O livro “A parte que falta”, do poeta e cartunista americano Shel Silverstein, inspirou a youtuber JoutJout a gravar um vídeo que emocionou e percorreu as redes sociais. O que o profissional de comunicação pode aprender com ele?
Com o tempo passamos a entender algumas coisas importantes sobre a vida. Infelizmente essa “clarividência” acontece normalmente a partir de uma certa idade. São os bônus que o tempo nos dá: certas coisas só aprendemos vivendo. Caindo e levantando e depois caindo e levantando de novo.
Semana passada recebi a indicação de assistir ao vídeo da JoutJout, que foi muito compartilhado e comentado. Fui na minha podóloga e lá estava ela assistindo ao vídeo. Vimos juntas novamente e nos emocionamos porque realmente o livro infantil e a narrativa da Joutjout são emocionantes. Ela lê o livro inteiro no vídeo daquele jeito carismático e engraçado como lhe é peculiar, o que deixa a “leitura” ainda mais especial.
A mensagem é tão simples, óbvia até, mas é aquela obviedade que nem sempre enxergamos. É simplesmente a vida como ela é. Estamos aqui nesse plano aprendendo, vivendo e nem todos os momentos serão plenos e completos. Aliás, em nenhum momento estaremos 100% felizes ou infelizes. E assim seguimos o baile da vida.
No final do vídeo, a JoutJout ainda completa: “porque sempre falta. Você acha, aí falta. Aí quebra, aí solta, perde, aí acha. Aí acha e falta. Aí acha e não falta, mas depois falta. É isso, vai faltar e depois não vai faltar mais, para depois faltar de novo”.
E a comunicação com isso?
Do ponto de vista da comunicação, o que chama a atenção nesse vídeo é a forma como as pessoas realmente passaram a consumir e a produzir conteúdo. A JoutJout leu o livro e sentiu vontade de compartilhar, gravou o vídeo. Minha podóloga quis assistir comigo enquanto trabalhava e eu voltei pra casa tão pensativa que aqui estou escrevendo esse texto.
A forma como as pessoas hoje se comunicam traz tantas possibilidades e pode se espalhar tão rapidamente e alcançar centenas e, no caso da JoutJout, milhares de pessoas.
Nada disso é novidade, mas nem daria para imaginar esse processo há 15 ou 20 anos. No entanto o que não muda é a nossa capacidade de emocionar, de tocar o coração. O que dispara esse gatilho?
O que faz uma música se espalhar, o que faz um vídeo como esse ganhar tanto alcance?
Não sei, mas é preciso alguma qualidade como sinceridade ou espontaneidade para mexer com as pessoas. Afinal, não queremos que nossas vidas se transformem em um episódio de Black Mirror.
Então, quando produzir algo, quando escrever, quando falar, que seja com a alma, de verdade, transmitindo algo que possa ajudar as pessoas a refletir e, por que não, a melhorar suas vidas.
Quem ainda não viu o vídeo, vale a pena, são menos de 9 minutos. Assista:
Viviane Danin
Viviane Danin (@bibidanin) é jornalista, consultora do Sebrae e articulista do Webinsider.