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Títulos poéticos são bem interessantes — abrem margem para uma série de discussões que vão da filosofia a ondas gravitacionais, passando pelo que efetivamente quero tratar aqui: comunicação social.

Tudo começou com esse quadrinho:

snapchat- comunicação social

… que, em uma conversa na mesa de bar, foi responsável por frases como:

– Mas depois que você vê, o vídeo some?
– Quer dizer, como eu vejo de novo?
– E se eu quiser responder a mensagem outra hora?
– Quando eu olhar, ela já vai desaparecer?

Sim, todos tínhamos mais de 30 anos e agradecemos todos os dias o fato de não haver Facebook nem YouTube quando éramos adolescentes (alguns teriam sérios problemas em entrevistas de emprego).

O mundo mudou… de novo

Mas voltando ao tema e já pedindo desculpas pelo uso de jargão no subtítulo…

Já passamos por uma transição do on pro offline e, finalmente, pro onoffline (tudo é junto e misturado); o mercado publicitário ainda segue na luta da transição entre modelos interruptivos para não-interruptivos (este segundo, erroneamente reduzido ao discurso de “branded content”); e, ao observar o crescimento brutal de algumas ferramentas digitais como Snapchat, WhatsApp e Periscope (entre outros), poderíamos, talvez, considerar uma nova fase de migrações: da eternidade à efemeridade de conteúdos.

Snapchat: crescimento

“Efêmero” é tudo aquilo que tem pouca duração; que é breve; transitório.

De certo modo, contrário à evolução humana até o momento. Desde os primeiros registros escritos (5.500 A.C.), passando por Gutemberg (1.455) e, finalmente, a internet (1969), as pessoas não só passaram a criar e divulgar muito mais conteúdo, mas também a armazená-lo e, agora de forma decrescente, recuperá-lo (acessar o passado). Só que isso chegou num ponto insustentável.

O passado é passado, viva o presente!

Na comunicação, o excesso de informação e seu fluxo de troca (information overload / overflow) fortaleceu – como dito nesse artigo – o fortalecimento de filtros de relevância (ferramentas ou critérios para seleção da informação relevante em meio ao universo de dados).

Contudo, parece que nem isso mais é suficiente, pois perdíamos mais tempo organizando e recuperando informações do passado do que gerando ou consumindo informações no presente.

Duvida? Olha a quantidade de folders no seu Outlook ou Lotus Notes do trabalho de ‘emails que eu vou guardar porque.. vai saber né?’), olhe a quantidade de fotos em seus álbuns de Facebook (principalmente no “Carregamentos móveis”). Quanto destas informações você realmente recuperou para consumir novamente?

excesso de informação

Mesmo no mundo corporativo, se você usa uma ferramenta digital de project management não precisará nem guardar aquele e-mail “peraê que você tinha aprovado isso”.

O excesso do acúmulo de informação (e a preocupação com isso) culminou no consumo e descarte imediato de dados. A migração dos mais novos para ferramentas como Snapchat e Periscope e sua saída (ou pouca empolgação em outras como Facebook).

Neste cenário, o núcleo (core) da utilização não está em se criar um “diário virtual de acontecimentos” (a.k.a. Facebook), mas em trabalhar a emoção imediata e a vivência instantânea de outra realidade (de quem está postando aquilo tudo), no melhor estilo “Quero ser John Malcovich”.

O passado, entretanto, segue relevante, ou melhor, algumas informações e conteúdos valem a pena serem guardados para algum dia – talvez, quem sabe – serem resgatados.

dez segundosOu, ao menos, servirem de referência temporal para mostrar a algum amigo (“Olha como era minha banda quando eu tinha 16 anos!”).

Mas, para um monte de outras coisas, restarão apenas os 10 segundos de fama. 9…8…7…

[Webinsider]

Leia também

http://br74.teste.website/~webins22/2014/01/21/chega-de-dizer-que-o-mundo-mudou/

http://br74.teste.website/~webins22/2016/04/01/desafio-desenvolver-conteudo-de-qualidade-constantemente/

Avatar de JC Rodrigues

JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.

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