“Os membros da sociedade de consumidores são eles próprios mercadorias de consumo, e é a qualidade de ser uma mercadoria de consumo que os torna membros autênticos dessa sociedade”.
Zigmunt Bauman (Sociólogo – 1925 – )
O onipresente Facebook, para sobreviver e maximizar o lucro de seus acionistas, adotou um modelo de negócios baseado em publicidade, mas não um modelo qualquer.
Imagine que o Facebook possui algoritmos capazes de contextualizar banners de acordo com seu perfil, posts e atividades (por exemplo curtidas). Em outras palavras, este seu “eu digital”, que de certa forma define quem você é, não passa de um produto para o Facebook.
Em termos computacionais, uma base de dados que é “vendida” para anunciantes, pois somente assim é possível realizar a tal arte da contextualização ou publicidade dirigida. Só para você ter uma ideia, em 2013 o faturamento do Facebook atingiu US$ 7,9 bilhões de dólares! Ao que parece, a coisa funciona muito bem.
Ello
Quando uma nova rede social surge no cenário virtual com um manifesto na primeira página, onde diz que “você não é um produto”, chama a atenção. Esta rede chama-se Ello. Com visual simples, no estilo do Tumblr e sem qualquer outro recurso extraordinário, a Ello promete não vender seu eu virtual não adotando o velho modelo de publicidade.
Não existe o botão curtir ou algo semelhante e você só entra na rede via convite. De acordo com o pessoal da Ello, mais de 31 mil pessoas estavam se cadastrando por hora! Como a Ello pretente se manter no ar? Bom, uma opção já declarada é a de vender serviços adicionais e cobrar dos usuários que fizerem o upgrade. Vale lembrar que este modelo, conhecido como freemium, foi adotado com sucesso pelo LinkedIn.
Em fevereiro de 2015 o Facebook vai apagar as velinhas e lá se foram 11 anos. Está mais que na hora de termos algo diferente neste nosso universo virtual social.
A questão é: a Ello vai resistir a uma oferta bilionária de Mr. Zuckerberg? Instagram e Whatsapp já debandaram. E tome banners na cabeça.
Notas
Algo curioso é encontrar usuários da Ello com o rosto coberto pelo logo da Ello (um círculo preto com uma linha, fazendo um sorriso). Isto ocorre quando o usuário usa o “Ello Facemaker tool”, o qual permite colar o logo sobre o rosto, para esconder a identidade.
Referências e links
- Site da rede social Ello
Livros
- BAUMAN, Z. (2008) Vida para Consumo – A transformação das pessoas em mercadorias. Zahar Editora, Rio de Janeiro.
- KEEN, A. (2012) Vertigem digital – Porque as redes sociais estão nos dividindo, diminuindo e desorientando. Zahar Editora, Rio de Janeiro.
- LANIER, J. (2010) Your are not a Gadget. A Manifesto. Phaidon Press. New York, NY.
[Webinsider]
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Ricardo Murer
Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.