O comportamento do personagem que bolou o assalto no seriado A Casa de Papel é uma aula de relações públicas e traz lições para a comunicação das empresas.
Acabei de assistir ao final da 2ª temporada de La Casa de Papel. Assisti, como sempre (quem nunca?), aos seis últimos episódios numa tacada só.
E a questão que está sendo levantada por muita gente é: por que torcemos para os bandidos?
Voltando um pouco e contextualizando para quem não sabe do que estou falando, a série La Casa de Papel foi lançada recentemente pelo Netflix e originalmente é uma produção do canal espanhol Antena 3. Foi lançada na Espanha entre maio e novembro de 2017.
A série chegou ao Netflix sem muito alarde no final de 2017 e aos poucos foi viralizando – muita gente começou a comentar nas redes sociais e assim foi virando um fenômeno de audiência.
É importante dizer que inicialmente o Netflix lançou nove episódios e os outros seis ainda não estão disponíveis no serviço de streaming. Mas o desespero era grande demais e, claro, fomos atrás de baixar os últimos episódios, que o Netflix deve chamar de 2ª temporada, que só em abril estará disponível para os brasileiros assinantes do serviço.
A trama se desenvolve durante um assalto à Casa da Moeda da Espanha. Oito assaltantes passam alguns dias trancados com reféns imprimindo dinheiro, o que seria o maior assalto da história (quase um bilhão de euros!).
Acredito que o diretor não quis dividir as pessoas em mocinhos e bandidos e a trama é muito baseada nas fraquezas de cada um dos personagens que vamos conhecendo no desenrolar da trama.
Mas afinal por que torcemos para os bandidos?
Eu acredito que seja porque ao longo dos episódios os personagens foram sendo humanizados, seus dramas pessoais discutidos e uma forte amizade e mesmo casais foram sendo formados durante a trama.
Nos identificamos cada vez mais com cada um deles. E o detalhe interessante é que eles não se conheciam antes do assalto, tanto que cada personagem ganhou o nome de uma cidade, usado em vez dos nomes verdadeiros: Tóquio, Berlim, Rio, Moscou, Denver, Nairobi (minha personagem predileta!), Helsinki e Oslo.
Sem contar que alguns dos personagens que mais detestamos estão “em tese” ao lado dos mocinhos. Um deles é o diretor da Casa da Moeda, o Arturo. Como detestamos aquele “Arturito” como é chamado “carinhosamente” pelos assaltantes. Machista, covarde, o diretor é um verdadeiro escrotinho. Outro que odiamos é o Coronel Prieto, mais um personagem machista que fica tentando diminuir a inspetora Raquel (que aliás amamos).
Mas o que tem uma coisa a ver com a outra?
Outro ponto de destaque de La Casa de Papel, pelo menos para mim, são os personagens femininos da trama. Fortes e empoderadas, além da Nairobi (#melhorpessoa), não podemos nos esquecer da Tóquio que narra a trama e da inspetora policial Raquel que também amamos apesar de torcer para os assaltantes. Mais um dilema do seriado.
Eu adorei o final e não vou dar “spoilers”, mas saiba que sou romântica e adoro um final feliz por mais brega e absurdo que possa parecer.
E por que estamos aqui falando de seriados e não sobre comunicação e conteúdo para empresas?
Ah, porque fiquei pensando que de alguma forma um dos argumentos do personagem que arquitetou milimetricamente o assalto, nosso querido “professor”, é a sedução.
Durante o planejamento do assalto, um dos pontos de cuidado é com a opinião pública. E também com os reféns, que aos poucos vão sendo seduzidos a colaborar com o propósito.
Com isso, o professor acaba nos seduzindo. Sua sinceridade, seu jeitinho meigo mas ao mesmo tempo firme, com inteligência, capacidade de argumentar e até de mostrar suas fraquezas podem inspirar empresas e pessoas.
Seria muito louca toda essa comparação? Talvez, mas fica a reflexão.
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_Outrolado é sobre conteúdo e comunicação
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Viviane Danin
Viviane Danin (@bibidanin) é jornalista, consultora do Sebrae e articulista do Webinsider.
0 resposta
Essa serie da a entender, que mesmo morrendo gente o crime compensa pondo os policiais e toda autoridade no bolso, porque quem paga pelos danos é o povo,mesmo eles com boas intenções no meu sangue não posso torcer para eles, mas como sempre vão se dar bem mesmo que os companheiros morram.
Eu nunca vou torcer para bandidos, tomara que eles morram!
Nunca irei torcer para esses bandidos!
“AH! Mas eles só querem o dinheiro para não viverem na crise.”
Quem tem mais valor:
Alguém que vive na miséria, mas ganha seu pouco dinheiro honestamente ou alguém que ganha muito dinheiro pegando sem autorização?
não e primeira vez que torci pros vilões lembro Pablo Emilio Escobar Gaviria el patron del mal mesmo sabendo que a historia e real e todo mundo se fode eu queria que o chili,Gustavo e Pablo desse a volta por cima mesmo sabendo que promoveu o terro na Colombia
muito boa a matéria
obrigada!!! Continue acompanhando nossos conteúdos! 🙂
Amei o texto! Essa série é incrível. E lendo agora, na fila da lotérica, em pleno sábado de carnaval, fiquei viajando que o nome dos personagens, as cidades, tem a ver com a personalidade de cada um. (Isso merece uma mesa de boteco.) Amamos os ‘bandidos’ também, porque El Professor é tão genial, que ele não vai roubar dinheiro se ninguém. Ele vai imprimir o dinheiro. É uma série que surfa na onda de movimentos como Acampada Barcelona, Ocuppy Wall Street, Zeitgeist … Totalmente anti-sistema cannibal capitalista, pois o grande questionamento que ficou foi, na minha opinião: “Quem são os verdadeiros ladrões?”
amiga,
pois é! esse é mesmo outro ponto. Ele não está roubando de ninguém…tanto que esse argumento foi definitivo para conquista a inspetora ne?
Eu nunca vou torcer para bandidos, tomara que eles morram!