Se o mundo está se esfacelando para todos os lados, acentuando separatismos e identidades, e radicalizando visões com simplismo, não é à toa.
Nossa vida – já esfarelada – alimenta a britadeira global.
A visão do todo, da história e da evolução escapa das nossas mãos à medida em que nos auto-bombardeamos de estímulos, informações e distrações.
O foco, biruta, metralha para todos os lados. E o tempo, perdido, esvai-se em sinuosos e hyperlinkados linhas do tempo. A apreciação dos conteúdos é naturalmente superficial, e não é possível escapar, numa exposição ou num cardápio, à necessária bula explicativa.
Nas relações humanas, o mesmo: encontros, envolvimentos e afeições fugazes. Também pudera, quem tem tempo e saco?
Vida fragmentada
Mas parece irreversível. A febre da fragmentação é extraordinariamente rentável e contagiante. Uma indústria que perpetua o consumismo compensatório e a solidão narcisista.
É o fim do luxo.
Do luxo de banhar-se numa longa e intricada história, do luxo de envolver-se com conversas que são como picadas na floresta, do luxo de se jogar no sofá, um domingo à tarde, só para curtir Proust, uma integral das sonatas de Beethoven, um abraço apertado até a noite cair. [Webinsider]
…………………………
Leia também: