Os aperfeiçoamentos na transmissão de sinal sem fio em redes locais visam aumentar o acesso de todos os equipamentos conectados à Internet, como acontece no Wi-Fi 6 e nas conexões IOT.
É sempre assim, não é não? Toda vez que uma nova tecnologia aparece na mídia, ela é anunciada como revolucionária. Isto inclui a longa lista de versões do Windows, bem como as versões de qualquer coisa.
Desta vez é o Wi-Fi 6 ou padrão “ax”, ainda relativamente recente após mais de um ano de vida no comércio. A sequência de modificações deste tipo de tecnologia, junto com as suas novas terminologias, pode ser vista contida no “white paper” publicado pela Qorvo, e que é a seguinte:
Até um certo tempo atrás, a gente ficava feliz em ter um roteador b/g/n e depois com b/g/n/ac ficou ainda melhor, mas foi preciso esperar que adaptadores Wi-Fi novos com este tipo de protocolo chegassem ao mercado e aproveitassem os novos recursos! Nada neste sentido mudou.
Seria de se esperar que, com a elevação da velocidade de sincronismo nos modems mais modernos, se faria necessário atualizar o roteador acoplado a ele também, porque de nada adianta ter mais velocidade e/ou mais banda vinda do provedor e ver o sinal “morrer” depois de passar pelo roteador.
As diferenças na largura de banda passante (“bandwidth”), frequência de transmissão e velocidade de trânsito de sinal (“throughput”) podem ser vistas na tabela a seguir.
Notem que em alguns aspectos as diferenças podem ser pequenas ou grandes; por exemplo largura de banda de 20 MHz Wi-Fi 3 (g) para 20/40 MHz em Wi-Fi 4, enquanto que para Wi-Fi 5 e 6, adaptadores podem operar com 20/40/80/160 MHz. Notem que um avanço importante foi conseguido com a frequência de transmissão em 5 GHz, já introduzida no Wi-Fi 4.
Com 5 GHz se consegue um sinal menos poluído e com maior velocidade. E roteadores mais recentes operam com duas bandas de 5 GHz cada uma, flexibilizando ainda mais as conexões de sinal com os clientes da rede sem fio.
Entretanto, para sorte nossa, este processo não é tão crítico como parece, e eu passei por uma situação que revelou isso de forma cristalina:
O meu roteador Wi-Fi 5, super moderno para a época quando foi incorporado à minha rede local, deu defeito ainda em garantia, e eu precisei solicitar a tradicional autorização RMA (“Return Merchandise Authorization”).
Para não ficar sem rede local, eu reinstalei um roteador D-Link DIR-868L, tipo b/g/n, que havia guardado para uma eventual emergência. Em um sincronismo nominal com a operadora em uma linha de fibra ótica (TIM Live) de 400 Mbps/200 Mbps, um simples teste confirma a passagem de sinal pelo roteador, cabeado ao computador:
Não há nenhum milagre nisso. O roteador simplesmente repete o sinal de sincronismo do modem. O que vem a seguir, porém, varia de velocidade de transmissão do sinal, de acordo com a capacidade do roteador de se conectar aos diversos adaptadores Wi-Fi da rede, no caso b/g/n, e o velho 868L não deu vexame.
O Wi-Fi 6
Uma série de melhoramentos técnicos foram incorporados ao padrão “IEEE 802.11ax”, como parte do Wi-Fi 6:
Um deles é a modulação de amplitude em quadratura (QAM), elevada para 1024, de modo a aperfeiçoar a alta taxa de transferência de dados. A outra é a multiplexação por divisão de frequências ortogonais de acesso múltiplo (OFDMA). A transmissão de dados é feita através de subportadoras, mas de forma ortogonal, ou seja, não interagem ou interferem entre si, o que significa sinal mais limpo.
Na prática, a grande melhoria é na distribuição do sinal Wi-Fi por equipamento conectado. Até a versão Wi-Fi 5 múltiplos adaptadores poderiam receber sinal simultaneamente, mas somente um deles de cada vez. No Wi-Fi 6 todos os adaptadores podem receber os seus respectivos dados ao mesmo tempo, aumentando significativamente o rendimento do processo de transmissão e recepção. Um vídeo instrucional e promocional da D-Link mostra isso de forma didática:
Wi-Fi 6 e IOT
A tendência, já de algum tempo, é aumentar o número de receptores de sinal Wi-Fi dentro de casa com acesso à Internet. Está se chegando ao ponto de se ter na casa ou no escritório uma série de comandos capazes de acionar equipamentos diversos.
A este conjunto de equipamentos se deu o nome genérico de IOT, sigla em inglês de “Internet of Things”, traduzida como “Internet das Coisas”. Teoricamente, a IOT irá progredir em ordem de grandeza, indo do automóvel à geladeira ou outros dispositivos domésticos, em relativo curto espaço de tempo. Não é à toa que serviços de auxílio, como Alexa ou Assistente Google, entre outros, já são previstos no design dos roteadores.
Cada fabricante de roteadores oferece modelos com maior número de antenas e flexibilização no processo de transmissão propriamente dito. Além disso, oferecem também múltipla proteção aos dados que circulam nas redes, através de sistemas incluídos dentro do equipamento. Isso pode não ser essencial, mas não deixa de ser importante, quando os dados do usuário são sensíveis, como senhas de acesso, cartões de crédito e coisas deste tipo.
Do Wi-Fi 6 em diante (Wi-Fi 6e já está previsto) todos os protocolos irão contemplar a IOT antes de qualquer outra coisa. Mas, pelo menos neste momento, nenhum usuário precisa entrar em pânico, porque equipamentos que a gente hoje poderia considerar obsoletos ainda serão de muita ajuda e valia no futuro próximo. Outrolado_
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Aperfeiçoamentos na rede local sem fio com repetidores de sinal
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.