Cinquenta Tons de Cinza, o filme, não tem pegada

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Fifty_Shades_of_GreyO filme mais esperado de todos os tempos pelo universo feminino, simplesmente decepcionou!

A saga escrita por E. L. James em três densos volumes revela um Christian Grey bilionário, jovem, lindo e com gostos sexuais bem peculiares e uma Anastasia Steele estudante de literatura, tímida e ingênua, que se esforça, mesmo em meio à tanta confusão, em satisfazer os desejos de seu grande amor!

Uma reprodução cinematográfica quase nunca retrata de maneira fiel o que se passa nas narrativas, mas dentro do possível, é preciso apresentar uma sucessão de cenas coerentes. No entanto, o filme tem seu enredo muito solto, em algumas partes as falas ficam confusas e para quem não leu a trilogia, deve surgir uma série de questionamentos ao longo da história.

Na verdade, o primeiro filme não deixou aquela vontade de assistir aos demais e a esperança é que haja uma continuação bem estruturada da história, pois com certeza a opinião dos leitores foi unânime.

Talvez o grande problema tenha ficado a cargo da expectativa gerada em torno do que seria um sucesso de bilheteria; apesar da presença do grande público, muitos estão indo ao cinema pela simples curiosidade.

Grey é interpretado por Jamie Dornan, um ator que deixou aquém o porte arrogante e dominador do verdadeiro, e uma Srta. Steele um pouco apagada em comparação à postura, muitas vezes firme, passada pelo livro. O esperado era uma exposição abreviada dos acontecimentos, não uma série de pequenos trechos sem nexo.

Fifty-Shades-of-GreyA história poderia ser marcada por um narrador onisciente, ou seja, aquele que além de observar, sabe e revela tudo sobre o enredo e os personagens, até mesmo seus pensamentos mais íntimos, como também detalhes que até mesmo eles não sabem; isso situaria o espectador e tornaria o filme mais conciso.

O conturbado amor deixou para trás detalhes importantes do primeiro livro de 480 páginas. Já que a intenção era exatamente apresentá-lo, alguns personagens deveriam ter aparecido e isso não aconteceu; outros aspectos para se entender tanto a vida de Grey quanto a de Anastasia também não foram nem citados.

Na síntese solta, o espectador fica sempre à espera de que o acontecimento seguinte amarre o anterior. Além disso, sente-se falta de mais autenticidade por parte dos atores – a presença forte de Christian Grey não foi bem marcada, faltou postura, mais arrogância e aquele ar de poder peculiar ao Sr. Grey.

A torcida fica para uma reprodução mais feliz dos outros dois livros, com uma história bem escrita e estruturada através das marcas de uma boa narrativa. Enquanto isso, tomara que as críticas e apelos cheguem aos ouvidos de quem produziu e dirigiu o best-seller mais lido pelo público feminino. [Webinsider]

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Kelly Lopes é professora de Língua Portuguesa e Literatura e apaixonada por livros.

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