Termos como venture capitalist, angel investors, valuation, anti-dilution, pro rata basis, preemptive rights e demais conceitos utilizados no ecossistema das startups (outro termo nem sempre bem compreendido) fazem parte do imaginário de empreendedores do mundo todo e ajudam a gerar o ímpeto de direcionar forças para o negócio crescer.
Histórias de sucesso aparecem na mídia e fazem brilhar os olhos de quem inicia um projeto com uso de tecnologia. Muitos acreditam ser o próximo unicórnio.
Aos empreendedores, tanto quando a energia para criar e desenvolver uma ideia, cabe uma correta perspectiva do negócio. E uma boa dose de realidade.
Tal realidade pode ser exemplificada por alguns fatos:
- Meu produto ou serviço vai mudar o mundo.
Realidade. Essa mudança efetiva ocorre numa proporção estimada de 3 para cada 1000 startups. A maioria tem seus produtos ou serviços pouco utilizados ou, em alguns casos, não usados.
- Minha startup vai receber investimentos em série e chegar até um IPO.
Realidade. Em 2015 menos de 100 empresas de tecnologia realizaram um IPO. No mundo todo.
- Minha startup vai ser adquirida e vou receber milhões.
Realidade. Sim, todos os dias startups ao redor do planeta são adquiridas por companhias. Porém o empreendedor deve compreender os termos que assinou com seus investidores prévios, no que tange a liquidation preferences e ter a perspectiva correta da transação.
- Contratei os melhores colaboradores que consegui e isso vai me fazer ter crescimento exponencial.
Realidade. No Brasil temos um sistema trabalhista que pode finalizar um negócio promissor logo em seus passos iniciais. O uso de pessoas jurídicas para executar trabalhos de TI é uma prática de mercado, e tudo vai bem até que o “empresário” programador resolve sair da empresa e procurar o primeiro advogado trabalhista que vai pegar a causa por êxito, uma vez que a chance de descaracterização da pessoa jurídica é grande se não forem tomados certos cuidados. E uma sentença judicial condenando uma startup em verbas rescisórias, férias, décimo terceiro e multa de INSS pode ser um golpe fatal para o negócio.
- Fechei o term sheet e consegui meu primeiro investimento, agora o negócio vai decolar e vou poder viver como um empresário.
Realidade. O dinheiro do investidor não é seu, é do negócio. E muitas vezes o membro que o fundo aloca no Board da sua startup pode não estar sintonizado com suas expectativas e dessa forma, frustrar seu planejamento com votos contrários às suas decisões.
Mesmo tudo isso parecendo óbvio, na prática tenho visto todos esses tópicos (e muitos outros) no cotidiano dos empreendedores.
A dose de realidade necessária para a concretização de uma ideia (ou sonho) deve ser proporcional ao risco que a ideia tem de fracassar. E quanto mais informação o empreendedor possuir antes e durante a execução de suas ideias, menores os riscos desse fracasso ocorrer. [Webinsider]
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Rodney de Castro Peixoto
Rodney de Castro Peixoto (rodneycp@gmail.com) é autor do livro “O Comercio Eletrônico e os Contratos”, advogado especialista em tecnologia da informação, professor, consultor jurídico de startups e empresas de tecnologia. Mais no blog Lawmate.
2 respostas
Excelente conteúdo ! Parabéns!
Ser Empreendedor hoje em dia tem que ter muita coragem e persistência.
Essa é a realidade que todos têm que saber. Ótimo artigo. Parabéns.