Cannes 2014. O que rolou enquanto rolava a Copa

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Como todo ano em junho, aconteceu o Lions Festival, o Festival de Cannes. No caso, o de publicidade, não o de cinema.

Se bem que dá para você passar uma semana no Festival sem ver uma palestra específica sobre publicidade. Dá uma olhada em alguns dos palestrantes: Jared Leto, Sarah Jessica Parker, Sir Patrick Stewart, Dr. Neil de Grasse Tyson, Rob Lowe (que substituiu Gisele Bundchen), Bono, Courtney Love, entre outras estrelas.

O Festival investe forte em ser um espaço para a criatividade e não mais exclusivamente de publicidade. E isso, sem dúvida, tem sido o grande motivo de ano após ano ele tornar-se um destino (ainda mais) popular entre publicitários e profissionais de comunicação de todas as áreas.

Tradicionalmente o Brasil sempre tem umas das maiores delegações do evento, porém em 2014 o time foi desfalcado, justamente por causa da Copa do Mundo. Alguns veículos muito importantes de internet, como o UOL e Globo.com, não enviaram nenhum representante, pois focaram todos os esforços aqui no Brasil e na Copa.

Minha experiência este ano ano diferente das anteriores, já que a empresa em que trabalho atualmente montou um quartel general na Croisette (a famosa avenida de frente para o mar) com uma agenda bastante agressiva de contatos comerciais. Não é algo novo, todos os grandes grupos fazem isso, mas para uma empresa de tecnologia como a MediaMath não é algo assim tão comum.

Assim, minhas atenções ficaram dividas entre o Palais e as reuniões comerciais.

Optei por evitar as palestras mais publicitárias e fazer jus ao que o evento se propõe: explorar criatividade e inovação.

Das poucas apresentações voltadas diretamente ao meu dia a dia profissional, marquei presença no duelo de duas empresas que já foram definidas como o maior mecanismo de busca da internet. Bem, o Google ainda é, mas o Yahoo há tempos deixou de ser. E, na verdade, o Google há tempos é muito mais que um mecanismo de busca.

Comparando Google e Yahoo

Enfim… Google e Yahoo tiveram seus 45 minutos na grade da terça-feira, no auditório principal do Festival.

Comparando pau a pau, como dizemos por aí:

Por palestrante

Ambos vieram com pesos-pesados. O Google com Nikash Arora, seu chief business officer, e o Yahoo com a CEO-superstar, Marisa Mayer.

O engenheiro do Google fez o que os engenheiros do Google sempre fazem: esforçou-se ao máximo para parecer humilde e gente-como-a-gente, até arrancou algumas gargalhadas da plateia.

Marisa… bem, os fotógrafos à beira do palco enlouqueceram, coisa de estrela de primeira grandeza que ela é. Usou o “teleprompter” com maestria, como se tivesse tudo na ponta da língua. Mas não tem jeito, fica muito frio e ensaiadinho.

Por conteúdo

Jabá. Dos dois lados.

A diferença é que o Google vem em grande estilo, com Google Glass, Projeto Íris (não conhecia, achei muito bacana, aliás), acesso à internet via balões e os famosos carros sem motorista.

Já o Yahoo… não consigo entender porque fazer sua CEO expor-se desta forma, em uma apresentação de formatos comerciais, que poderia ser feita por qualquer executivo de vendas.

Por harmonia

Enfim, ficaria muito difícil para qualquer um apresentar-se depois do Google e seus exemplos de inovação, afinal é isso que você espera em um evento como Cannes.

Mas, Marisa lendo um texto super forçado não convenceu, apesar de sua simpatia e naturalidade.

Enfim, sem dúvida a apresentação do Google foi a que cativou mais, apesar de ter sido um desfile de vídeos com o mesmo modelo de entrega de conteúdo, trilha e montagem. Quando apresentados em sequência, a partir do segundo ou terceiro, fica tudo igual, frio, sem naturalidade.

Outros convidados

jaredDentre as estrelas, Jared Leto deu um show, apesar de sua enorme ressaca (admitida pelo próprio): a palestra começou na dinâmica “pergunta óbvia-resposta chata”, mas ele rapidamente se cansou e pediu para acenderem as luzes da plateia para que pudéssemos fazer perguntas. Isso é totalmente contra as regras do festival, diga-se de passagem. Mas aí a coisa ficou super interessante, sem dúvida um dos destaques da semana.

Para não dizer que não abordei publicidade: tenho ouvido muita gente dizendo que mídia programática foi destaque no Festival. Eu não entendi assim, até porque em nenhuma palestra do principal auditório ela foi objetivo de conversa. Mas, nos espaços satélites dentro e fora do evento e entre uma garrafa de rosé e outra, sim, ela foi pauta bastante discutida.

Em termos de prêmios, o Brasil, ao contrário da Copa, teve um grande desempenho em Cannes, ao receber 107 Leões e um Grand Prix inédito em mobile, além do também até então inédito prêmio na categoria Innovations da Isobar Brasil (ex-AgênciaClick). O pessoal do Meio&Mensagem fez um bom apanhado da parte mais “convencional do festival.

Para encerrar: Courtney Love cantando Never Go Hungry Again ao vivo. [Webinsider]

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Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.

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2 respostas

  1. Oi Augusto, obrigado pelo comentário.
    TED e SXSW são dois eventos completamente diferentes entre si. E ambos completamente diferente de Cannes. os 3 tem audiência, formatos e objetivos totalmente diferentes.

  2. Vamos falar a verdade, o nível criativo deste festival foi fraquíssimo, por isso o BR se destacou.
    Em relação aos assuntos, esse festival precisa se reinventar. Ninguém aguenta mais do mesmo. Por isso SXSW e TED estão em alta.

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