O spam é uma praga que invade a nossa vida online, na forma de propaganda aleatória e também como isca para desviar dinheiro dos mais incautos. É praticamente impossível nos livrar das mensagens indesejadas.
Houve uma época onde a carne processada era comprimida em uma lata e chamada de “Spam”, no Brasil, com o nome de “Fiambre”, carne de quinta categoria, que não chega nem a ser presunto!
Mas, hoje “Spam” é uma praga pós-Internet que não nos deixa em paz, não é verdade? O termo aparentemente vem do inglês “Sending and Posting Advertisement in Mass”, traduzindo “Enviando e Postando Publicidade em Massa”.
Eu fui um que cansei de receber correspondência convencional indesejada, como a maioria das pessoas, e ainda recebo até hoje, porém mais esporadicamente. Para me livrar delas bastava jogar fora. Em princípio, qualquer correspondência que você não pediu pode ser classificada como “indesejada”, independente do conteúdo ser algo ou não do seu interesse.
A Internet, entretanto, facilitou os “spammers”, aqueles que coletam o endereço ou o número do telefone celular do usuário em algum lugar e depois disso usam um programa robô, que vai acabar enchendo o saco dos coitados que irão receber essas mensagens indesejadas!
O programa que faz esta atrocidade é geralmente reconhecido e rotulado como “Spambot” ou ainda “Robô de Spam”.
Tudo é mais fácil com o acesso online
O acesso do Spambot via Internet tem inúmeras vantagens. Uma delas é o baixo custo, o segundo que o processo em si é automatizado. Quem envia não guarda nenhum tipo de responsabilidade com quem recebe, é tudo na base do dane-se, pouco importa a inconveniência da pessoa que é empesteada com essas mensagens.
O fundo de tudo isso é basicamente um único: uma maneira fácil de arrecadar dinheiro!
Mas, o Spambot pode mandar qualquer coisa, e assim o recipiente corre constante risco de ver o seu equipamento (computadores, celulares, etc.) invadido por todo o tipo de software malicioso!
Anos atrás, eu ainda ouvia alguém me perguntar sobre correspondência eletrônica suspeita. Quando a Internet começou a ser oferecida no meio acadêmico eu me dei ao trabalho de fazer uma pequena palestra sobre comandos de acesso e e-mail. Convidei todo o pessoal do laboratório a abrir uma conta no servidor do Hospital Universitário e começar a se corresponder da nova maneira.
Com o tempo, as correspondências que ninguém havia pedido apareceram. Quando consultado a respeito, eu chamava a atenção do meu interlocutor para a frase “clique aqui”, geralmente lá pelo fim do e-mail.
Nada mudou neste particular, o tal “clique aqui” para consertar algum tipo de conta continua aparecendo. E os e-mails são convincentes, com logotipos e tudo mais, ao ponto de até mesmo pessoas experimentadas ficarem na dúvida. Eu mesmo recebi várias vezes uma suposta mensagem do “PayPal” me dizendo que a minha conta, que era muito antiga, tinha sido bloqueada. As mensagens vinham inicialmente em inglês, mas depois em português mesmo. Ao ponto de me sentir compelido a pedir ajuda ao PayPal, que obviamente desmentiu o envio, afirmando que nunca manda e-mail daquele tipo.
Em caso de dúvida, como acima descrito, é suficiente entrar no site verdadeiro e verificar o status da conta. Quando então se descobre sem sombra de dúvida de que a mensagem recebida é falsa!
Outra coisa que o usuário pode e deve fazer é passar o ponteiro do mouse sobre a mensagem no trecho do link do “clique aqui”. Isso revelará em praticamente 100% dos casos o link verdadeiro para onde o usuário seria levado caso fizesse a imprudência de clicar nele.
As barreiras de e-mail
Filtros anti-spam são rotineiramente instalados em servidores de e-mail. Se o usuário usar um bom programa cliente (Thunderbird, da Mozilla, por exemplo) e configurar a sua conta no formato IMAP, ele verá imediatamente o diretório do servidor marcado “spam”, “bulk”, “junk” ou termo similar.
