Por que a internet das coisas é inevitável

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Internet-das-coisasA internet já foi uma “rede mundial de computadores”, já foi chamada de “rede de pessoas conectadas” no auge do jargão “Web 2.0”; agora, e com razão, é uma “rede de coisas”.

Coisa? Coisa é aquele termo que se usa quando não se sabe exatamente o nome de determinado objeto; ou, simplesmente, quando ele não tem um nome. “Coisa” pode ser qualquer coisa (viu?) e, neste contexto, entram aqui veículos, vestuário, mobiliário, eletrodomésticos ou, grosso modo, tudo aquilo que não seja orgânico (a conectividade orgânica seria o passo seguinte).

A primeira vez que uma geladeira conectada foi anunciada, eram frequentes os céticos comentários sobre sua aplicabilidade. “Para quê uma geladeira conectada à internet? Para acessar o Facebook enquanto estou na cozinha?”, ouvi.

E aí está o primeiro preconceito a ser desmitificado: Internet não é (só) a WorldWideWeb; devemos parar de pensar Internet como ferramentas gráfico-visuais (sejam elas websites, social networks ou aplicativos) e encarar que o melhor termo para definir o que hoje chamamos de internet é “conectividade”; e isto significa troca de informações, relações de input e output ou, usando uma liberdade poética nerd, um exacerbado mundo de IF-THEN-ELSE.

Aceitar esta abordagem é abrir um mundo de possibilidades; é entender que o conceito de rede galática de Joseph Carl Robnett Licklider (grande JC!), hoje travestida de Internet, inaugurou uma nova era na humanidade.

Lembrando do professor Ubirajara (o “Bira”), que nas aulas de história explicava a periodização da história, onde tivemos:

  • Pré-história: do surgimento do homem (~4.000 a.c.) ao surgimento da escrita;
  • Idade Antiga: até 476 d.c, com a queda do Império Romano do Ocidente;
  • Idade Média: até 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turcos, tendo o sistema feudal como modo de produção característico;
  • Idade Moderna: até 1789, a Revolução Francesa e o surgimento do modelo de produção capitalista;
  • Idade Contemporânea: diz-se vir até os dias atuais, tendo a “Nova Ordem Mundial” (governança global) como expoente.

Sinceramente? O contemporâneo já passado. A instantaneidade desta conectividade faz com que o presente não exista; estamos sempre reagindo imediatamente. Nem falar da própria Idade Contemporânea. A conectividade alterou as relações sociais e comerciais, as estruturas de poder, a troca de valores e, claro, o acesso à informação. E isto rompeu com o que até então entendíamos como contemporâneo.

A Internet das Coisas – IOT, para os íntimos – é mais um capítulo da expansão desta relação descentralizada do fluxo de dados e da organização em teia (web). Tudo e todos podem estar conectados, e cabe à nós entender como trazer praticidade e utilidade com isso.

O acesso universal às informações e serviços da rede é a aplicação mais óbvia; como poder usar o Spotify no rádio do meu carro ou que o aperto de mão entre dois contatos permita que seus respectivos relógios de pulso adicionem as pessoas em sua lista de contatos.

Mas, tomando como premissa o entendimento que internet é conectividade e não websites, redes sociais, aplicativos, estas ‘coisas’ conectadas podem ser ensinadas a seguir uma árvore de decisão baseada em regras definidas pelo usuário conscientemente (“dizendo” previamente à ‘coisa’ o que fazer em determinada situação) ou inconscientemente (baseado em seus hábitos, gostos e pré-interpretação de suas vontades).

O nível mais simples de programação comportamental dessas coisas pode ser observado no popular aplicativo IFTTT (“If This Than That”), renomeado recentemente para, apenas, “IF”. O app baseia-se em relação de causa-consequência para automação de funções em ferramentas digitais (Facebook, Instagram, e-mail, etc) e físico-conectadas (Hue, Nest e outros dispositivos de automação).

