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Acreditar e crer são coisas diferentes. Acreditar é dar crédito. Acredita-se no comprovado e mensurado. Acredita-se no fenomenológico.

O discurso politico é recheado de números. O diagnóstico médico é probabilístico. O casamento é um contrato. O futebol é uma estatística. A performance escolar é um boletim. O valor da obra de arte é um preço. O sonho é uma pensão de aposentadoria. Um objetivo de vida é uma poupança. Uma marca é uma pesquisa quantitativa.

Já crer é outra coisa. Crê-se no imaginado e sonhado. Crê-se no imanifesto. Crer é fé.

Um feliz acaso linguístico coloca criar e crer com o mesmo radical. Criar seria pois um ato de fé. Como crer.

Criar, como crer, não tem comparação nem confrontação. Nenhuma criação é melhor que a outra, assim como nenhuma crença vale mais que outra. Criar não tem comprovação nem mensuração. Criar vem do nada e não das coisas.

A taxa de inflação não deixa o povo mais feliz. A probabilidade de viver não evita a morte. A separação de bens não garante o amor. Uma galeria de troféus não assegura um campeonato. A nota 10 não é condição para o sucesso. Preço de arte é demanda e procura. Aposentadoria é sonho de fim (de vida). Guardar dinheiro serve para construir caros mausoléus.

E o amor a uma marca não se constrói com numeros. Se constrói com fé, coragem e ideia. Com Criação. [Webinsider]

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Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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