Além de tanta coisa, agora inventaram essa tal de IoT (Internet of Things) – Internet das Coisas.
Na revolução industrial tivemos um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas (que eram as “coisas” da época).
Na chamada “Guerra Fria”, tivemos a corrida armamentista pela construção de um grande arsenal de armas nucleares que foi o objetivo central durante a primeira metade desta guerra, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan chamado de “Guerra nas Estrelas”.
As “coisas” neste período eram de fato as armas e a suposta formação de todo um arsenal tecnológico-espacial com um conjunto de sistemas de radares de longo alcance, combinados com sistemas de mísseis antibalísticos e uma complexa rede de satélites artificiais e por aí vai….
O tempo passou e muitas coisas literalmente mudaram. Deixaram de ser um contato somente operacional, feudal, astronômico e passaram a fazer parte de um cotidiano e rotina natural de nossas vidas.
A evolução aconteceu, o progresso chegou, mas em muitos casos a mentalidade humana não acompanhou e não acompanha tamanho crescimento e transformação.
Tudo hoje, praticamente se integra e interage. Segundo Mark Weiser, vivemos na chamada computação ubíqua, que é a terceira onda da computação, que esta apenas começando.
Primeiro tivemos os mainframes compartilhados por várias pessoas. Estamos agora na era da computação pessoal, com pessoas e maquinas estranhando umas às outras. A seguir vem esta computação ubíqua, a era da tecnologia “calma”, quando a tecnologia recua para o pano de fundo de nossas vidas.
As tecnologias mais importantes são aquelas que desaparecem. Elas se integram à vida do dia a dia, ao nosso cotidiano até serem indistinguíveis dele.
Por isso, temos essa tecnologia cada vez mais transparente, imperceptível. As coisas acontecem perante as próprias “coisas” e simplesmente usufruímos, utilizamos naturalmente, sem ao certo saber e entender este pano de fundo, este “por de trás das cortinas”, que estas inúmeras coisas em nosso redor realizam, sobretudo para com nossas informações profissionais e pessoais.
A rede das redes é de fato a internet, neste “amontoado” de pessoas e coisas, em que cada conexão máquina a máquina é realmente mediada pela interação humana. Estas redes são simultaneamente redes de colaboração, mas também redes de oposição e ameaça: não há “dentro” ou “fora” neste espaço as vezes promíscuo e descontínuo.
Neste contexto, utilizar a internet é estar online. E estar conectado na internet é algo normal, como se fosse respirar.
É inexorável
A IoT, está presente em diversos segmentos de nossas vidas, com por exemplo nos wearables, que seriam as “tecnologias para vestir” (relógios inteligentes, óculos, sensores etc.) e na automação residencial, nos carros, na educação, na saúde e em diversos outros meios.
Vamos então percebendo que de fato a IoT, é inexorável. É uma realidade irreversível, uma “commoditie”, um fato e fator comum de nosso meio e vivencia em nossas vidas.
Acima de tudo, a IoT, além de estar no meio do entretenimento, é um negócio.
De acordo com a IDC, mais de 50% da atividade IoT estão centradas na fabricação e transporte, para cidades inteligentes e aplicações de consumo. E dentro de cinco anos todas as indústrias terão implementado iniciativas da Internet das Coisas.
A Verizon prevê que até 2025 as organizações que extensivamente utilizarem as tecnologias da Internet das Coisas em seus produtos e operações serão até 10% mais rentáveis, devido à eficiência esperada.
Porém, todos os riscos de segurança de rede, de hardware e software que enfrentamos hoje vão ficar ainda mais complexos e terão um impacto ainda maior à medida que mais e mais coisas se tornam interligadas.
Estimativas do IDC calculam que até 2016, 90% de todas as redes de TI terão uma segurança baseada em violação da IoT.
A “essência do perigo”, desde a revolução industrial, a guerra fria e até nos tempos ditos modernos de hoje é a mesma.
Onde mora o perigo
Ou seja, vamos e temos que utilizar as “coisas”, mas sem a conscientização mínima e necessária para ao menos prevenir e mitigar alguns riscos daquilo que está em nosso meio, agora no contexto da transmissão e compartilhamento dos dados, que irão gerar possíveis informações de cunho pessoal ou profissional, que deveriam de certa forma serem íntegros e confidenciais.
Assim a armadilha se faz, de modo que grande parte das pessoas subestima ou desconhece tais perigos.
Numa pesquisa da ISACA, com consumidores, constatou-se que 64% dos entrevistados estavam confiantes de que poderiam controlar a segurança em seus próprios dispositivos da Internet das Coisas.
Fazendo a mesma pesquisa, agora com os profissionais e especialistas de segurança, os resultados foram invertidos: 65% disseram que não, eles não se sentem confiantes sobre isso.
Fica ainda evidente que infelizmente não existe um esforço por parte dos diferentes fabricantes no sentido de esclarecer quais tipos de informações os dispositivos conectados podem coletar.
Por isso é tão importante possuirmos o hábito de valorizar, exigir e consultar e entender as políticas de privacidade de cada fabricante.
Geralmente a origem das ameaças perante a exploração das fragilidades e vulnerabilidades dos dispositivos e recursos nesta Internet das Coisas vem do cibercrime, do ciberterrorismo da própria guerra cibernética e eventos de hacktivismo.
Existem projetos a respeito dos níveis de proteção da informação que circunda em todo esse meio da IoT, bem como nas vertentes de software e hardware de tais mecanismos. Eles tendem a ajudar a minimizar os perigos de interceptação indevida, o corrompimento dos dados trafegados e a disponibilidade, como estes dois:
Apesar de tudo, com toda esta complexidade, em função de mais e mais coisas se integrarem cada vez mais, ainda podemos ter esperança (mesmo havendo uma dependência ainda humana), de que é possível melhorar o cenário atual e futuro.
Atitude mais atenta
Com o aumento da conectividade, investir em segurança da informação e na “educação digital” das pessoas será fundamental para manter a segurança dos dados. Não deixando que sejamos somente reativos ao panorama que se apresenta. Mas sim preventivos, mantendo o padrão de conscientização, realizando por exemplo um processo de mapeamento das ameaças, mitigação dos riscos e execução das atividades corretivas em sistemas.
Enfim, mesmo sabendo de tudo isso, devemos possuir um comportamento diferente, mais atento sobre todas estas coisas que nos cercam cada vez mais e estamos inseridos e envolvidos. Vivenciar uma atitude que faça a diferença. [Webinsider]
. . . .
Leia também:
- Internet das coisas é conectar com inteligência
- Internet: como garantir a segurança sem ferir a privacidade?
Mário Peixoto
Mário Peixoto (leitoronline@gmail.com) é consultor de segurança da informação e professor universitário.
2 respostas
Parabens!
show!