Podemos dizer que existem três serviços em qualquer processo educacional:
- Roteiro. A definição da melhor rota do ponto “a” para o ponto “b”, que é conhecido com grade curricular, ementas, currículo, jornada, etc;
- Conteúdo. A partir do roteiro, transmitir o conhecimento que ajudará o aprendiz a passar de “a” para “b”;
- Certificação. Para aqueles que seguiram o roteiro e absorveram o conhecimento apresentado por determinada organização educacional.
A anatomia de ensino, entretanto, é determinada pelas tecnologias das trocas que estão disponíveis.
Todo o modelo de ensino atual foi moldado e construído a partir das alternativas tecnológicas existentes, como a oralidade em sala de aula e o material didático impresso, com uso pontual dos computadores para reforçar o modelo.
Conteúdo abundante
O conteúdo, que era algo centralizado, com a revolução digital passou de escasso abundante.
Percebendo isso, várias instituições de ensino resolveram competir de igual para igual com as forças externas, colocando seus cursos de graça, como é o caso do Veduca.
Você assiste às aulas gratuitamente, mas paga pelo certificado. Ainda há ali a forte presença da marca das instituições de ensino, que vendem nome com a promessa de garantia de boa formação e certificação.
Há uma mudança incremental de como se comercializa. É uma mudança similar ao Netflix, ou a TV a cabo. Mantém-se o mesmo centro, mas inventa-se outra forma de vender o seu produto.
A disrupção
A próxima etapa da revolução digital, entretanto, iniciará processo disruptivo no atual modelo.
Estamos passando da Administração 2.0, baseado em gestores de carne e osso e migrando para a 3.0, baseada em agentes inteligentes, que serão especialistas em conhecer hábitos de milhões. O que funciona e o que não funciona para cada perfil de pessoa.
Assim, teremos na sequência a descentralização de conteúdo com mais e mais atores (novos e tradicionais), oferecendo conteúdo gratuito de qualidade na internet, principalmente em modelos similares ao YouTube, Veduca e Univesptv.
Aumenta-se a chance de começar a se questionar as outras duas partes: o roteiro e a certificação.
- Será que deve haver um roteiro único para todos?
- E será que só aquelas instituições podem certificar?
Organizações produtivas procuram profissionais que resolvam seus problemas, pouco importa, no fundo, como são formados, desde que sejam capazes de resolver os problemas apresentados.
Aliás, quanto mais rápido e de qualidade for a formação, melhor!
Importam-se hoje com a certificação, pois acreditam que são instituições que lhes garantem esse resultado. Mas se tiverem outros métodos, serão as primeiras a aderir a novos modelos de certificação. O valor da atual certificação tende a cair. Mais.
É preciso observar que as atuais instituições de ensino formam profissionais para organizações parecidas com elas. Têm o mesmo modelo Administrativo 2.0, baseado em gestores de carne e osso.
Porém, a tendência das organizações 3.0 não é essa.
Teremos mais e mais descentralização organizacional, através de modelos de organizações como o Uber, o Freelancer, o Mercado Livre.
Nelas, não há gestores e nem relação patrão e empregado, mas uma rede de fornecedores, que serão avaliados a cada serviço prestado, em um modelo de Certificação Coletiva!
Como não haverá vínculo entre patrão e empregado, não é um casamento, mas um eterno namoro, quem define quem é bem formado é a relação que cada um estabelece online com o mercado.
Assim, muda completamente a lógica, pois o que vai fazer a diferença no futuro não é mais nem o conteúdo (que é de graça) e nem a certificação (que será coletiva).
A diferença para as organizações de ensino será no roteiro. Quem consegue aprender melhor e mais rápido com tudo que há de oferta para ganhar mais estrelas nos ambientes coletivos de produção!
O que gera a demanda da Wazerização do Ensino. Agentes inteligentes irão aprender a ensinar, encurtando caminhos, descobrindo conteúdos alternativos e garantido as melhores notas da certificação coletiva.
O futuro do ensino, assim, é menos Uberização e mais Wazerização! [Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.