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“O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo”. (Retirada da Wikipédia, a definição de Capitalismo)

Podemos comparar a definição acima como a que mais se aproxima desse fenômeno, substituindo o antigo feudalismo:

“O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média”. (Retirada da Wikipédia, a definição de feudalismo)

Note que os dois sistemas econômicos são baseados no modelo relação das organizações e nos que nela produzem. É uma análise que define a relação dono/gestor das organizações versus quem nela trabalha.

Ou os critérios que fazem alguém ser o dono e o outro ser serviçal ou empregado.

Se fôssemos procurar precisão, teríamos o feudalismo, baseado nos feudos. E o industrialismo, baseado na indústria e não capitalismo, baseado no capital. Ou no feudalismo, o uso de baixa taxa de capital e no capitalismo, a alta taxa de capital. (Assim, o nome tem um problema de berço, mas vamos adiante.)

A capacidade alterar os gestores

Na verdade, o que define ambos os critérios é o modelo de organizações que temos na sociedade é a capacidade que temos de alterar os gestores, donos ou representantes políticos.

O feudalismo tem algo de hereditário, seguindo o modelo da monarquia e do papado, em que o nome da família e a tradição faziam toda a diferença, com forte presença religiosa de representantes escolhidos por Deus, com sangue azul, que o iluminismo tratou de questionar intensamente.

O capitalismo, da mesma maneira que a república, que pode ter a questão da família, é um sistema mais aberto, pois, teoricamente, permitirá que pessoas de fora possam montar e criar seu negócio. (O modelo atual é muito mais aberto do que o feudalismo, que me desculpem os críticos.)

O espírito do capitalismo versus o do feudalismo é igual ao da república versus a monarquia.

Não seria interessante para a sociedade basear as suas organizações, das quais todos dependemos, em critérios hereditários, pois o gestor pode ser eficaz, ou não. Seria necessário que ele pudesse mudar, sem grandes violências, através da competição do mercado e do voto. Este foi o espírito da Revolução Francesa, a mais ideológica de todas, entre a Americana e a Inglesa, nas décadas anteriores.

Assim, podemos dizer que o que define o espírito de uma época é algo que nos traz um modelo de posse das organizações e que tem um espelho nos modelos de decisão política, que marca o DNA de todas as organizações da sociedade.

Hoje, vivemos o binômio capitalismo (donos de organizações) e república (escolha pelo voto) na maioria das regiões do mundo, ou nas mais influentes.

Modelos evoluem conforme a complexidade demográfica

Podemos chamar esse binômio, como tenho feito, de um modelo de governança da espécie, que molda toda a sociedade, caracterizando uma época ao longo de alguns séculos.

O que podemos analisar com o aprofundamento da Antropologia Cognitiva é que há uma relação entre o Ambiente Cognitivo e a Governança da Espécie.

Diferente do que achávamos antes, não é a economia e a política que definem o modelo de governança, mas os tecnocódigos disponíveis! A nossa tecno espécie é condicionada pelas tecnologias cognitivas disponíveis, que introduzem novos tecnocódigos na sociedade e que nos permitem experimentar novos modelos de governança da espécie.

Estes novos modelos evoluem, conforme a complexidade demográfica exija.

Podemos, olhando o passado, analisar que:

  • A governança oral-manuscrita foi a base para que tivéssemos o binômio feudalismo-monarquia;
  • Assim como a governança oral-impressa foi a base para que tivéssemos o binômio capitalismo-república.

Em ambos os casos, o que tivemos na passagem de um para o outro foi a necessidade de tornar as organizações mais dinâmicas, através de um modelo de governança que permitisse troca rápida de comando, a partir da ineficiência dos gestores e aumento de participação da sociedade na posse das organizações, através da possibilidade de abertura de negócios em pequenas empresas ou de compra de ações nas empresas maiores.

Podemos dizer, assim, que a governança oral-impressa, capitalismo/república foi moldada e possível em função dos tecnocódigos impressos que tínhamos, até então, disponíveis.

Agora, vivemos a chegada da governança digital e novos tecnocódigos.

O que as organizações nativas digitais apontam, através do uso de novos modelos de tomada de decisão, é o uso intenso dos algoritmos de colaboração de massa, que permitem que possamos modificar de forma ainda mais dinâmica os gestores, o que certamente serão aplicados no modelo de posse das organizações e na escolha dos representantes políticos.

Um vendedor do Mercado Livre, por exemplo, que presta um mal serviço rapidamente será identificado como tal e perderá espaço no mercado – esse é o vírus que está se espalhando, como ocorreu no fim da Idade Média.

Esse modelo que se utiliza de rastros digitais (voluntários e involuntários) para identificar problemas é algo completamente novo, só possível no ambiente cognitivo digital e tenderá a ser usado no modelo de posse das organizações e na mudança dos representantes políticos.

É uma questão de tempo.

Haverá, mais e mais, a participação do consumidor cidadão no dia a dia das organizações, criando uma espécie de uso intenso de colaboração de massa, à procura de organizações mais representativas.

Hoje, já podemos, com os novos tecnocódigos, decidir com muito mais diversidade do que antes, veja mais detalhes sobre isso.

Dessa maneira, podemos, pela mesma lógica, dizer que já há indícios evidentes que começamos a estruturar algo que podemos chamar de pós-capitalismo, que na falta de um nome melhor, podemos chamar de Colaboracionismo, radicalizando ainda mais o que foi iniciado, a partir do papel impresso em 1450.

Teremos uma mudança dupla. Um novo modelo de posse ainda mais aberto das organizações e uma República Digital, na qual em ambos os casos teremos o uso intenso de Algoritmos de Colaboração de Massa para definir os gestores que são mais representativos da sociedade para mantê-los ou mudá-los.

Motivo: um mundo muito mais habitado que exige organizações mais dinâmicas e representativas. É isso, que dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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