Você está preocupado com o que acontece com seus dados? Conhecimento sobre big data é a melhor forma de se proteger.
Neste ponto, você provavelmente já ouviu falar de Big Data. Seja no trabalho ou no noticiário, esse assunto está em todo lugar. Na prática, o setor apresentou crescimento no Brasil: em 2017, big data e analytics movimentaram, juntos, 1,35 bilhão de dólares. Assim, a projeção para 2019 é de um crescimento de 18%.
O investimento na área se dá pelo potencial de lucro, expansão de mercados e compreensão profunda sobre o hábito dos públicos. Mas não só em empresas: cidades inteligentes já utilizam a tecnologia para compreender melhor seus cidadãos e oferecer serviços otimizados.
Mas o que você tem a ver com isso? Bem, tudo. No trabalho, dependendo da sua área, você vai acabar esbarrando nisso. Na vida, terá seus dados utilizados o tempo todo. Dá um pouco de medo? Com a finalidade de não cair em ciladas, é importante se informar e entender bem o big data.
Neste artigo, vamos explorar o conceito, descobrir alguns exemplos de uso e explorar a questão da privacidade. Nosso material de base é o livro Big Data, da escritora e estudiosa de temas científicos e estatísticos Timandra Harkness. Dica: você pode encontrar o título entre os microbooks do 12min.
Vamos lá?
O que é big data
Segundo Timandra, o termo “big data” foi utilizado pela primeira vez em 2005. Em um primeiro momento, podemos dizer que significa uma quantidade grande de dados, que seres humanos não conseguiriam processar. No entanto, ela explica que, para realmente explicar o significado de big data, precisamos analisar outros elementos:
- Dimensão e diversidade: analisar o que um único cachorro come por um período não é big data. Mas, analisar hábitos alimentares, idade, localização, problemas de saúde de vários animais durante muito tempo, criando relações entre esses dados, é.
- Automatização: a quantidade e complexidade dos dados não pode ser coletada por seres humanos. É ideal que exista uma máquina capaz de executar essa tarefa.
- Tempo: para ser capaz de fazer previsões e entender padrões, os dados precisam ser coletados ao longo de muito tempo. Além disso, as informações são fluidas e os insights podem mudar a qualquer momento.
- Inteligência artificial: os padrões e análises são executados por máquinas e geram, sozinhos, insights que seres humanos utilizam para transformar qualquer coisa.
Se você tem todos esses elementos, tem big data. Como empresas e instituições estão utilizando essa tecnologia? De forma prática, como acontece sua implementação? As implicações para a nova era são muitas, que vamos aprofundar a seguir.
Como funciona o big data: alguns exemplos práticos de aplicação
A tecnologia big data trouxe possibilidades incríveis para entender o comportamento das pessoas. Em muitos casos, é possível prever comportamentos: o que vai comprar, para onde vai, decisão que vai tomar, etc.
Algumas vezes, a tecnologia pode prever até mesmo o que você ainda não sabe. Isso pode acontecer na saúde, por exemplo. A prevenção de doenças se torna mais efetiva a partir do momento em que descobrimos quais locais e períodos têm mais incidência de determinados comportamentos e enfermidades.
Compreenda melhor a aplicação do big data com alguns exemplos.
Agricultura
As aplicações do big data na agricultura podem contribuir para o desenvolvimento econômico de regiões e empresas, mas também podem ser aliadas na redução do impacto ambiental.
Até então, medir os resultados e métricas das atividades no campo era um desafio. Com essa tecnologia em mãos, vários produtos e serviços têm sido desenvolvidos a fim de aumentar a eficiência de safras, máquinas e reduzir impacto e desperdício da atividade agrícola. Conheça algumas dessas iniciativas:
- Previsibilidade das mudas: há milhares de anos, os seres humanos tentam prever de forma assertiva quando as sementes vão germinar e as mudas vão florescer. Nunca foi possível obter tanta previsibilidade como agora, com o big data. Utilizando softwares que analisam décadas de dados relativos ao clima e crescimento das plantas, é possível prever a evolução de uma lavoura antes que as primeiras folhas deem as caras.
- Sementes mais fortes: com a tecnologia, é possível criar sementes mais fortes, que têm o potencial de reduzir a fome ao redor do mundo. Cientistas têm analisado plantas por anos a fim de criar super sementes que dão árvores mais altas e saudáveis em menos tempo – até mesmo em Marte.
- Automação: a agricultura de precisão não é exatamente nova, já há décadas utilizamos sistemas automatizados para otimizar processos. Agora, a nova onda é dos drones. É possível utilizá-los para obter dados sobre as plantas e encontrar facilmente pontos que precisam de mais cuidado.
Marketing
Nessa área, o uso do big data é difundido e gera preocupações (que vou explicar melhor abaixo). A verdade é que essa tecnologia tem ajudado profissionais de marketing e empresas a conhecer seu público cada vez mais, com dados ricos sobre seus hábitos de consumo.
Tudo isso pode ser utilizado para construir melhores produtos e serviços, além de auxiliar na busca por consumidores realmente interessados no que a empresa oferece, cortando custos de marketing. Confira algumas iniciativas de big data para o marketing:
- Publicidade segmentada: você já deve ter passado pela experiência de receber anúncios certeiros sobre temas que apenas falou em voz alta ou passou rapidamente em algum artigo lido. Isso é parte do nosso dia a dia, evidência dos problemas relacionados à privacidade que o Facebook enfrentou em 2018. No entanto, com big data evoluindo, isso pode ser ainda maior. Imagine, por exemplo, cruzar dados sobre o clima de uma localização com hábitos de consumo. Uma marca de shampoo contra umidade pode oferecer anúncios para moradores de uma localização que será atingida por chuvas.
