Uma nova tendência está dominando o mercado de trabalho e modificando o entendimento de carreira profissional. A necessidade de conhecimentos multidisciplinares é o grande desafio profissional do mercado.
A era em que um profissional aprendia um trabalho e o repetia à exaustão, até adquirir todos os conhecimentos possíveis sobre ele, definitivamente acabou.
E engana-se quem pensa que isso mudou apenas para as funções operacionais, que demandam mais repetição e menos criação. Para estas, a mudança já ocorreu a muito tempo.
A nova realidade diz respeito também aos trabalhos que demandam maior nível de conhecimento e qualificação. Apesar de que, para estes, determinando nível de especialização ainda é necessário.
Porém, vamos demonstrar neste artigo, como o profissional, por mais qualificado que seja, não poder se acomodar. As inovações em inteligência computacional e automação, criam a necessidade de profissionais com campos de conhecimento ainda mais extensos.
Quando a mudança chegou para os cargos operacionais
No inicio dos anos 1990, a computação tomou conta do universo fabril e produtivo. Junto a computação, a robótica, ramo que já vinha crescendo desde os anos 1980, também mudou tudo.
Esta mudança marcou a transição definitiva para a chamada Indústria 3.0. Com a informatização das empresas e dos processos.
Bem como em todas as transições, chamadas de Revoluções Industriais, na passagem para a Terceira Revolução, empregos antigos foram deixados para trás e substituídos por novas profissões.
Um marco desta transição foi o fim das enormes fileiras de datilógrafos. Substituídas pelos computadores pessoais, que promoveram agilidade e economia ao processo de replicação de dados.
Na indústria de produção, um exemplo que chama a atenção são os processos robóticos colocados em prática na indústria automobilística. As centenas de funcionários utilizados para a produção de um automóvel foi substituída por um robô. Que propiciou economia, agilidade e maior qualidade produtiva.
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A grande mudança na década de 1990
No entanto, o que diferencia a passagem para a Indústria 3.0, das passagens anteriores, é o aumento da produtividade descolada do aumento dos salários.
No livro A Segunda Era da Máquinas, de Andrew McAfee e Erik Brynjolfsson, os autores pontuam que, o aumento da produtividade continua a sua escalada de crescimento, que já vem desde a Primeira Revolução Industrial.
O grande problema é que a renda média do trabalhador que, a partir dos anos 1990, não acompanha mais este crescimento. Ou seja, descontando os efeitos inflacionários, o salário do trabalhador está estagnado a quase 30 anos.
Para os autores, isto já é reflexo da automação sobre o processo industrial. Que reduz postos de trabalho na indústria, à medida que aumenta a produção automatizada.
Mas então, porque não há o caos completo?
A grande diferença para a transições industriais passadas é o destino dos trabalhadores. Na Primeira e Segunda Revolução Industrial, os trabalhadores não foram substituídos por máquinas. Mas sim, passaram de operadores de produção, para operadores de máquinas.
Ocorre que, na transição atual os trabalhadores estão sendo trocados por algoritmos que produzem e operam as máquinas. A migração, portanto, ocorre para o setor de serviços.
Se no início dos anos 1950, a força de trabalho no setor terciário correspondia a apenas 26,4% do total de trabalhadores empregados. Hoje em dia, esta participação corresponde a 75%.
O grande problema
E aí está o grande problema para os profissionais, a automação começa a chegar nos cargos de serviços. Um exemplo simples, são os atendentes automáticos nos sites, e os carros autônomos, que já não estão tão fora de nossa realidade.
Por isso, todos levar em conta esta nova realidade, ao raciocinar sobre a carreira profissional.
O que o profissional pode fazer?
Como bem demonstra o Nerdologia Tech 17 – Robôs vão tomar o seu emprego? Automatização do trabalho, uma ótima recomendação sobre este tema, apenas os empregos que dependam de criatividade e interação com pessoas, como comunicadores e programadores, deverão prosperar.
Isso implica que a carreira profissional do futuro, deverá agregar muito mais diversidade de conhecimento, do que atualmente. Um profissional especializado em uma determinada área, poderá ver seu emprego ser tomado por um algoritmo.
Ainda no vídeo citado acima, o apresentador, o biólogo e pesquisador Atila Iamarino, demonstra como a sua profissão (biólogo) corre perigo. Ele, especialista e com alto nível de qualificação, pode trabalhar em uma empresa na área.
Porém, uma companheira de área, que trabalha em outra empresa, e com as mesmas qualificações, recebe salário maior.
Ocorre que, um algoritmo pode ser desenvolvido a ponto de estar apto a fazer a função de ambos, por um preço muito menor. Desta forma, dois empregos de alta qualificação estariam perdidos.
Qualificação, qualificação, qualificação
Mas então, o que fazer? A resposta é qualificar-se ainda mais.
Procure aprender habilidades que vão além do contexto tradicional de sua área. Por exemplo, um funcionário do setor bancário precisa agregar conhecimento de programação. Caso contrário, poderá ser deixado para trás.
Por outro lado, um médico precisa começar a agregar em seu portfólio de habilidade a capacidade de identificar doenças mais complexas. Já que as mais simples devem, em pouco tempo, serem identificadas automaticamente, a partir de perguntas ao paciente.
Poderá deixar de existir a era, por exemplo, do Cardiologista, ou do Pediatra, médicos especializados em uma área. A tendência é que os médicos conheçam mais sobre diversas áreas, para aumentar o conhecimento geral sobre atendimento ao paciente.
Como gerir a carreira profissional neste contexto?
Para muitos, isso tudo ainda parece coisa de ficção cientifica. Mas, conforme aponta estudo realizado pela empresa de consultoria Ernst & Young, cerca de 5% do empregos que existem hoje, estarão extintos, em 2025.
E esta é uma tendência que parece não ter volta. Novos empregos surgirão e a transições entre as profissões do mercado tendem a acontecer de modo mais acelerado.
Por isso, o profissional não pode se acomodar com o conhecimento que possui hoje. Procure adicionar mais habilidade, seja através de um curso de graduação em uma área diferente da que já atua, ou através de uma especialização em uma área diferente.
O profissional com mais habilidades e que consiga relacionar conhecimentos de diversas áreas em seu trabalho, é, sem dúvida, diferenciado.
Definitivamente, a era de aprender uma profissão e exerce-la durante a vida ou se aperfeiçoar em um ramo específico, de uma área profissional, chegou ao fim. É preciso ser um profissional muito mais eclético e com “pensamento fora da caixa”, do que um especialista definitivo.
Uma resposta
Muitos profissionais não são qualificados para a área em que atuam. Isso deixa o mercado com a mão de obra um pouco escassa.