A estrutura do jingle é basicamente feita de uma melodia fácil, cantada a muitas vozes, com a letra falando de um produto e uma base musical simples.
à parte a estrutura musical clichê para os nossos ouvidos de hoje, acho que a extinção dos jingles, assim como os conhecíamos, deve-se a uma mudança de comportamento dos públicos. O mundo mudou, os formatos agora são muitos, infindos e o recado do jingle não chega mais aos ouvidos atentos e desejosos por emoção.
Estamos na era da experiência! Quem gosta de ser abordado pela vendedora que está na cara que precisa bater a sua meta? Quem gosta de ouvir o som da cancela do shopping que fica falando que o shopping X agradece a sua visita enquanto retarda a sua saída? Da mesma forma é um alívio abaixar o som da TV ou do rádio na hora do intervalo. Não queremos mais ser abordados por essa venda pouco discreta que insiste em empurrar algo que a gente não precisa.
Queremos nos sentir bem, envolvidos, queremos atmosfera, qualidade e o bla bla bla publicitário, o chamado bife, nos incomoda. O jingle entrega o bife, é a venda cantada. Tem algo mais ultrapassado e chato?
Não há mais espaço para esse formato de comunicação. Agora queremos ouvir boas historias, boas ideias, queremos entretenimento, experiências, valores, apreciamos marcas responsáveis, queremos sonhar.
Jingles são muito concretos, não contam historias desinteressadamente, no final tem sempre o tal do produto que você precisa comprar. A gente gosta de cantar. Quem vai querer cantar uma música com letra que fala de um produto? Ok, é possível ainda algum jingle tirar de você um sorrisinho no canto da boca porque a piada era boa. Mas piada também cansa e pode desafiar a inteligência dos mais atentos.
A linguagem dos comerciais vem mudando, as mídias vêm se deslocando, nosso comportamento também. Não estamos mais na frente da TV, nossa atenção esta dividida com o celular, esta mais concorrida e agora escolhe rir das bobagens dos amigos nas redes sociais em tempo real, autentico e verdadeiro conteúdo. Não queremos produtos cantados.
Não ha mais espaço para piada ou o chiclete do jingle virar jargão em rede nacional. Eles vivem agora na nossa memória afetiva dos tempos de criança. Fizeram parte da nossa cultura e eu agradeço por isso!
O que o substituiu?
Não há um substituto para o jingle; agora temos outros formatos que interagem de maneira mais sutil com a gente, como logos ou assinaturas sonoras, uma trilha bem feita que emociona, que anima, que salta aos ouvidos.
A Intel é um exemplo de um sinal sonoro que não sai da cabeça. O logo sonoro da Coca já virou ação em supermercado e vídeo viral na internet, a Vivo entoa seu coro no final dos comerciais. Mas há outras interações na mídia da vida cotidiana, como o som dos produtos da Apple ou Microsoft quando ligados, quando enviam mensagens e a musica ambiente das lojas, que nos faz sair correndo ou nos envolve numa onda boa.
Mas esse trono ainda está sem rei. Talvez nunca mais um único estímulo ocupe essa cadeira. Mas é fato que o lugar da música nesse contexto ainda esta sendo modificado e tenho a impressão que depois de toda essa fase de experimentação e discussão, algo interessante vai surgir. [Webinsider]
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