- Pesquisa semântica: essa modalidade de análise de pesquisa procura adicionar contexto ao que usuários procuram nos mecanismos de busca, ao invés de focar em palavras-chave. No Walmart, uma experiência com big data, análise de texto e machine learning aumentou a conversão de em 10% a 15%. A empresa passou a compreender melhor o que as pessoas procuram, deixando de ser apenas um amontoado de palavras-chave.
Saúde
A tecnologia do big data pode salvar vidas. A área da saúde também pode se beneficiar da coleta extensiva e variada de dados. Com isso, pode encontrar padrões invisíveis a olho nu, possibilidades de acidentes e enfermidades, etc. Veja algumas iniciativas que já são encontradas por aí:
- Gerenciamento de equipes nas instituições de saúde: é muito difícil prever a necessidade de profissionais de saúde em determinados dias e horários. Se há mais pessoal do que o necessário, há custos desnecessários. No entanto, se a gerência escolhe enviar menos enfermeiras e médicos, há risco de sobrecarga. Assim, coletando dados de frequência em cada período, é possível prever quantos pacientes serão esperados.
- Conselhos médicos: ao acessar dados de pacientes, softwares de big data podem dizer, para os profissionais de saúde, qual pode ser o diagnóstico e o que deve ser feito na situação em questão. Com isso em mãos, é possível reduzir erros e encontrar soluções mais rápidas e baratas para as enfermidades.
- Engajamento de pacientes: o público já tem interesse em aplicativos e softwares que mostram dados de saúde, como quantos passos foram dados no dia, batimentos cardíacos, nutrição, sono, etc. Essas informações podem ser coletadas para identificar riscos futuros, como doenças cardíacas. Esse engajamento de pacientes pode ser benéfico para a saúde de todos.
Muito bem. Você já percebeu que o big data pode estar em qualquer setor de nossa vida. Ou seja, as máquinas podem saber o que você consome, vê, onde vai, exercícios que pratica, o que come, etc.
Isso pode ser positivo para a sua saúde, por exemplo. Mas também pode ser utilizado para vender produtos e serviços, o que é interesse de grandes empresas. Nem todos estão de acordo com isso. Mas será que basta não concordar para se proteger? Entenda melhor essa questão.
Como fica a privacidade na era do big data
A tecnologia do big data tem potencial de descobrir coisas sobre as pessoas antes que elas mesmas saibam. Com ferramentas precisas, insights estão em todas as áreas de nossa vida, no que consumimos e doenças que podemos ter.
O problema, na realidade, não são os dados em si, mas as ideias que podemos extrair deles. Uma lista com os CPF de várias pessoas, sem ligação com outras informações, é inútil em muitos contextos. No entanto, quando cruzamos esses dados com endereço, nome, estado civil, última compra no cartão de crédito, etc, o problema é mais grave.
Mas como vimos anteriormente, um dos elementos principais do big data é a variedade. Não podemos tirar insights de apenas uma natureza de informações. Assim, podemos dizer que a primeira responsabilidade é das empresas que utilizam esses dados para crescer e ganhar mercados.
Dessa forma, organizações precisam ser transparentes com seus usuários. Não apenas com informações jogadas em termos de uso de milhares de palavras. É preciso haver uma honestidade na comunicação, a fim de evitar problemas com os consumidores, cidadãos e qualquer pessoa que utilizar o serviço ou produto.
Assim, podemos começar a construir um ambiente mais seguro e menos desconfiança com relação ao big data. De qualquer forma, existem algumas ações que você pode aplicar na sua vida para se proteger.
Como proteger seus dados
Segundo a autora do livro Big Data (disponível no 12min, caso você deseje saber mais sobre a obra), é possível tomar atitudes para se proteger e ter certa privacidade frente a tantas ações dos softwares de big data.
Você pode desejar fazer isso por vários motivos, não porque tem algo a esconder. Pode querer proteger seus dados de companhias com as quais não concorda ou não deseja ter suas informações de saúde utilizadas sem que você saiba, por exemplo.
Dentre as ideias que a autora sugere está a redução do uso de redes sociais. Ao passo que essa é uma das maiores fontes de dados que alimentam softwares de big data. É certo que governos e outras entidades têm tomado providências para impedir a divulgação e troca indevida de dados. No entanto, quando você aceita os termos de uso de uma empresa, está concordando com algum nível de divulgação de informações.
Ela ainda comenta que devemos proteger nossas senhas. Esse controle é importante tanto para se proteger de máquinas quanto de seres humanos. Utilizar softwares de gerenciamento de senhas é uma ideia.
Com certeza, veremos mais regulamentações aparecendo. Como a tecnologia é nova, leva um tempo até que as autoridades compreendam melhor o contexto e possam criar leis que protejam os cidadãos.
Se você quer saber mais sobre como proteger o seu negócio, recomendo a leitura: Dicas de segurança da informação para negócios.
Se você leu tudo isso e ficou fascinado pela área do conhecimento, já pensou em se tornar cientista de dados? O papel desse profissional é analisar e retirar insights dos dados colhidos e tem sido requisitado em todas as empresas de tecnologia.
Dessa forma, quem se torna cientista de dados possui habilidades e conhecimento em matemática, estatística, analytics e estratégia de negócio. Com esse skill set, é possível identificar novas oportunidades para empresas e instituições, tudo com base nas informações recolhidas e identificadas pelos softwares de big data. Para saber mais sobre a profissão de cientista de dados, leia: O cientista de dados deve interpretar, também, sentidos, cultura e significados.
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O cientista de dados deve interpretar, também, sentidos, cultura e significados
Íris Marinelli Pedini
Jornalista e produtora freelancer de conteúdo digital especializada em inbound marketing. Sempre em busca de coisas novas para ler e fascinada por aprender cada vez mais.