A culpa é sempre do mordomo… Ou do consultor

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

mordomo_culpadoQuando um projeto tem sucesso é comum encontrarmos dificuldade na hora de identificar quem foram os donos da ideia, os pais da criança.

Todos os envolvidos querem a vitrine: um empreendedor obstinado, um grande time capaz de realizar coisas incríveis ou um investidor visionário que soube, desde o princípio, que aquilo só poderia dar certo.

Contudo, quando o fracasso acontece é muito mais fácil identificar o responsável: a culpa é do mordomo ou do consultor.

O “consultor” brasileiro não é uma figura muito bem apreciada em muitos círculos corporativos e, constantemente, é associado com piadas pejorativas.

Por exemplo: consultor é o sujeito que olha o seu relógio, diz que horas são e manda um boleto em seguida.

Claro que existem maus consultores que ajudaram a criar essa visão negativa, mas maus profissionais existem em todas as profissões e nem por isso foram qualificados da mesma forma. O que há de errado com o consultor brasileiro? Nada.

O que está errado é o entendimento de empresários a respeito das atividades e responsabilidades de um consultor. Esse erro fica mais evidente em empresas de pequeno e médio porte, já que nas grandes a cultura em relação a esses profissionais é mais madura.

Para exemplificar, posso descrever as atribuições de um consultor de comunicação e marketing, que é a minha área.

Basicamente, estudamos o cliente, os produtos, o meio, os públicos, os canais, os concorrentes, as tendências e os riscos.

Desenvolvemos um pacote de estratégias, com grupos de ações, com a finalidade de atingir um objetivo preciso.

Com tudo planejado, definimos as métricas e os prazos que servirão para avaliar se as ações previstas estão caminhando bem.

Findado todo o trabalho estratégico, cabe ao consultor passar as orientações à equipe operacional e, em alguns casos, acompanhar o desenvolvimento.

Coaching, mágica e milagres

Muitos contratantes procuram na figura de um consultor uma mistura de coaching, mágico e santo milagreiro. Alguém que conseguirá resolver problemas “impossíveis” com poucos recursos e um time de profissionais deficientes.

Muitos filmes são baseados nesse modelo: um técnico encontra uma equipe sem grandes destaques e, com seu carisma e determinação, faz com que o time saia vitorioso após uma jornada empolgante.

Também adoro esses filmes, mas a maioria deles não passa de roteiros romanceados de uma história bem diferente. É como as histórias das empresas que surgiram em garagens no Vale do Silício. Lendas motivacionais.

A verdade é que consultor não resolve problemas. Consultor, por ser um profissional especializado em determinado assunto, encurta a curva de aprendizado de uma empresa, aponta soluções baseadas na experiência que adquiriu em projetos e empresas diferentes, leva senioridade ao time, mas mesmo assim, não é ele quem coloca o ovo em pé.

O consultor diz como ele deve ser colocado, qual o tipo de ovo que pode ser utilizado, o quanto dele pode ser quebrado para a realização perfeita do truque, quanto investimento é necessário, quem pode fazê-lo e quais os riscos envolvidos no processo.

Se o cliente decide, baseado em suas crenças, que deve fazer qualquer coisa diferente do que foi orientado, por não ser um grande conhecedor do tema e ter outras atividades fim, existe uma grande chance de algo fora do planejado acontecer.

O consultor tem sempre razão? De forma alguma. Mas a chance de acerto de um profissional especializado é muito maior. Ele conta com um leque muito maior de conhecimento e experiências, inclusive mal sucedidas, para lhe amparar.

O problema é que grande parte dos empreendedores brasileiros construíram suas empresas baseados no feeling e em suas habilidades. Com isso acabam seguindo instintos, alterando partes importantes do planejamento, cortando ações ou alocando profissionais pouco qualificados para as tarefas, colocando o sucesso da operação em risco.

Passei por esse processo muitas vezes e afirmo: é uma experiência frustrante e angustiante.

Não é fácil ver o Titanic rumando ao mar enquanto você, desesperadamente, tenta avisar o dono da companhia que aquele capitão, por mais bacana que seja, não deveria estar no comando ou que seu imediato deveria ser outro que não seu sobrinho.

Enfim, fica o alerta aos que procuram por milagres, eles não existem. Receita de bolo para o sucesso de um projeto não existe, mas para o fracasso é muito simples: basta não conhecer bem o que está fazendo e, mesmo assim, insistir em fazer. [Webinsider]

…………………………

Leia também:

Avatar de Marcelo Vitorino

Marcelo Vitorino (@mvitorino_) é palestrante e consultor de comunicação, marketing digital e gestão de crise. Mais informações em seu site pessoal.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *