Defendi aqui a ideia de que novas tecnologias alteram a nossa tecno-cultura.
Dito isso, vou defender a ideia de que não existe nada mais radical para a nossa tecno-cultura do que a chegada de novas tecnologias cognitivas reintermediadoras.
(Reintermediadoras, pois abandonam antigos intermediadores e criam novos mais sofisticados, do ponto de vista do gerenciamento do número de membros.)
Por quê?
Os limites tecno-culturais podem ser dividido em dois: físicos e cognitivos.
Vejamos:
- Um trem mais rápido supera nossos limites físicos de deslocamento, abrindo portas para um conjunto de mudanças de mobilidade.
- A internet supera nossos limites cognitivos de pensar, aprender, nos relacionar. No fundo, uma expansão tecno-cognitiva amplia os limites do nosso cérebro.
E é o cérebro o epicentro da espécie e produtor de toda a cultura, incluindo tecnologias.
Assim, antes de tudo, novas tecnologias cognitivas reintermediadoras expandem, antes de qualquer coisa, a capacidade cerebral do ser humano, que passa a ser uma espécie mais sofisticada em termos de potencial.
(Além de mudar a plástica cerebral sem pedir licença para a espécie, conforme já defendia McLuhan, no século passado, com a sua famosa frase: “O meio é a mensagem”.)
Passa a poder fazer cognitivamente coisas que não podia fazer.
Nestes momentos nossa espécie altera seu status: saímos do Homo Sapiens 2.0, baseado na escrita, que superou o 1.0, Oral, para um Homo Sapiens 3.0, digital.
Muitos avaliam essa evolução como uma questão moral. Éramos melhores antes, não evoluímos, pioramos, etc. Falsas questões.
Toda espécie animal, não esqueçam que somos uma, tem apenas um problema fundamental e vários secundários: sobreviver, com quanto mais qualidade, melhor.
E o grande problema da sobrevivência sempre estará ligado à demografia. Dez leões comem uma zebra, 20 comem duas e assim por diante. Quanto mais leões, mais zebras precisam aparecer no supermercado!
Assim, cada espécie terá um modelo de governança-comunicação compatível com o tamanho dos membros.
A tecno-espécie humana, a única tecno do planeta, não tem estes limites. Diferente dos outros animais, nossos modelos de governança-comunicação não é fixo. Os outros animais são escravos da sua genética, pois eles vivem na ecologia.
Nós, como somos, uma tecno-espécie, criamos uma tecno-governança e uma tecno-comunicação, que nos define como espécie, vivendo em uma tecno-ecologia.
Ao inventarmos e termos massificado a escrita, o Homo Sapiens 2.0, conseguiu criar uma sociedade de 7 bilhões de habitantes, que chegou ao seu limite de melhoria de qualidade.
O Homo Sapiens 2.0 era um parente mais próximo dos mamíferos, com seus líderes alfas e manadas. O Homo Sapiens 3.0 será um parente mais próximo dos insetos, com o modelo de rastros organizativos (algoritmos e participação), mais próximo dos formigueiros.
O salto em direção ao digital é a tentativa da criação de um novo patamar de governança, que possa abrigar, de forma mais adequada, 7 bilhões de pessoas, em direção a previsão de 9 bilhões, em 2050. Precisamos criar uma tecno-sociedade compatível com o novo patamar demográfico que criamos. Nem pior e nem melhor, apenas mais adequada.
Implantar o Digital é entrar em um macro-movimento em direção a:
- compreensão, aceitação, adequação e convívio com os novos Homo Sapiens 3.0, já em mutação, gerações que estão vindo;
- a implantação de novos modelos de governança, que incorporem a participação de massa, via algoritmos.
É isso, que dizes? [Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
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