Sempre que uma nova rede social é lançada, meu primeiro ímpeto, e imagino que da maioria das pessoas, é dizer “poxa, mais uma? Como alimentar todas essas redes?”.
Só que meu segundo ímpeto é pensar “eu trabalho com comunicação e preciso conhecer, explorar e entender cada uma dessas redes”.
Não foi diferente com o Snapchat, a rede social mais “bombada” do momento. E vou confessar que demorei uns seis meses para entender e começar a usar. Precisei de ajuda da minha sobrinha e de pesquisas na internet.
Até que em uma dessas leituras diziam que uma pessoa com mais de 40 anos (meu caso) tem dificuldade cognitiva com a interface do Snapchat, que apesar de intuitiva é mais facilmente assimilada por pessoas mais jovens, adolescentes. Quando li isso, fiquei indignada e pensei: “ah, mas vou aprender a mexer nesse troço nem que seja a última coisa que farei na vida”.
Brincadeiras à parte, foi realmente fuçando e entrando em snaps de outras pessoas que usam muito bem este formato de comunicação que aprendi o funcionamento. E entendi que o Snapchat pode ser uma boa pedida até para as empresas.
Certamente marcas e instituições já descobriram isso, assim como lá atrás perceberam o potencial de redes como o Instagram e o Pinterest.
Em 2011, quando o Twitter começava a se tornar mais popular no Brasil, precisei explicar para um amigo, diga-se de passagem uma das pessoas mais inteligentes que conheço, como usar os tuítes e para que serviam.
Era muito difícil inicialmente as pessoas entenderem a limitação de 140 caracteres para se comunicar, por exemplo.
Só pra adolescentes?
Com o Snapchat, em vez de 140 caracteres, temos 10 segundos em vídeo ou foto para mostrar uma ideia. Ainda que muitos façam várias postagens uma atrás da outra, é preciso de uma alta capacidade de síntese para cada post fazer sentido.
O aplicativo permite que os usuários postem fotos e vídeos que permanecem visíveis por apenas 24 horas. Cada vídeo dura poucos segundos – no máximo 10. A foto pode ser exibida também no máximo por 10 segundos, o usuário escolhe o tempo de duração, entre 1 a 10 segundos.
O Snapchat foi criado em 2011, por universitários de Stanford, na Califórnia. Só em 2013 aconteceu a popularização no Brasil. No início não se podia salvar os vídeos ou fotos que eram publicados no aplicativo. Hoje já é possível salvar as suas próprias postagens.
Também é importante ter cuidado com a ideia propagada inicialmente de que o Snapchat é uma rede destinada à troca de nudes. Eu não me arriscaria a mandar nudes por ela; por mais que as postagens desapareçam, 24 horas é tempo suficiente para o estrago acontecer.
Para guardar fotos de outras pessoas é possível fazer uma captura de tela, mas nesse caso o usuário que foi “printado” é avisado. Portanto atenção bisbilhoteiros, pois a pessoa vai saber do seu interesse por ela.
Vida real
Eu acho que o diferencial dessa rede é que o aplicativo não permite buscar fotos no arquivo do celular. Todas as fotos ou vídeos postados precisam ser tirados na hora. Ao contrário do Instagram ou do Facebook em que todo mundo é lindo e a vida é perfeita, no Snapchat não tem muita produção, é a vida real.
E por que as pessoas estão aderindo tanto? Eu pessoalmente acho que é exatamente por ser a vida real. Podemos dizer que é uma espécie de Big Brother de si mesmo. E se a pessoa ou sua vida não forem interessantes provavelmente não vão despertar o interesse.
Então, imagino que mais do que qualquer mídia, no Snapchat é preciso ter alma e passar sinceridade.
Como disse um dos criadores da rede, Evan Spiegel, “o Snapchat não é sobre capturar aquele momento Kodak tradicional. É comunicar toda a gama de emoções humanas e não apenas o que parece bonito ou perfeito”.
Eu mesma passei a seguir várias pessoas que não entenderam muito bem como usar essa rede e logo perdi o interesse. Já ao contrário, temos pessoas que rapidamente entenderam a lógica do aplicativo e sabem usá-lo para atrair mais público, o que pode ajudar nos negócios, na divulgação de marcas e produtos.
Então amigos comunicólogos, o Snapchat já é e se você ainda não entrou pode ter certeza de que vai acabar entrando, por diversão ou pelos negócios.