Com a ajuda do mouse, uma vez identificada a mensagem como Spam basta clicar nela e arrastá-la para aquele diretório. Não quer dizer que outras mensagens não irão mais aparecer no cliente, mas em muitos casos ela é expurgada de vez. O que o usuário está fazendo é emular o filtro de spam do servidor, ele mesmo movendo a imagem para o respectivo diretório manualmente.
Bons clientes de e-mail têm também um banco de dados próprio contendo endereços de remetentes suspeitos e marcam a mensagem como spam ou como suspeita de. Por causa disso, consegue-se a ajuda do filtro do programa cliente ao mesmo tempo que o filtro do servidor.
Mesmo assim, mensagens passam, e a gente se pergunta como essa gente conseguiu o nosso endereço de e-mail. Em alguns casos ainda é possível solicitar ao site a parada de envio (supondo ser este um site do seu conhecimento), mas a minha experiência com isso é frustrante: depois de um tempo as mesmas mensagens voltam de novo!
Spam nos comentários dos sites e o que fazer com ele
O processador de textos WordPress, endereçado para quem quer criar e/ou fazer manutenção de algum site, oferece na área de comentários uma série de opções para quem controla esta área, entre elas aprovar ou reprovar a publicação, marcação como spam ou simplesmente mandar o comentário para a lixeira.
Por precaução, nenhum comentário é imediatamente publicado. Assim, ele pode ser aprovado ou rejeitado, dependendo do conteúdo.
Os chamados “Spambots” são construídos de maneira a preencher todos os campos da área de comentários, mesmo aqueles programados para serem invisíveis. A propósito desses últimos, há quem sugira identificar um spam com base no preenchimento de campos invisíveis para o leitor.
Em outras circunstâncias, a mensagem é notoriamente identificada por quem lê. E são dezenas todo santo dia, é preciso ter paciência e disciplina para impedir este tipo de publicação. Classificar uma mensagem como spam é apenas medida de proteção. Os robôs ajudam os spammers gerando múltiplos endereços de envio, para confundir quem recebe. Daí a necessidade de verificar a área de comentários constantemente.
O dono do texto ou do site correm o risco de parecerem antipáticos pela demora na publicação do comentário, mas se isto não for feito o site vira uma bagunça incontrolável.
No corpo dessas mensagens enganosas aparecem elogios ao site ou aos autores em profusão, e eventualmente os links que o remetente deseja ver publicado. Outro dia eu fiquei surpreso de ver este tipo de estrutura vinda de alguém que não estava postando link no corpo do comentário. Mas, a repetição da mesma mensagem em páginas diferentes me fez ligar o desconfiômetro. E a pista é o endereço de e-mail do autor da mensagem, que não aparece nas áreas de comentários do site, mas que revela o site de origem de quem está mandando a mensagem. São endereços que se referem a sites específicos. Dentro do WordPress basta passar o ponteiro do mouse por cima para se ver a página de destino.
No frigir dos ovos, tudo se resume a uma tentativa de propaganda gratuita, a qual, se der certo, só beneficiará quem tentou inserir a mensagem nos comentários.
Nos tempos atuais, a quantidade de propaganda indesejada chega a ser assustadora, invadindo as redes sociais, principalmente. Até mesmo quem usa aplicativos de troca de mensagens, tipo Whatsapp, é vítima desse esquema. Por isso, é possível bloquear ou denunciar o remetente, se isso for de alguma valia.
Em épocas de Natal ou datas comemorativas o número de spam aumenta proporcionalmente. É de se esperar que todo mundo seja invadido por esta praga. O importante, entretanto, é tomar muito cuidado com links maliciosos, desses que podem de uma hora para outra causar prejuízos ao sistema operacional. Por isso, é sempre recomendável manter o sistema operacional e o software antivírus constantemente atualizados! Outrolado_
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.