Meu filho e meu sobrinho estão se preparando para o vestibular e vivendo as belezas e as agruras do período do Enem, tão complexo na vida de um jovem.
Por Angélica Vieira
Que a Força esteja com você!
Cento e oitenta questões. Dois dias decisivos na trajetória de cinco milhões e quinhentos mil brasileiros. Pela frente, uma tarefa hercúlea: colocar no papel o conhecimento de uma vida escolar.
Dependendo do resultado dessas quase doze horas de avaliação, você parte para uma nova etapa ou ouve aquela canção do Raul: “Não diga que a vitória está perdida. Se é de batalhas que se vive a vida. Tente outra vez!”.
Um esperado rito de passagem que marca o encerramento do ensino médio, devido a sua proximidade, o Enem adquire contornos de monstro mítico.
O número de candidatos cresce a cada edição, a concorrência aumenta, fazendo subir a tensão entre os estudantes. O estresse toma conta de todos que veem, nessa prova, um obstáculo gigantesco, a ser ultrapassado, para ingressar na universidade.
São anos de preparação para, em onze horas e trinta minutos, domar esse “dementador”, sugador de tempo e energia. Uns diriam: “que visão pessimista!” ou “assim você assusta o aluno…”.
É grande a tentação de fazer o jogo do contente e focar só no lado positivo da coisa – acredite, caro candidato, ele existe e você vai, mais à frente nesse texto, conhecê-lo. No entanto, longe de fazer drama, quando acompanhamos de perto o nervosismo crescer à medida que os dias encolhem e encurtam a distância da prova, não há como negar: o Enem é uma pedreira! A primeira grande pedreira que o jovem encara na vida.
Viver o Enem
A má notícia é: essa é só a primeira de muitas que virão. E a boa notícia é que você vai aprender que “monstros”, quando encarados de frente, de peito aberto, com coragem e cautela, perdem muito de seu poder mitológico. É na mitologia que podemos buscar inspiração para aprender a encarar essa etapa da vida, que é apenas isso: uma etapa.
Narrativas, histórias e lendas vêm, desde a antiguidade, nos auxiliando a compreender a realidade. Emprestar da ficção a experiência de personagens, que passaram por provas, também dificílimas, é uma boa estratégia para lançar um olhar mais leve a essa avaliação e desfazer sua “aura” de criatura hedionda.
Lembre-se de Luke Skywalker, em sua jornada para derrotar o lado negro da força. O treinamento e as inúmeras dificuldades que o jovem jedi superou para alcançar o sucesso, em suas missões, podem lhe servir de inspiração.
Olhe para sua escola, com pouco humor, dá para imaginá-la como uma nave espacial, navegando na “imensidão” do Ensino Médio… Foram várias batalhas ao longo do trajeto, tanto em terra firme, no seu dia a dia, com sua família, como na sua “nave-mãe-escola”, onde você passou a maior parte do seu tempo nesses últimos anos.
E você lutou bravamente! Foi capaz de suportar, desde a torrente de pensamentos sombrios caindo sobre sua cabeça, como chuva de asteroides, até aquele momento em que esteve, exausto, prestes a jogar a toalha, com os “motores” falhando, o sono dominando… O alarme da falta de energia disparado!
Mas, se você chegou até aqui, nesse texto, é porque o combustível nunca faltou. Aposto que, independente da bandeira da sua nave-escola, você teve, ao seu lado, trabalhando incansavelmente, um pequeno exército, com oficiais de todas as patentes, contribuindo para a sua preparação. Desde os que são responsáveis por manter o espaço limpo e organizado, até os que te recebem todos dias…
Tem também os que planejam suas aulas, mais aqueles que preparam toda sua estratégia de treinamento até os condutores desse espaço “nave”… Eles estão todos vibrando, em altas frequências, na intenção de nutri-lo com a força necessária à vitória.
A vontade de ver você vencer é um ponto de convergência de toda essa tripulação. Em “terra-firme”, sua família faz o mesmo; e juntos, esses adultos todos criam, ao seu redor, um campo de força e proteção.
Trabalhe e confie
E você, nobre guerreiro(a)? Como vai olhar para essa prova? Qual sua estratégia para vencer essa batalha? A mensagem que vem do centro de controle é: Respire fundo e diga pra si mesmo: “Vamos lá, é só uma batalha. Estou preparado. E ninguém vai me derrotar. ENEM, Fuvest, UnB, ITA, IME… venham todos. Meu cérebro, afiado como aço valeriano, está pronto para responder a cada questão, com precisão cirúrgica!”
Se porventura, em algum momento, o desespero tomar conta, lembre-se daquelas histórias que te fizeram vibrar: quando tudo parecia estar perdido, chega um exército radiante, surpreende todos e derrota o inimigo.
Lembra da sensação de avistar Gandalf chegando ao Abismo de Helm, acompanhado do exército de Eomer?
Ou quando você teve certeza que Jon Snow tinha perdido a Batalha dos Bastardos e foi arrebatado pela chegada de Sansa com as tropas do Vale de Arryn a tiracolo?
Pode acreditar: a vida imita a arte. O final desse capítulo, na sua história, é você quem escreve. Tem aí, no seu front de batalha um exército inteiro a postos… Tudo o que ele quer é derrotar o medo do fracasso.
Ao seu lado, o seu mais fiel escudeiro: o seu equilíbrio. Ele é a sua fé no “seu taco”.
Seus últimos três anos de treinamento estão, agora, condensados em um ponto de luz brilhante, uma energia que vibra e aquece o seu peito: é a sua Força. Inspire fundo…. expire… relaxe o corpo e ouça a sua intuição.
Foi o que fez o herói de Jornada nas Estrelas, ao seguir os ensinamentos do mestre Yoda: “Use the Force, Luke. Let go… Luke, trust me!”.
Ele confiou, entrou “no flow” e foi tomado pela certeza da vitória, fazendo o que era necessário para vencer a batalha! Faça o mesmo: acesse a coragem, que emana dessa voz, dentro do seu coração. E que a Força esteja com você!
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Com amor,
para o meu filho Joseph, meu sobrinho Luca e todos os alunos e alunas que vão prestar o Enem.
_Outrolado_
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