O ponto aqui não é falar do IF, mas usá-lo como referência ao processo de educação das coisas que estarão conectadas, ou seja, o nível inicial de automação das coisas será responder a uma causa única:

  • “Geladeira, se acabar o leite, peça mais 4 caixinhas no supermercado online.”
  • “Ok, entendido!”
  • “Escritório, tá vendo no GPS que eu estou chegando? Pode ligar o ar-condicionado.”
  • “Blz! Vlw Flw!”

Tudo ficará ainda mais interessante quando os IF-THEN-ELSE passarem a trabalhar com mais variáveis:

  • “Armário, saiba que: quando eu acordar, escolha a camisa que eu menos usei nas últimas duas semanas e deixe-a mais acessível; se estiver mais de 23C, escolha uma de manga curta; mas se eu tiver reunião com meu chefe nesse dia, que seja uma lisa.”

Ou, para aquelas pessoas não habituadas ao pensamento codificado de causa-consequência, bastaria a “coisa” observar a repetição de comportamentos humanos para estabelecer padrões e preferências e, aí, antecipar-se a uma situação.

Pensamento:

  • “Hummm, todo ano o Zé esquece de dar presente de aniversário pra namorada que, aliás, também gosta muito de rosas colombianas. O melhor preço pra comprar online é no site X, mas precisa pedir com 5 dias de antecedência pra chegar a tempo”

Mensagem para o Zé:

  • “Diga “É mesmo!” para confirmar que você esqueceu que o aniversário da Paula daqui 5 dias e confirmar o envio de rosas colombianas por R$ xx,00″

Típica situação respondida com: “Nossa, obrigado despertador! Não sei o que faria sem você…”

E se TUDO estiver conectado, o que mais você poderia fazer? [Webinsider]

…………………………

Leia também:

Avatar de JC Rodrigues

JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.

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Uma resposta

  1. JC essa tendência de internet das coisas vai demandar mais e mais fluxo de dados de internet, muitas vezes sem nem mesmo a gente perceber. Pequeno exemplo: A TIM por alguma razão começou a detalhar cada acesso do meu telefone à internet na conta. A de abril veio com 26 páginas detalhando mais de 1.100 acessos. Evidentemente que eu não acessei a internet pelo telefone 1.100 vezes em um mês, o que ocorre é q pude enxergar o quanto o telefone acessa a internet “sozinho” por diversas razões. O mesmo acontece e acontecerá mais e mais com a internet das “outras coisas”. Ao mesmo tempo estamos vendo as operadoras limitando o acesso, sobre-taxando, e agora no lugar de diminuir a velocidade quando vc atinge o limite mensal de tráfego, está bloqueando o acesso, a menos que vc pague (ainda)mais. Já li aqui e ali que a tendência é que as operadoras de banda larga em algum momento em um futuro próximo passem a fazer a mesma canalhice. Então estamos caminhando para um momento em que com todas as “coisas” se conectando o tempo todo e demandando mais e mais acesso, o acesso está ficando mais caro e limitado… Quem vai vencer essa queda de braço?
    Tem outro fator. Acho que ainda existe um caminho EXTREMAMENTE longo (se é que um dia ele vai chegar ao final, eu sinceramente duvido) a se percorrer na programação da “inteligência” dessas coisas. Não sei se sou exceção, mas me irrito frequentemente com sites/computadores/eletrônicos em geral que usam algum algoritmo que tenta antecipar meus desejos e necessidades pq no mais das vezes erram feio. Desde o Netflix que a partir dos meus “hábitos” me sugere filmes e seriados q eu não assistiria nem amarrado, passando pelo sites de compras que me sugerem produtos pelos quais não tenho nenhum interesse baseados nas minhas compras anteriores e navegação passada e chegando ao restaurante aqui de perto que incluiu uma tecnologia que reconhece meu cartãozinho vip quando eu entro e cujo sistema me sugere pratos q considero intragáveis baseado no que já comi anteriormente. Isso tudo sem falar naquele dia que vc vai chegar no escritório com dor de garganta e o encontrará congelando pq o sistema detectou pelo sinal do teu celular que vc estava nas proximidades e ligou o ar que vc não queria… Pode até ser um futuro inevitável, mas eu não em entregarei sem resistência… No mais, parabéns pelo artigo.

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