Em seu curto e agressivo tempo de existência, o mercado digital já fez alguns bilionários e incontáveis perdedores. Neste cenário volátil e incrivelmente acelerado, as apostas são constantes para determinar qual será a nova plataforma que levará ao pote de ouro no final do arco-íris.
O risco é alto e os investimentos são cada vez maiores, mas a busca pelo próximo produto demolidor parece incansável. Recentemente tem se falado muito em realidade virtual, relógios “espertos” e o carro conectado como as próximas oportunidades para criar um novo segmento de sucesso no mercado digital. Tudo isso é realmente muito interessante, mas são apostas de médio a longo prazo. Falta ainda um período importante de amadurecimento tecnológico e de infraestrutura para que estas plataformas conquistem escala significativa.
Com o olhar atento sob o espaço de tempo recente, observa-se com nitidez que a nova plataforma que explicitamente cresceu, dominou espaço global e mostra mais sinais de potencial está nos apps de mensagem.
Tudo isso acontecendo com uma velocidade de propagação inacreditável. A audiência dos quatro maiores apps de mensagem (WhatsApp, Messenger, WeChat, Viber) já passou as quatro maiores redes sociais.
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O aplicativo favorito do brasileiro
Estamos falando de cerca de 3 bilhões de usuários nos apps de mensagem, sendo 1 bilhão somente no WhatsApp. No Brasil, quase 90% dos usuários com smartphone acessam o WhatsApp todo dia – e um em cada três usuários faz ligações de voz pelo aplicativo diariamente. O WhatsApp é o aplicativo favorito dos brasileiros (Panorama Mobile Time/Opinion Box). Os números são avassaladores.
O objetivo inicial dos apps de mensagem foi prover uma alternativa via rede IP para as mensagens de texto (SMS) e ligações de voz – meta que arrepia os nervos das operadoras de telecomunicação no mundo inteiro, já que isso atinge em cheio o coração de suas receitas.
Apesar da vocação inicial para a comunicação, o sucesso global de audiência fez com que as ambições para os apps de mensagem crescessem proporcionalmente a seu gigantesco público.
Já que os usuários têm um nível de permanência e lealdade tão elevado, por que não capitalizar em cima disso?
Além de serviços de mensagens e voz, estes aplicativos podem prover serviços de comércio eletrônico, games, táxi (a la Uber), entregas de restaurantes, mapas, conteúdo (notícias, TV), comunidade e o que mais se mostrar como uma oportunidade para gerar valor para o consumidor — e consequentemente receita para a empresa. O céu é o limite.
Um sistema operacional com serviços
Ou seja, os apps de mensagem podem se tornar realmente uma nova plataforma – ou em última instância um sistema operacional (OS) onde todas estas aplicações de serviços podem funcionar em cima.
Mais do que uma viagem especulativa, esta visão de plataforma já está acontecendo na prática. Na Ásia especialmente, onde apps como WeChat (China), Line (Japão) e Kakao (Coreia do Sul) já oferecem a seus usuários muitos destes serviços.
Todas estas empresas estão trabalhando com estratégias visando evoluir de uma ferramenta de comunicação para uma plataforma completa de serviços. Os tentáculos utilitários são todos potencialmente novas fonte de receita, numa tentativa de monetizar a expansão do negócio.
No entanto o WhatsApp – o maior app de mensagens – segue em uma direção diametralmente oposta, evoluindo suas funcionalidades com alguma cautela e recentemente abolindo o custo da assinatura, tornando o aplicativo completamente gratuito. Parece claramente uma estratégia para ganhar market share e consolidar liderança – para mais à frente efetivamente pensar em ganhar dinheiro.
É importante lembrar que o dono do WhatsApp é o Facebook, que além de ser uma empresa extremamente competente e visionária, adota uma estratégia aparentemente com similaridades na rede social.
Naturalmente este é um mercado em formação, estamos ainda em sua fase embrionária e temos pela frente um processo de amadurecimento inevitável dos modelos de negócio. Mas quando se considera usuários na casa de bilhões, é muito difícil ignorar o incrível potencial desta nova e poderosa plataforma. [Webinsider]
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Leia também de Marcello Póvoa:
http://br74.teste.website/~webins22/2014/04/28/a-primeira-geracao-digital-ou-a-ultima-analogica/
Marcello Póvoa
Marcello Póvoa (mpovoa@mppinterativa.com) é fundador e diretor executivo da MPP Interativa.
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