Mais do que uma moda na área de organização da informação, a ontologia surge como a ferramenta que faz a ponte entre a realidade dos homens e a realidade das máquinas.
Neste caso, as máquinas que começam a ter mais inteligência por conta da internet das coisas e dos algoritmos de inteligência artificial, que cada vez mais operam a informação humana digital.
Foi Alan Turing que previu que “a inteligência das máquinas se tornaria tão penetrante, tão confortável e tão bem integrada à nossa economia baseada em informação que as pessoas sequer conseguiriam se dar conta disso.” (KURZWEIL, 2007, p. 108).
Porém, para que as maquinas fiquem cada vez mais inteligentes é que surgem ferramentas como as ontologias.
A ontologia pode ser considerada como uma declaração de realidade, na qual é verificada a existência e a relação entre conceitos em determinados campos de conhecimento.
Isto é, podemos criar, por exemplo, uma ontologia sobre o futebol, onde as regras (do pênalti ao impedimento), os envolvidos (do bandeirinha ao gandula), o espaço físico (do campo ao vestuário), além dos objetivos do jogo são relacionados, formando laços entre si e mostrando sua interação formando sentidos neste pequeno mundo que é o futebol.
Uma forma de definir ontologia é […] uma conceitualização formal de um domínio ou de uma parcela de realidade, com a qual podem operar diferentes aplicações de software. Os conceitos ou termos utilizados para a descrição servem como vocabulário comum (sintático e semântico) que favorece a comunicação e a interoperabilidade de recursos. Dão sentido pleno à informação ao situá-la dentro de um contexto. (MOREIRO GONZÁLES, 2011. p. 151).
Logo, é formal porque deve seguir determinados padrões e trazer sentidos comuns daquele determinado campo.
Web semântica
É nesse cenário que entra o ambiente de aplicação das ontologias que é a web semântica. Este é o caminho que segue nossa rede concebida em ambiente gráfico e estruturada pelos sistemas de organização do conhecimento existentes (taxonomias presentes no universo sintático).
No ambiente da web semântica, as taxonomias são complementadas por ontologias e, por isso, cabe destacar o papel da organização da informação, tais como as técnicas de descrição arquivísticas, taxonomias navegacionais e outras que são realizadas e disponibilizadas em ambientes digitais.
O caminho da tecnologia da informação é incorporar cada vez mais as ontologias nas estruturações de bancos de dados e ambientes digitais, que abastecem os “cérebros” computacionais.
É neste momento que humanizamos as máquinas, mostrando um pedaço de como é complexo nosso universo humano, mesmo que seja uma fatia da realidade ou um campo de conhecimento específico.
Citações
MOREIRO GONZÁLEZ, J. A. Evolução ontológica das linguagens documentárias. Relato de uma experiência de curso organizado conjuntamente para o DT/SIBI-USP e o PPGCI/ECA. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 2, n. 1, p. 143-164, jun. 2011b.
KURZWEIL, Ray. A era das máquinas espirituais. São Paulo: Aleph, 2007.
[Webinsider]
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Charlley Luz
Charlley Luz é arquivista, professor da pós-graduação em gestão de documentos da FESPSP e consultor em estratégia de informações e ambientes digitais da Feed Consultoria. Autor dos livros Arquivologia 2.0 e Primitivos Digitais.