Não é raro ouvir o discurso de que as Redes Sociais Corporativas (ou ESNs – Enterprise Social Networks) vieram substituir a velha intranet. Seria essa uma lógica meramente oportunista, propalada pelos players de ESNs para ganhar atratividade e mercado? Ou faz sentido?
Já em 2012, em artigo para o Webinsider, essa temática me incomodava. Afinal, esse é um segmento onde não faltam desilusões e buzzwords, o que prejudica a sua evolução. Seria novamente o caso?
Quase dois anos depois, o cenário está muito mais claro. O que antes era uma discussão que destacava o antagonismo, agora parece caminhar para a soma.
Nesse período, os players “puro sangue” de Redes Sociais Corporativas ou foram comprados ou tiveram que mudar sua abordagem – mas, em ambos os casos, o resultado prático é que agora atuam em um escopo bem mais ampliado do que antes.
Aqueles que foram adquiridos, passaram a integrar uma proposta mais robusta de portal (como é o caso do Yammer, comprado pela Microsoft e cada vez mais integrado ao SharePoint). Uma variante nessa linha é a Sitrion (que antes se chamava NewsGator), que já focava em oferecer uma camada social ao SharePoint mesmo antes da aquisição do Yammer.
Os que permanecem no mercado como produtos stand alone passaram a desenvolver eles mesmos capacidades ligadas à gestão do conteúdo e à integração com os demais sistemas legados – coisas que eram focos claros das intranets, não das ESNs. Esse é claramente o caso dos produtos da Zyncro e da Jive, para citar dois que impressionam pela robustez e pela velocidade com que estão evoluindo.
Esses movimentos fazem com que a proposta das Intranets Avançadas e a das Redes Sociais Corporativas se aproxime, como nunca antes – mas elas nunca serão iguais.
Diferentes visões de mundo
Embora estejam chegando gradativamente ao mesmo ponto comum, o caminho percorrido é inverso, o que, de certa forma, explica aquele antagonismo inicial.
Intranets nasceram, nos idos de 1996, para publicar conteúdo (e vieram evoluindo, adquirindo novas camadas, a ponto de incorporar uma abordagem social). Mas seu DNA é “document centric” – e isso permanece tanto no mind set das pessoas quanto na própria estruturação das plataformas de portal, que certamente evoluíram, mas mantiveram sua estrutura mais orientada ao conteúdo.
Não por acaso, quando você cria uma intranet, as primeiras perguntas que surgem são: “Que conteúdos vamos colocar lá? Qual será a Arquitetura da Informação?” – confere?
Já a abordagem da Rede Social Corporativa é nativamente focada em pessoas (e não no conteúdo). As primeiras questões, ao construí-las, são sempre sobre que grupos formar e o que vai constar no perfil…
Fica claro que a abordagem é diferente. Mas conteúdo sem colaboração nos remete às velhas e mofadas intranets 1.0 – o que não funciona. E colaboração sem ligação com conteúdo e legados faz com que a rede social interna fique desconectada do negócio e exija do usuário o uso de ferramentas complementares, o que também é ruim.
A ordem dos fatores altera o produto
Assim, embora intranets (avançadas) e redes sociais corporativas (avançadas) tendam a se aproximar do tripé “Conteúdo, Colaboração e Integração”, a trajetória é oposta.
Intranets começaram pelo Conteúdo, viram a necessidade de integrar serviços e sistemas, para só então surgir a necessidade de incorporar uma camada colaborativa (movimento que ficou mais forte com o advento da Web 2.0).
Já as Redes Sociais Corporativas miravam na Colaboração – mas então começaram a notar que os documentos não sumiram, muito menos os sistemas legados. E é ali, também, que o trabalho e o negócio acontecem. Desceram então para incorporar, gradativamente, Conteúdo e Integração ao seu escopo.
Pode-se dizer que uma das coisas que faz uma intranet ser considerada “avançada” é o fato dela agregar uma camada social (“Social Intranet” é um dos muitos termos desse universo, inclusive). Já a Rede Social Corporativa, ironicamente, será tão mais avançada quanto passar a oferecer uma boa experiência na gestão dos conteúdos, além de oferecer conectores e integrações com outros sistemas legados.
Que caminho seguir
E então, o que é melhor – intranet ou rede social corporativa?
Você já deve ter notado que não existe resposta certa (ou única) para essa pergunta. Como sempre, a escolha se dará a partir das prioridades de negócio e também será influenciada pelas escolhas de TI já feitas no passado.
Mas, se os DNAs são diferentes, a ênfase também é, nos levando a uma primeira reflexão: preciso de uma gestão de conteúdo mais robusta, provendo colaboração como um elemento complementar? Ou, ao contrário, minha meta maior é conectar as pessoas, onde o conteúdo é importante, mas não protagonista?
A única coisa certa é que o chamado “Digital Workplace” (expressão que, ao lado de “Social Business”, vem ganhando força justamente por não se prender a uma ferramenta ou categoria de software específica) está cada vez mais consolidando seu papel de elemento integrador.
Colaboração e Conteúdo precisam sempre ser vistos como o binômio indissociável, base para termos uma plataforma que de fato suporte a geração de conhecimento e de inovação.
Com a consolidação do conceito e do seu espaço nas organizações, vem também a consolidação do próprio mercado de ferramentas e plataformas, ainda que partam de pontos diferentes, como vimos. Isso certamente é, a um só tempo, reflexo da maior maturidade e propulsor de resultados cada vez mais consistentes, pois vencemos o debate conceitual e podemos focar no que realmente interessa: como obter maiores ganhos para a organização se valendo dessas plataformas. [Webinsider]
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Ricardo Saldanha
Ricardo Saldanha é especialista em Digital Workplace e ex-presidente do Instituto Intranet Portal. Atualmente atua como Key Account na Totvs Private.
Uma resposta
Concordo contigo Saldanha. Uma intranet é baseada em comunicação e integração e a camada social vem pra ajudar você a melhorar ainda mais a comunicação.
Abraços
Fabio