Perfis prediletos no Snapchat
Fiz uma seleção dos perfis que acho mais interessantes nessa rede. Não contam os amigos e parentes, pois esses já são naturalmente interessantes pelos vínculos que temos. E também deixo claro que sou uma iniciante nessa rede e ainda sigo poucas pessoas. Dito isso, vamos lá:
Padre Fábio de Melo (fabiodemelo3). O padre tem sido um dos perfis mais comentados entre outros snapers (inventei agora, tá?). Eu mesma nunca podia imaginar um padre humorista em uma rede social. Sei que ele já usava o Twitter com essas características, mas com certeza no Snapchat isso se potencializou. São postagens cheias de bom humor e um certo “saco cheio” da humanidade. O que não deixa de ser muito curioso para um padre, não é?
Hugo Gloss (hugogloss). Jornalista, é o queridinho das celebridades, está em todas as rodas e é amigo pessoal dos famosos. Assumidamente homossexual, é divertido e vive viajando o mundo todo como convidado para cobrir eventos. Semana passada estava na Espanha para entrevista coletiva com os produtores e atores de Game of Thrones. E hoje está em Londres cobrindo o BRIT Awards. E no snap dele ele mostra tudinho, de forma descontraída e engraçada!
Gabriela Pugliesi (ga.pugliesi). Amada e odiada, a Gabriela é blogueira mas começou a fazer sucesso mesmo mostrando seu corpo super mega fit no Instagram. Eu pessoalmente adoro ver os treinos dela e gosto das dicas de alimentação. Fora o boy magia, namorado mahamudra que ela mostra o tempo todo. Quem não gosta de ver gente bonita? Eu gosto!
Bella Falconi (bela.falconi). Eu gosto de acompanhar o mundo fitness, apesar de não ser exatamente um pessoa fitness, quem sabe não consigo um corpo daquele só vendo as redes dessas pessoas, né? (risos). Mas na verdade, no caso da Bella, acho ela uma pessoa divertida que mostra os treinos e alimentação mas de um jeito diferente e descontraído. Adoro o lance dela colocar tudo no feminino. Tipo: “gente, quase quebrei minha denta agora”.
Gpoulain (guipoulain). Conheci o Gui por meio do blog da Lu Ferreira, o Chata de Galocha. Juntos, a Lu e o Gui fazem uma série de vídeos de culinária para o YouTube, uma série chamada O Chefe e a Chata. Divertido, chef de cozinha e designer, o Gui é uma pessoa muito talentosa que ensina receitas deliciosas também no Snapchat.
Preta Gil (pretagodoy). Gosto muito da Preta Gil como personalidade famosa nas redes sociais. Ela é uma da artista que usa muito bem esses espaços para mostrar seu trabalho e seu dia a dia. Gosto muito dessa coisa dela se assumir fora dos padrões e dizer que se ama e tem autoestima. É um tiro na cara da sociedade. No Snap ela não é diferente, é ela mesma, mostra seus shows Brasil afora, suas viagens e tudo o mais.
Vic Ceridono (viceridono). Outro assunto do meu interesse é beleza. Gosto muito do mundo dos cosméticos e maquiagens. A Vic é jornalista da Vogue, blogueira e mostra em primeira mão os lançamentos desse mundo. Ela mora em Londres e está sempre viajando por aí. Acho ela a pessoa mais fina e elegante desse mundo dos blogs. Pode parecer pura futilidade, mas a moça fala várias línguas e é um doce de pessoa. Esses dias mandei um snap pra ela e ela respondeu na hora. Maravilhosa!
Maira Tavares (mairatavares). Também do mundo fitness. Eu me interessei por ela quando ela fez um experimento de ficar dois meses só comendo alimentos considerados saudáveis mas que na verdade não são. Tipo barrinhas de cereal e iogurtes cheios de açúcar. Enfim, ela dá muitas dicas de alimentação, treinos e vira e mexe dá uns tapas na cara da gente falando as verdades sobre por que a gente não emagrece mesmo “achando” que está fazendo tudo certo.
E o meu perfil no Snapchat é bibidanin. Segue lá!
[Webinsider]
…………………………
Leia também:
Viviane Danin
Viviane Danin (@bibidanin) é jornalista, consultora do Sebrae e articulista do Webinsider.