O HDR 10+ é um código aberto e sem custo que permite que desenvolvedores façam aprimoramento em novos aparelhos, com melhor qualidade de imagem. Ganha novo impulso em 2018, com alguns fabricantes inclusive lançando TVs sem Dolby Vision.
Em passado recente, eu fiz um apanhado dos principais formatos de imagem HDR. Agora, em 2018, vários dos lançamentos de TV em solo europeu evidenciam que o standard HDR 10 estará acompanhado do aperfeiçoamento da sua versão HDR 10+ e sem a presença do Dolby Vision!
Em princípio, pode parecer um tanto ou quanto estranho esta repentina mudança, mas se levarmos em consideração de que Philips, Panasonic e Samsung, entre outros, estarão juntos nesta mesma proposta, a gente tem que parar e pensar por quê.
A primeira e mais intuitiva possibilidade de resposta diz respeito ao custo fabril: qualquer aparelho com decodificação para Dolby Vision tem obrigatoriamente que pagar uma licença de uso para os laboratórios Dolby. Mas não é só isso!
O HDR 10 é um padrão que deve estar presente em todas as TVs com HDR e, em contrapartida ao Dolby Vision, é um formato de código fonte aberto e, portanto, de uso gratuito. Fica ao critério do fabricante de TV a sua implementação como software decodificador e a sua eventual modificação nos chipsets dos equipamentos.
A Philips, por exemplo, anunciou em 2018 a introdução de um novo chipset de vídeo, e com base no HDR 10, ela concentra seus esforços no aperfeiçoamento do HDR 10+.
A diferença está basicamente no processamento de imagem: quando o HDR 10 foi inicialmente formulado, os níveis de brilho e faixa dinâmica passam a ser ajustados estaticamente, por metadados incluídos no codec.
A coisa funciona assim: no HDR 10 padrão, os níveis de branco e preto máximos são pré-estabelecidos e codificados nos metadados de cada arquivo com vídeo HDR. Esses valores não mudam, daí serem classificados como “estáticos”.
HDR 10+
No HDR 10+, porém, os valores máximos de nível de branco e de preto variam dinamicamente, de acordo com cada quadro, em uma cena ou sequência. Caso o leitor tenha um display HDR capaz de aceitar HDR 10+, ele poderá ter uma ideia de como isso funciona, no vídeo de demonstração a seguir. Notem, porém, que o aplicativo do YouTube instalado pode não permitir este tipo de reprodução.
https://youtu.be/4Z9eoOzrFC8
Às vezes é difícil distinguir um HDR do outro!
Eu faço uso de uma TV com capacidade de reprodução de todos os codecs HDR até agora disponíveis. E com o tempo de observação (sem chance de medir nada) eu achei fortes evidências de que, independente do formato HDR, a qualidade final do que é visualmente observado não tem necessariamente uma correlação direta entre os formatos de HDR e o processamento do segmento de vídeo.
Tudo irá depender de como o sinal de vídeo é processado, e desta maneira um sinal HDR 10+ pode ser tão bom ou melhor do que um sinal com Dolby Vision.
E mesmo sem poder medir níveis de luz, eu me arriscaria a afirmar que se a postura de alguns fabricantes em pelo menos por agora não ceder à cobrança imposta pelo uso do Dolby Vision, é porque é perfeitamente possível alcançar excelência de reprodução HDR com o uso do HDR 10+.
O HDR 10+, sendo um codec aberto, dá chance ao fabricante ou desenvolvedor de chipsets para a possibilidade de alterar o código fonte de modo a alcançar níveis de qualidade desejáveis para um determinado modelo. Foi isso, em última análise, o que o representante da Philips e os de outros fabricantes disseram, em uma reportagem postada no YouTube para o AVForums:
Pessoalmente, eu não vejo motivo técnico para se omitir o Dolby Vision de qualquer tela atual. Acho inclusive esta questão da cobrança de uso uma desculpa esfarrapada, que visa na realidade deixar os fabricantes livres para mudar o que quiserem, ao nível dos seus laboratórios de pesquisa, o que eles não poderiam fazer uma vez presos aos ditames dos laboratórios da Dolby.
É possível também que limitações de reprodução existam, dependendo de cada país. No momento, o que existe de prontamente disponível em território brasileiro se refere aos serviços de streaming, incluindo Netflix, Amazon Prime Video e YouTube. Embora o serviço da Amazon tenha Dolby Vision, a empresa está dando total prioridade a HDR 10+, e notem que é possível tecnicamente que um programa em Dolby Vision nativo seja reproduzido até por HDR padrão.
Eu entendo que o HDR, ao contrário do 3D, está aí para ficar. Se o HDR terá futuro no apelo de massa, aí é outra conversa. Muita gente poderá não dar importância alguma ao melhoramento de imagem, e/ou ver programas em HDR serem reproduzidos automaticamente, via serviços de streaming, e não se envolver com assuntos técnicos.
Eu entendo também que o HDR é ótimo e tem valor sob o ponto de vista da luminância das cenas, porém ele às vezes se reduz a ser mais um aprimoramento de imagem disponível, o que poderá desestimular o gasto adicional pelo usuário na escolha de uma tela de TV. Como no 3D, somente o tempo dirá em que terreno técnico nós estaremos pisando, espero eu que seguro e sem desistência por parte de quem o propõe.
