de um site

…………………………

Conheça os cursos patrocinadores do Webinsider

• TreinaWeb – Cursos de Tecnologia da Informação – treinaweb.com.br/cursos-online

Beatriz Lins

Bia Lins (bialins@gmail.com) é jornalista com MBA em comunicação corporativa. Atua em comunicação digital, portais, redes sociais, marketing, planejamento, tecnologia e inovação. Mais no Linkedin.