Se a curadoria digital aponta para a wazerização do ensino no novo século, podemos especular que tipo de conteúdo e conteudistas ajudarão a esse novo mundo.
Já discutimos a participação da inteligência artificial na parte 1 e na parte 2 deste texto e agora vamos falar da demanda da formação individual.
Sim, pois o fato de termos a wazerização, que é basicamente criar roteiros e o aprendizado em grandes plataformas digitais participativas, não elimina a demanda por conteudistas e conteúdos.
A grande tendência será:
- Não haverá distância entre aprendizes e professores; todos aprendem e ensinam, conforme o seu grau de contribuição para ajudar em um dado problema.
- O conteudista, diferente do que é hoje, não será autoridade pela posição que ocupa, será autoridade pelo karma digital, que a participação de massa lhe dará, com critérios objetivos e subjetivos e dentro de determinado nicho.
- Tudo girará em torno de problemas mutantes, adaptáveis, líquidos, o que tira o valor dos conteudistas dogmáticos, fechados ao diálogo.
- A ideia de disciplinas, conteúdos, turmas, horários caminhará na direção de reunião em torno de interesses e problemas.
- Espaços presenciais, que ainda existirão, serão mais dedicados às trocas do que à transmissão de conhecimento, já com a tendência mundial da escola invertida.
Por incrível que pareça, haverá demanda cada vez maior por filosofia e estudo de correntes de pensamento, que vão ajudar a organizar cenários. Os conteudistas mais cenaristas terão mais valor.
Há forte tendência ao autodidatismo, ao aprendizado voluntário e na formação por diferentes caminhos.
Uma procura de mais conhecimento e menos informação. E uma procura de trabalhos mais próximos da subjetividade, que será incentivado pelo boom inovador, que permitirá a disseminação de mais alternativas de trabalhos descentralizados.
Trabalho em grupo
Haverá aumento radical e incentivo da diversidade e do trabalho em grupo.
Haverá sim uma perda de conhecimento global. As pessoas serão mais superficiais do ponto de vista individual, mas com mais capacidade do trabalho coletivo.
Haverá um perde e ganha, pois precisaremos aprender a viver melhor num mundo de 7 bilhões de pessoas.
(Quem achar que tudo isso é excesso de otimismo, sugiro acompanhar na história o que ocorreu com a chegada da Prensa, a partir de 1450.)
É isso, que dizes? [Webinsider]
. . .
Pós-escrito do livro Ensino 3.0: a wazerização da escola. Baixe aqui.
Leia também:
- O ensino no século 21 será apoiado na curadoria digital
- O modelo social do ensino no século 21
- Precisamos falar sobre robôs na escola
- Agentes inteligentes encurtam o caminho no ensino
- A robotização da administração
- A administração em crise
- Curadoria digital: o mundo vai adotar o modelo Uber
- O fim da gestão e o início da curadoria
- Por que uberizar uma empresa tradicional
- O que vai acontecer no mundo pós-internet?
- A migração para a governança digital
- O pós-capitalismo virá com os algoritmos
- A solução dos problemas da sociedade é uma questão política
Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.