Podemos analisar três ondas distintas no caminho da revolução digital na sociedade.
- Primeira onda – a massificação tecnológica;
- Segunda onda – a descentralização;
- Terceira onda – a robotização.
A descentralização é o processo de reintermediação dos antigos intermediadores. É movimento cultural e tecnológico de forma integrada.
Descentralização cultural
O restaurante a quilo é um sintoma da descentralização do garçom e do nutricionista. A palavra self-service entra na moda, pois temos problemas complexos que precisam de mais agilidade para ser resolvidos.
Descentralização tecnológica
O Netflix, o Veduca, os movimentos de rua no Brasil (Vem para Rua e MBL), a ciência aberta são alguns exemplos da descentralização tecnológica.
Estes movimentos podemos classificar de inovações radicais, pois alteram bastante a forma como o processo ocorre, porém não são disruptivos.
Antigos ou novos intermediadores mantém bastante proximidade com o que tínhamos no passado. É diferente da passagem que ocorreu, por exemplo, entre as cooperativas de táxi e o Uber.
Neste momento, não estamos mais falando de descentralização ainda usando pessoas de carne e osso, mas de robotização, com a introdução de agentes inteligentes para solucionar problemas.
O Uber, Mercado Livre, AirBnb, entre outros, são inovações disruptivas, pois introduzem na sociedade novos modelos administrativos, no qual antigos gestores são substituídos por uma parceria consumidor-curador-agentes inteligentes (robôs).
Todos os dois movimentos, tanto a descentralização quanto a robotização são respostas ao aumento do patamar de complexidade demográfica ocorrido nos últimos dois séculos.
Porém, a descentralização é um modelo de inovação administrativa radical e a robotização é disruptiva.
A robotização inicia nova etapa administrativa do Sapiens, na qual abandonamos a gestão e entramos na curadoria, mais compatível com o atual patamar de complexidade demográfica.
A complexidade em dose dupla
Quando analisamos as mudanças provocadas pela revolução digital, podemos separar dois aspectos: a complexidade herdada do passado e a nova explosão de complexidade, provocada pela descentralização.
A complexidade herdada do passado foi provocada pelo aumento do patamar de complexidade demográfica, no salto de um para sete bilhões de Sapiens no planeta.
Esta complexidade conseguiu ser administrada por alguns motivos:
- Centralização cada vez maior das mídias;
- Centralização das organizações;
- Redução da diversidade de consumo.
A sociedade conseguiu lidar com o salto de complexidade, reduzindo a diversidade.
Porém, com a chegada da revolução digital temos o fenômeno da descentralização, que significa basicamente, de forma rápida e exponencial:
- Descentralização cada vez maior das mídias;
- Descentralização forçada das organizações, como novos modelos de negócios;
- Explosão da diversidade de consumo.
Lidar com a complexidade
Assim, passamos a ter com a chegada da revolução digital uma explosão da complexidade. Já havia o passivo e agora, como o aumento da diversidade, exige-se mudanças cada vez mais rápidas, pois o modelo tende a viver crises cada vez maiores.
Os novos modelos de negócios baseados na descentralização são uma válvula de escape temporária, mas se exigirá cada vez mais o uso de agentes inteligentes, num processo de robotização administrativa.
Que é a terceira onda irreversível da revolução digital.
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[Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.