Existe uma limitação em resolução no HDR 10+, restrito a 10 bits, em relação ao Dolby Vision, que chega a 12 bits na resolução de cores. O que em princípio tornaria o Dolby Vision insuperável. Resta saber se, no conjunto da imagem, a diferença na palheta de cores obtida irá fazer uma diferença que permita ao usuário final distinguir uma imagem HDR da outra. Outrolado_
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Leia também:
Com tantos formatos, o Advanced HDR da Technicolor parece ter sido esquecido
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
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Gostei muito do seu post, vou acompanhar o seu blog/site.
Este tipo de conteúdo tem me ajudado muito no desenvolvimento pessoal.
Obrigado
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Olá Paulo. O tema desta matéria, nos remete para uma reflexão. As 2 tecnologias dos painéis de TV’s estão caminhando juntas ? Afinal depois de ser abolido em definitivo o LCD e Plasma, o padrão Led resistiu bravamente, e agora com o advento do HDR 10+ as pessoas podem refletir; valeria a pena investir uma pequena fortuna para ter uma imagem melhor que uma TV de Oled ? Mas haveria outro questionamento e nisso você poderia opinar, visto que teve contato tanto com os painéis com HDR10+ de LED e com painéis Oled. Dá para competir de igual para igual, ou a diferença entre os dois sistemas, com esta inovação do HDR 10+ se tornou insignificante ? Abraço
Olá, Rogério,
Se você for ao mercado comprar uma TV irá notar que a maioria dos modelos à venda é muito bom, mas não ótimos. Para chegar a um padrão de qualidade você será compelido a tentar alcançar os modelos topos de linha, que são muito mais caros. Há anos que isso rola assim, o fabricante instalando melhores chipsets e recursos nesses modelos.
E até por uma questão de custo, as TVs com maior volume de venda continuam a usar LCD, com ou sem LED nas bordas. Eu estou com uma TV Oled em uso por cerca de um ano, mas se eu não tivesse tido esta opção, provavelmente partiria para uma TV com tecnologia de pontos quânticos.
Em termos de luminância, tanto pontos quânticos quando Oled funcionam sem empecilho ou barreira, mas, e aí que aparece um detalhe importante, o nível de preto de uma TV Oled é insuperável, o que torna esta tecnologia muito mais realista e mais responsiva para imagens HDR, e com cores muito mais convincentes.
Na minha percepção a tecnologia de tela com partículas emissoras de luz será prevalente em qualidade em um futuro próximo. Terá antes que passar pelo escrutínio do usuário, na questão da aceitação pelo mercado, por conta do seu alto custo.
E o mercado ninguém tem bola de cristal para fazer previsões com acerto. Outro dia mesmo, um amigo meu, que conhece eletrônica a fundo, entende muito de áudio e vídeo, comentou comigo que no círculo de relacionamento dele muita gente não consegue perceber a diferença entre um Blu-Ray e um DVD. Ora, se é assim, que poder de convencimento os fabricantes irão ter, quando tentarem vender um produto bem mais caro, por conta do avanço da tecnologia?
Para mim, HDR, ao contrário do 3D, chegou para ficar, com a vantagem de poder ser visto sem óculos e de ser retro compatível com SDR. A mídia pode ser usada por qualquer um, sem necessidade de nenhum tipo adaptador.
Olá Paulo. O tema desta matéria, nos remete para uma reflexão. As 2 tecnologias dos painéis de TV’s estão caminhando juntas ? Afinal depois de ser abolido em definitivo o LCD e Plasma, o padrão Led resistiu bravamente, e agora com o advento do HDR 10+ as pessoas podem refletir; valeria a pena investir uma pequena fortuna para ter uma imagem melhor que uma TV de Oled ? Mas haveria outro questionamento e nisso você poderia opinar, visto que teve contato tanto com os painéis com HDR10+ de LED e com painéis Oled. Dá para competir de igual para igual, ou a diferença entre os dois sistemas, com esta inovação do HDR 10+ se tornou insignificante ? Abraço
Olá, Rogério,
Se você for ao mercado comprar uma TV irá notar que a maioria dos modelos à venda é muito bom, mas não ótimos. Para chegar a um padrão de qualidade você será compelido a tentar alcançar os modelos topos de linha, que são muito mais caros. Há anos que isso rola assim, o fabricante instalando melhores chipsets e recursos nesses modelos.
E até por uma questão de custo, as TVs com maior volume de venda continuam a usar LCD, com ou sem LED nas bordas. Eu estou com uma TV Oled em uso por cerca de um ano, mas se eu não tivesse tido esta opção, provavelmente partiria para uma TV com tecnologia de pontos quânticos.
Em termos de luminância, tanto pontos quânticos quando Oled funcionam sem empecilho ou barreira, mas, e aí que aparece um detalhe importante, o nível de preto de uma TV Oled é insuperável, o que torna esta tecnologia muito mais realista e mais responsiva para imagens HDR, e com cores muito mais convincentes.
Na minha percepção a tecnologia de tela com partículas emissoras de luz será prevalente em qualidade em um futuro próximo. Terá antes que passar pelo escrutínio do usuário, na questão da aceitação pelo mercado, por conta do seu alto custo.
E o mercado ninguém tem bola de cristal para fazer previsões com acerto. Outro dia mesmo, um amigo meu, que conhece eletrônica a fundo, entende muito de áudio e vídeo, comentou comigo que no círculo de relacionamento dele muita gente não consegue perceber a diferença entre um Blu-Ray e um DVD. Ora, se é assim, que poder de convencimento os fabricantes irão ter, quando tentarem vender um produto bem mais caro, por conta do avanço da tecnologia?
Para mim, HDR, ao contrário do 3D, chegou para ficar, com a vantagem de poder ser visto sem óculos e de ser retro compatível com SDR. A mídia pode ser usada por qualquer um, sem necessidade de nenhum tipo adaptador.